Editorial 24-11-2018

A ferver

Paris está a “arder”. Os coletes amarelos representam um desafio para Macron, que, no momento, não parece disposto a mudar o ritmo de suas reformas para "transformar" a França ou a abrir mão do aumento do preço dos combustíveis, tudo isto para "manter ...

Num ápice, o quase recém-eleito presidente da república francesa passou a “mícron”: quem está de fora racha lenha, diz o povo; e esta é a prova provada de que dizer que se vai fazer ou faz é muito diferente do fiz.

França tem sido desde sempre palco de grandes revoluções sociais em escala positiva; que o seja agora, também, mas não num sentido de retrocesso. Os combustíveis já “ardem”; espera-se que não expludam.

O presidente de Angola está de visita oficial a Portugal. Calmo, senhor de si, sabe o que quer e como obtê-lo. Dou como certo que os portugueses – agora, sim – começarão a ter como pátria de trabalho a ex-província ultramarina, pese embora a nuvem que cobre a capital do país: o aparente desentendimento entre João Lourenço e a intocável família de José Eduardo dos Santos.

O Ti Celito está atento. Às “selfies”, obviamente.

Internamente, olhamos para as notícias, cada vez menos “notícias”, que ensombram e assombram as almas penadas dos “cidadanos” e “cidadonas” – como dirá a imbecilidade bloquista – sem descortinarem o que é do que não é “feiques niús”.

O caso recente do deputado – um simplório transmontano caído de paraquedas no meio mafioso lisboeta – é um bom exemplo. Independentemente das suas culpas, foi, durante mais de uma semana, e continua a ser poe arrasto, vítima de uma autêntica chacina política manobrado pelos habituais engajados pela geringonça, quando muito melhor seria debruçarem-se sobre casos que ocorreram não há muito, com comparsas ligados ao PS: o caso do colégio Educação Popular e na Junta de freguesia de Campolide, em Lisboa, presidida por um socialista, André Couto, também presidente da Fundação António Oliveira, cujos principais dirigentes, na maioria PS, estão a ser investigados pela PGR, dado que distribuíram entre eles empregos e algumas remunerações. Outro caso, o de Tomás Correia, que se fez “dono” da Associação Mutualista do Montepio Geral, e além da PGR também está a ser investigado pelo Banco de Portugal. E outros casos que nem vale a pena relembrar. Mas não, o que importa é atacar quem não se pode nem sabe defender. É!

A pobreza avança em Portugal, mas os enriquecidos ilicitamente continuam a pavonear-se por aí, sem medo de irem parar a Évora ou hotel do mesmo género: sem vergonha nem cautelas, continuam a ser os donos disto tudo.

Costa Ovo e Ti Celito parece estarem de costas voltadas, mas ninguém acredita nisso.

Coimbra continua votada ao desprezo cada vez mais descarado: o projecto do Instituto Multidisciplinar do Envelhecimento, que poderia instalar-se no antigo pediátrico, parece que já foi à vida: as invejas alfacinhas e a falta de interesse de Machado “arrumaram-no” no fundo de uma gaveta. E agora?

Mas nem tudo é mau: na margem esquerda do Mondego, ali perto do convento de S. Francisco, vão aparecer a Decathlon e um Hotel de Luxo, pelo que retiro o que disse em relação a Machado; afinal a pessoa sempre faz qualquer coisa pela cidade; ou melhor, sempre deixa fazer.

Todavia, por muito que se dane, e batalha para isso, por muitos fretes que faça a Lisboa, o autarca nunca chegará a ministro. Disse-mo uma bruxa.

Paris está a “arder”; Coimbra está “queimada”.

ZEQUE