O SALAZAR DA DEMOCRACIA

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A democracia, tal qual é e parece, acaba por ser capa para tapar muita coisa, nomeadamente a inclinação que alguns políticos têm, no exercício das suas funções, para imitar Salazar.

Já sei que me vai sobrar uma carga de críticas, mas é para o lado que vou dormir melhor, porque nunca me passeei pela política, jamais me servi dela e, também, nunca subi por ter pertencido a qualquer partido, fosse o quadrante que fosse.

O actual Primeiro-Ministro dizem as boas e as más línguas, ainda os que pertencem ao seu círculo de acção e outros que o conhecem de ginjeira, é um homem de convicções, de mando, de força, de funcionar de forma ditatorial, de não permitir que os seus próximos se estiquem, de levar preparado o que pretende para Conselho de Ministros, de não se expôr a manipulações, de ser estratega e de não se deixar vencer.

A grosso modo, e do que temos visto, Costa é um salazarzinho do tempo moderno, o da democracia. Há quem fale que, e como Presidente da AAL, já era quero, posso e mando.

É evidente que esta caracterização não é aceite por ele, pelos que gravitam em torno dele, pelos correligionários do partido da ala dele, pelos simpatizantes do seu arco político e pelos que votam nas intenções que ele define como programáticas.

Costa é um animal político e do regime presente. Costa "engenhendrou" todo o caminho que o levaria, ao colo, apesar de não ter ganho as eleições, para ser Chefe de Governo, com a benção e apadrinhamento do PCP e do BE. Artífice desta forma, pouco democrática de establecer governo, mas usando dos direitos que as leis, paridas no sistema eleitoral e na AR, lhe permitem, à boa maneira de um regime que peca por se deixar enredar em artimanhas que solidificam sempre os mesmos, aliás, como acontecia na antiga senhora, Costa está de pedra e cal. Amanha a coisa pública, como um antigo agricultor sabe arrotear a terra, não prescindindo do seu faro político, o que o leva a ser manhoso e a saber propagandear, com mestria e magia, todas as tarefas do seu elenco governativo, para continuar a vencer os seus opositores nas eleições. As tais que, e por força do sistema eleitoral, basta uma fasquia acima de 1 milhão de votantes, em Lisboa, o elegem nas urnas, para sair vitorioso, mesmo que não alcance a maioria. Depois, e tecendo técnicas políticas, faz acordos com a esquerda, acabando por se manter à tona…

Mas Costa, já está a pensar no seu futuro voo para a Europa, sucedendo a uma figura controversa do areópago de Bruxelas. Por isso, cá dentro, o Ps está agitado. Pedro Nuno Santos, Medina e a Ana C. Mendes perfilam-se para o substituir.

Costa ri-se, para dentro. Ele sabe a quem vai dar a sua benção, para lhe ocupar o cargo, pelo menos como secretário-geral do seu partido. Mas ele sabe, também, que tem de apostar numa figura “dócil”, moldada por si, que se ponha a jeito, que se deixe levar e que lhe obedeça. Isto porque, estou certo, mesmo que vá para um Alto Cargo na EU, Costa não perderá o seu perfil de salazarzinho, ou seja, o de continuar a mandar. Está talhado para prosseguir esse caminho de ditadorzinho. O caso é que o faz num tempo em que se aplica a sigla, apesar de nem sempre cumprida, de EDD/Estado Democrático e de Direito. Costa é ardiloso e dá-se bem com todos.

É que o Chefe todo-poderoso Costa continua a ditar o caminho, a manipular a governação, a nomear amigalhaços ou marionetas para que as rédeas não lhe fujam e a ser astuto, quanto baste, para com palavras soltas e meladas tenha uma parte do País, a que lhe interessa, nas mãos, assim como as principais figuras dos Órgãos de Soberania. 

António Barreiros