SOBREVIVÊNCIA E PREPARAÇÃO

SOB

 

Agora estão lançados e começa-se a ver o esforço de todos. Mesmo assim, ainda não pode haver descanso. Ainda há alguns passos a tratar.

Arranjou umas tábuas para montar paredes e cercas e para uso de carpintaria, precisa de esquadro, fita métrica, serrotes vários, martelo, plaina, arco de pua e puas, grosas e limas varias, travador de serrote, formões, maça para percutir os formões, raspilha, pedras de afiar, enxó, serra de recorte, alicates vários, espátulas, chave de fenda e de estrela de vários tamanhos.

Não são apenas as ferramentas, mas também os materiais como pregos (pelo menos 1 kg de cada variante) para trabalhos leves e para serviços de construção. Também parafusos de fenda e de estrela, uma embalagem de cada e de vários tamanhos.

No momento, e antes que o que trouxe consigo acabe, e porque está basicamente acabado de chegar onde se poderá estabelecer, haverá duas preocupações principais: moradia e alimentação, que inclui fonte de agua.

Procure estabelecer-se não muito distante de uma fonte de água potável, mas também não o perto suficiente para que os dejetos possam contaminá-la. A preferência é estabelecer-se num lugar elevado para ter vista mais ampla, mas se não conseguir, ao menos tem casa/abrigo.

Se não houver um quarto de banho dentro de casa, terá de arranjar um local para o fazer. A preferência será a poucos metros da habitação, mas ter a noção da direção do vento para evitar transtornos aos familiares. Convém tê-la o mais longe possível de uma fonte de água, como um poço, ou até de um qualquer leito.

Nestes casos, a latrina (de fossa) seca é uma das formas mais simples e tradicionais de ter um quarto de banho. Esta consiste numa cavidade no solo, com cerca de 1 a 1,20 metros de profundidade e revestida com materiais pouco porosos ou tijolos. A fossa seca não possui qualquer conexão com uma rede de esgoto e requer manutenção regular para evitar o seu transbordamento.

Algo estranho, mas de extrema utilidade, são os sacos de rafia. Estes, depois de cheios, podem servir de pontos de defesa, fechar janelas ou outros buracos em paredes, construir vedações de abrigos temporários, se não houver uma casa no terreno, criar fundações provisórias, e também pode ser usado para armazenar e transportar grãos e sementes, cereais, fertilizantes, ração, pedras, areia, cimento, entulhos vários e outros materiais.

Agora estão quase estabelecidos, mas ainda faltam alguns pormenores. A área ideal de terreno cultivado para o consumo próprio será de cerca de 100m² com acesso fácil à água. Para começar a produzir será sempre necessário ter sementes de vários vegetais e tubérculos.

O melhor será começar a armazenar algumas sementes mais simples como ervas aromáticas, tomates, morangos, batata, couves varias, alho, feijão e grão. Até a batata doce é um bom fruto e esta tem poucos inimigos naturais.

Se a situação se complicar e vos forçar a ficar mais tempo que o esperado, algo como acima de um ano de afastamento, então estará na altura de avançar para algo que demore mais tempo a crescer como o milho e centeio, pimentas e até algumas árvores de fruto como laranjeiras, cerejeiras, oliveiras, macieiras e até cepas para uvas.

Por entre o cultivo e o tratamento das terras, faça também um cercado para as criações, pois terá necessidade de ter galinhas, coelhos, patos e talvez até cabras ou ovelhas.

Evidentemente que a obtenção do necessário para alguns itens aqui descritos dependerá do poder de compra e da logística disponível para a situação de cada um. Tem de se lembrar que muito disto pode ser vendido ou trocado por outros bens, tendo em conta a quantidade que produziu no espaço disponível. Há também que ter noção que nem todas as colheitas produzirão a mesma quantia, pois há questões climáticas, épocas do ano, insetos e pragas.

Ter alguém em volta que nos possa apoiar e podermos apoiar de forma idêntica os que nos rodeiam, pode resultar num bem comum e cada um produzir algo de essencial que outros precisem, gerando desta forma uma comunidade segura e consciente.

José Ligeiro