NOVA PANGEIA

Tire-se a um Povo o sol e o ar,
o pouco dinheiro para gastar,
ocasiões semanais para jogar,
alguns subsídios para vegetar,
liberdade religiosa de salvação,
de professar a Fé da redenção,
e as estratégias para se aguentar
com vinho, pão e caldos insonsos,
rebotalhos de Poderes absconsos.
II
Tire-se-lhe a esperança de pensar
que a sua vida tende a melhorar,
os futebóis e fado para o alienar,
bué de Festivais, a curtir e fumar
e os picaretas falantes na TV-lar,
impantes, e "calinadas", de arrepiar.
III
Esse Povo, tão nu, como peixe do mar,
pode desaparecer e quem o explorar,
os donos de riqueza-porno, irão a sepultar,
que inação, peste e fome os vão matar
ou os obrigarão a ter para onde emigrar,
para o seio de outro Planeta a explorar,
na Terra, quando o último explorado se finar,
findarão, não lhes restam mais voltas a dar.
IV
Nação Imortal, foste capaz de chegar
a outras terras, em perigos, a navegar,
que visitaste, vencendo as ondas do mar,
tens de te reconciliar com a História,
de buscar novos rumos para a vitória,
acordar da presente situação ilusória;
procura reconsiderar, neste dia e hora,
de novo, sulcares o mar, sem demora.
quando se desmoronar a "atual pangeia,"
à medida que da solidariedade se alheia
te religares, por nova "pangeia", a antigos
povos, agora, livres, progressivos e amigos.
Edgard Panão
( in Campos de Arruda MinervaCoimbra )