Editorial 22/03/2024

EDITORIAL 22 03 2024

 

VOLTÁMOS À ESCOLA SECUNDÁRIA?

O resultado das eleições legislativas fechado, com os votos dos nossos compatriotas no estrangeiro, faz-me lembrar os tempos de quem viveu o secundário no final dos anos 70. Como eu vivi.

Na altura ensinavam-nos, na disciplina de História, que o período do nazismo nada tinha de semelhante com o comunismo do leste europeu, nem com o comunismo chinês. Um era mau, mas os outros dois eram bons. O nazismo matava pessoas e os dois sistemas comunistas (soviético e chinês) defendiam os trabalhadores - isto era ensinado com a convicção de haver sempre um vilão e dois fortes heróis e, parece-me, que ainda não mudaram o discurso a julgar pelo êxito da Marvel.

Este ensino enviesado criava nos adolescentes, de que eu fazia parte, 3 grupos distintos: O grupo dos que queriam ter boa nota e reproduziam tudo o que os professores desta disciplina diziam, pois não valia a pena contrariar quem distribuía as notas nas pautas;
Os que estavam “nas tintas” para a disciplina de História (como eu estava para as disciplinas de Matemática e de Física e Química que era giro para fazer jogos de “batalha naval”) para quem bastava ter o 3 (escala de 1 a 5);
E os que gostavam tanto de História, mesmo que tivessem sempre uma nota de 2 com ameaça de 1, mas que percebiam que a invasão da Alemanha nazi era igual à invasão da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas e os crimes, por serem crimes, eram iguais.

Cada um dos criminosos contra o humanismo tinha os seus argumentos para matar e calar o adversário, a diferença estava na derrota de um dos sistemas e na perpetuação do outro e talvez isso é que fazia um “mau” e o outro “bom”. Mas quando este último grupo, minoritário e com menos alunos (de que orgulhosamente fazia parte), apresentava os seus argumentos à professora era imediatamente mandado calar e considerado defensor do nazismo pela senhora professora. Na realidade o que faziamos era considerar a evidente crueldade do nazismo e do comunismo. Não tínhamos opinião a favorecer a opressão nazi nem a opressão socialista a caminho do comunismo, apenas achávamos iguais perante os nossos olhos de adolescentes.

Hoje, com o resultado destas eleições legislativas em Portugal, vejo como é parecido o ambiente das aulas de História onde aprendíamos o que tinha acontecido durante o período da História d a Revolução Russa ; passando pela II Guerra Mundial e acabando na época posterior à ultima guerra.

Volto a ver como nos querem convencer que um extremo é mau e o outro extremo é bom, quando na realidade são exatamente iguais na burrice do extremismo que apenas vê o mundo com palas nos olhos. Um tem ódios a um grupo e outro ódio tem a outro grupo. Tanto para um como para o outro lado, o ódio é atirado contra um grupo estereotipado (para uns são é o culpado é o grupo dos“capitalistas”, e para outro são os “corruptos dos que têm poder”). Mais tarde os que lutaram contra “os capitalistas” mostraram que tinham nas suas fileiras capitalistas, assim como quem diz combater contra os “corruptos com poder”acabará por provar que afinal tem mais corruptos com poder do que afirmavam.
E estamos nisto de achar que para cada vilão há sempre um herói, o que nos distrai do assunto principal: como é que os diversos partidos querem desenvolver o país em vez de procurarem alvos para ódios.

Por isso nesta edição de O Ponney resolvemos discutir quem anda «À BOLEIA DE COIMBRA». Neste artigo trazemos à arena de discussão o que se anda a passar em Coimbra e que ainda vai a tempo de se corrigir - isto se houver diálogo. Não podemos perder a esperança.

Nesta esperança de que um dia iremos ser ouvidos é que escrevemos o artigo «QUAL O PREÇO DA SUA OPINIÃO?» onde iniciamos a discussão sobre o valor da opinião verdadeira e sobre os apoios a jovens e seniores.

Como é necessário grande reflexão para que Portugal não continue a ficar desequilibrado, apresentamos o artigo com um título provocante «CULTURA OU COLTURA?». Mais importante com o apoio, ou não, de a cultura ter 1% do PIB é a distinção entre ‘Cultura’ e “Coltura”.

Uma outra discussão «COM OU SEM EDUCAÇÃO?» é o quarto artigo de destaque. Afinal os professores têm ou não razão para se manifestarem? É ou não importante a Educação que os governantes têm que ter com quem forma gente que irá trabalhar nas áreas de desenvolvimento de um país?

Por isso é necessário que os governantes possam incentivar a que mais gente possa «AGARRAR A CIÊNCIA» e assim desenvolver Portugal. Vamos lá refletir para além dos que defendem uns a cor preta e outros a cor branca. O mundo tem mais cores.

Só defendemos a cor preta da Académica-OAF, como nos faz ver o Fernando Batista, que nos traz a sua opinião sobre o último jogo da Briosa. Já nos tem chegado várias opiniões a apoiarem ou a contestarem a opinião de Batista - o que apenas prova que O Ponney fez a escolha correta em termos este espaço.

O artigo de opinião sobre os tipos de assédio e o mal que fazem às pessoas é trazido por o nosso inestimável amigo Sancho Antunes, que é um verdadeiro agente de O Ponney. Bravo Sancho!

Manuela Jones, nossa colaboradora e defensora do nosso jornal, traz-nos o segundo artigo sobre as ilhas dos Açores, visto com a grande sensibilidade e emoção de um bom coração como é a Manuela.

Terminamos, os artigos de opinião, com o artigo de Adriano Ferreira que nos traz a nostalgia dos filmes e série de ficção cientifica. Pessoalmente não estou nada de acordo com a opinião criacionista de Adriano, mas faz parte da linha do Ponney ser um espaço de liberdade.
No desporto temos a estreia da temporada desportiva 2024, Cardiga Dressage Póneis - o que é muito interessante para O Ponney. Vamos lá cavalgar; depois temos 3 artigos sobre Ginástica, trazido pelo nosso amigo e Professor, Paulo Oliveira, que nos deve dar grande orgulho - sobretudo o artigo «SECÇÃO DE GINÁSTICA DA AAC CELEBRA 60 ANOS COM FESTA» que desde já tem as nossas felicitações.

Na área das Curiosidades, temos mais um artigo sobre a capacidade de sobrevivência. Muitas das vezes sobrestimamos os nossos conhecimentos e por isso é que José Ligeiro nos faz questionar sobre os nossos conhecimentos.

Na área da Cultura trazemos notícias do pianista português Gerardo Rodrigues e terminamos com a notícia da nomeação do bispo de Évora, D. Fernando Paiva, com uma breve nota biográfica.

Assim, terminamos a nossa edição do terceiro dia de Primavera, desejando que os nossos leitores tenham um bom-fim-de-semana

José Augusto Gomes
Diretor do jornal O Ponney