O "PRESIDENTE"

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Muito mais manholas do que foi o Salazar, nos seus melhores tempos, é este piço que agora ocupa o palácio cor de rosa de Belém. É calculista e manobrador, continuando a repetir em adulto as diabruras parvas que cometeu quando usava calções e que consistiam em tocar as campainhas das portas e fugir.

Errante e errático nas opiniões, dizendo tudo e o seu contrário se assim lhe fizer conta, especializou-se nas beijoquices peganhentas e nos discursos inconsequentes.

Em cada momento, pergunta a si mesmo: - Será que se eu disser isto ou fizer isto tenho o benefício de fazer subir o meu índice de popularidade?

Ele é, na real acepção da palavra, um "homem público", mas na exacta acepção em que pode ser entendida, na versão masculina, a "mulher pública" que designamos no género feminino.

Verdadeiramente, não preza ninguém, não é amigo de ninguém, não respeita ninguém e nem sequer tem opiniões próprias. Tudo varia dentro da sua cabeça de apito. Se começar por dizer preto, aquele preto pode ir mudando para cinzento ou branco conforme o rumo das sondagens.

O populacho mais ignaro e desqualificado gosta dele, por ser por ele beijocado e fotografado com profusão. Se lhe pudessem ouvir o discurso íntimo, de cada vez que tiram com ele fotografias deploráveis, iriam ouvir-lhe este discurso, no silêncio do eu dele  - Agora tenho de aturar esta besta. Mas rende mais um voto e é isso que importa.

Rancoroso e intrinsecamente mau, ele consegue ser o Parolo Mor deste reino de parolos.

Simulou, no primeiro mandato, que era imparcial, que seria capaz de ser o presidente de todos os portugueses, mas a sua agenda secreta nunca foi outra senão a de procurar defenestrar o Costa no segundo mandato, fizesse ele o que fizesse, governasse bem ou mal. Medularmente cínico, radicalmente despejado e sem um só valor que vá além da sua prosápia, este melro, chegada a altura, trai tudo o que declara reverenciar.

Disse ser católico e quando deu conta que o que "estava a dar" era malhar numa suposta pedofilia da Igreja, enveredou como ninguém por um criticismo anti-católico implacável. Declarou ser constitucionalista e só não dissolve agora mesmo o parlamento porque se apercebe que os da sua área não têm para Portugal uma só ideia de governo. A geometria da Verdade é para ele sempre variável. Num dia, o governo colhe um elogio, envolvido sempre por umas quantas reticências, para no dia seguinte declarar que esse mesmo governo já nasceu cansado.

Na sua docência universitária, foi o pior dos colegas. Nas salas das aulas de Direito da Universidade Católica, divertia-se a troçar dos livros escritos por um distinto Colega (já falecido), tentando induzir a mofa por parte dos alunos que lhe suportavam a vaidade e a completa ausência de limpos princípios de respeito científico mútuo.

É e sempre foi um oportunista, desde os tempos em que fez comentário político na televisão até ao momento em que, possuidor de uma diarreia mental e verbal crónica, dá entrevistas tanto no palácio presidencial, como numa viela suja ou encostado a um urinol.

É o Presidente que temos? Quero crer que é o Presidente que merecemos.

Amadeu Homem