EMPREGOS DO FUTURO
Que empregos vão ser valorizados no Futuro?
Mas para que ‘Futuro’ devemos caminhar?
No entanto o sistema de educação não nos forma para simulações de futuros.
Os alunos das escolas, desde a educação básica até ao ensino superior, não são preparados para poderem perceber as consequências de determinadas acontecimentos a ocorrer no país e no mundo.
Ou seja, não estão preparados para responder a perguntas como:
- Que aconteceria se a demografia no mundo aumentasse demasiado?
- Quais as consequências se o trabalho humano já não compensasse o pagamento de ordenado comparado com o trabalho produzido pela tecnologia?
- O que aconteceria se os países continuassem sem controlo ambiental?
Ou o que aconteceria ao mundo se fosse apanhado por uma pandemia generalizada e mortal? O mundo não estava preparado para uma pandemia.
O mundo também não estava preparado para um ataque, como aconteceu com o ataque terrorista no dia 11 de Setembro de 2001.
Porém o que parecia estar muito longe aconteceu!
É verdade que o modelo de ensino seguiu um processo que valorizou o raciocínio dedutivo, dando valor ao Quociente de Inteligência que se baseia, maioritariamente, no raciocínio lógico/dedutivo.
Este processo continuou e foi apurado ao longo do século vinte num processo de ensino inspirado no “tapete rolante industrial”. O aluno entrava no “tapete” com fronteiras iguais para todas as pessoas e era (ainda é) alfabetizado, “numeratizado” como todos os outros e seguia até às técnicas dadas pelo ensino superior, mas sem a capacidade de pensar fora das exigências de uma sociedade que combatia a carência.
O problema do mundo era a luta contra a carência e por isso a humanidade educava os seres humanos para produzirem. Numa luta constante contra a carência, que ainda temos resquícios, acabou por cumprir a sua função.
Hoje, no século vinte e um, o problema no mundo não é tanto a carência, mas a má distribuição dos bens - que é outro problema diferente e com consequências igualmente graves para o mundo - originando o problema das migrações que levantam problemas sociais. Outra das consequências da produção, sem qualquer controle ambiental, trouxe os problemas ecológicos que hoje vivemos. Tudo isto são as consequências não previstas da luta contra a carência.
A carência mundial levava a invasões de territórios de países - e por isso a urgência para que os países com mais poder militar não tivessem carências. Vimos os resultados da Primeira e Segunda Guerra Mundial e ainda estamos a ver alguns casos isolados no mundo por invasões. Continuamos a assistir a uma guerra da invasão da Rússia à Ucrânia por falta de condições para maior produção e maior escoamento via marítima (para além de outras razões).
Estas guerras já não têm uma razão pela sua sobrevivência, mas são soluços de um mundo com grandes carências. A luta pelo poder de vender continua, mas sem que os decisores de cada país, em conflito, se lembrem que as alternativas já não justificam a perda de vidas - a não ser para quem vende armamento.
Apesar de o mundo ter outras necessidades, que não o simples combate à carência, o ensino continua sem ter mudado. Os alunos continuam a ser formados (ou formatados) nas ciências da produção. E tal como uma máquina descontrolada que continua a produzir produtos desnecessários, tal é o nosso ensino onde a formação já não se enquadra com a necessidade do mundo.
O World Economic Forum’s no seu relatório bianual Future of Jobs Report de 2023 revela que «(...) pouco menos de metade dos trabalhadores (42% e 45%, segundo CultureAmp e Adecco respetivamente) pensam mudar de empresa.» demonstrando que não estão satisfeitos com o trabalho desempenhado. A insatisfação das pessoas pelo trabalho que fazem ou por falta de remuneração que acompanhe a inflação. Este estudo a nível mundial prova que quase metade das pessoas ativas no mundo estão altamente insatisfeitas.
Há claramente uma insatisfação por parte do trabalhador, mas também há uma insatisfação por quem é gestor de empresa, pois o mercado exige cada vez mais qualidade de produto, que cumpra a ética ambiental e laboral, que seja diferente do habitual e que tenha preço baixo. Esta é uma equação cada vez mais complicada de resolver.
Não havendo a educação para ensinar a simular futuros, onde seriam ensinados aos alunos a procura pela raiz do grande problema com questões que os alunos poderiam fazer em conjunto com o professor na procura de respostas em livros, Internet ou outros meios - numa primeira fase. Numa segunda fase a divisão do grande problema em pequenas questões onde fosse fácil a sua resolução - todo este processo em absoluta liberdade de questionar, sair dos “tapetes de produção” - pois a genialidade está em ligar o que à partida não tem ligação. Até que numa fase final se juntasse todas as respostas para se entender a solução para o problema maior.
Não havendo esta prática de ensino, onde a lógico/dedutiva abraça a inteligência emotiva, os decisores políticos desejam que haja uma rápida resposta para que se faça uma lista de trabalhos de futuro. E aparecem as listas das profissões de futuro como: especialistas em dados informáticos; técnicos de cibersegurança e especialistas em segurança de dados; especialistas em aprendizagem da máquina; inteligência artificial e automação operacionais de vendas on line; especialistas em marketing digital e criadores de conteúdo.
Apesar de não se saber para que futuro se deseja caminhar - as listas das “profissões do futuro” (?) aparecem baseados no que se acredita que funciona hoje, sem considerarem que os mercados exigem o que, na maior parte das vezes, entra em conflito com o que exige cada uma das pessoas ativas. Este conflito agrava-se com as novas tecnologias que ameaçam ser a alternativa ao trabalho humano.
Perante um cenário onde o trabalho serve apenas para sobrevivência, onde cada vez o salário está cada vez mais a perder o poder de compra. Estando a sobrevivência em causa; o aumento de insegurança sobre os rendimento pelo trabalho; a falta de segurança dos países (que ou são invadidos por pandemias, por ataques terroristas ou inflações com origens estrangeiras); com as pensões de reformas cada vez mais se assemelha a uma miragem no deserto - cada uma das pessoas ativas questiona se vale a pena continuar a fazer algo de que não gosta de fazer. Valerá a pena a troca da liberdade por tão pouco?
Com o aumento de insegurança resta questionar se vale a pena continuarmos a trabalhar em algo que nada nos diz. A pandemia provocada pelo covid-19 e na sequência da crise económica anterior foi o abalo que nos faz questionar se vale a pena o esforço exclusivamente para sobreviver.
Os empregos de futuro devem ser procurados na construção da nossa genialidade. Na genialidade de se saber ligar o que aparentemente nada tem de comum. A genialidade para se voltar a usar a fantasia, imaginação, invenção e criatividade. A genialidade de voltarmos a não ser especialistas, mas tendo a capacidade de experimentar várias profissões para uma maior aprendizagem para a genialidade.
Ser transversal, ligar o que não se liga, ser ético, aproximar-mo-nos mais das pessoas que pensam de forma oposta, não ter medo de experimentar fazer algo muito diferente e saber exigir isto aos decisores políticos. Esta vai ser o grande emprego de futuro onde capacita cada pessoa para mudar o rumo de presente para futuro.
JAG