Amo

Vladmir-Maiakovsij.jpg
Habitualmente é assim.
Nascemos com o direito a amar,
mas empregos,
dinheiro,
e tudo o mais
engolem-nos o húmus do coração.
Coração que adorna o corpo,
que adorna — uma camisa.
Mas ainda assim é pouco.
Alguém —
estupidamente —
inventou o punho e seus botões
e sobre os peitoris espalhou a goma.
Com a idade  arrepesamo-nos.
A mulher pinta-se lambuzadamente.
Os homens exercitam-se como moinhos pelo sistema Muller.
Contudo é tarde demais.
A pele cobre-se de rugas.
O amor enfloresce,
enfloresce -
até se desfolhar.
Vladimir Maiakovski
(traduzido livremente do inglês por Pedro Vale)
— —
I love
 
Usually so.
Every man is entitled to love,
but what with jobs,
incomes,
and other such things,
the heart's core grows harder
from day to day.
The heart wears a body,
the body—a shirt.
But even that's not enough!
Someone—
the idiot!—
inflicted shirt cuffs
and poured starch on the chest.
Aging, people suddenly realize it.
Women smear on makeup.
Men swing their arms like windmills following Müller's exercise system.
But it's too late.
The skin multiplies with wrinkles.
Love will flower,
and flower –
and then wither and shrink.
Vladimir Mayakovsky