Editorial 29-06-2019

Só promessas

Ainda não percebi bem em que mundo vivemos; neste país, o que ainda é nosso, estão a acontecer coisas do arco-da-velha. O mais ribombante, para fugir à política, é o de um jovem futebolista, por enquanto pouco mais do que promessa, transferido para um clube espanhol por mais de cento e vinte milhões de euros – mais de cento e vinte milhões, repito – e com um salário líquido anual de mais de sete milhões – sete milhões! - de euros, uma barbaridade, pornograficamente chocante.

Sabe-se - ou pensa-se, talvez seja mais acertado - que o futebol é tido como a melhor lavandaria de dinheiros sujos provenientes, crê-se também, dos mercados da droga e negócios afins como os da corrupção. Não me admira nada que, num tempo não muito distante, a “bolha”, que já se afirma no futebol e noutros desportos, venha a rebentar e “estoire” com as economias débeis de alguns países em que o [ainda] nosso país se inclui: o governo, pois, que se “ponha a  pau” com o que se está a passar com os bancos financiadores do futebol.

Joana Marques Vidal, que palestrou em Coimbra no Instituto de Justiça e Paz, não foi de meias medidas: em Portugal há redes de corrupção ao mais alto nível. Óbvio que ela pode afirmá-lo de modo insofismável, pois na sua posição de PGR teve acesso a documentos a que nós, o comum dos mortais, não temos. E, no entanto, que faz o governo? Nada, porque o “nada” lhe permite navegar em águas mansas, sem ondas, mantendo o “status quo” dos amigalhaços. É certo que um ou outro dos corruptos é caçado; mas só o é se estiver a actuar a solo, pois nas “redes” ninguém toca.

Marcelo, na pele de presidente da república, foi ao Conselho da Europa e ouviu das boas: uma deputada espanhola disse-lhe coisas que em Portugal ninguém é capaz de lhe dizer, por razões várias, incluindo as de comprometimento: o país, ainda nosso, disse a espanhola, é um covil de corrupção incapaz de implementar medidas eficazes no combate ao flagelo e, repare-se bem, com um nível de nepotismo só concebível em certas tribos primitivas.

Sim, é este o país em que Costa e Rio, Catarina e Jerónimo, e outros pares se entretêm a dançar o “vá de roda” das fogueiras dos santos populares, batendo palmas no “vai ao centro” e no “afasta agora”; já “gangrenado”, o MP que se cuide.

Cá pelo burgo, o ora é aqui, ora é ali, da localização da maternidade só serve para Machado, submisso a Costa, continuar a adiar a construção de um edifício que já devia ter sido erguido há muito.

A maternidade, tal como o metro, o palácio da justiça o ip3, etc. têm as datas de construção marcadas nas agendas das “calendas gregas” do governo.

Depois de ter arruinado a Baixa, Machado promete “requalificar” a Alta da cidade. Alguém acredita nisso?

Por tudo isto, aquilo e aqueloutro, vá de retro satanás!

ZEQUE

 

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