DIA DE CAMÕES E DAS COMUNIDADES EM COMPARAÇÃO COM O ANO ANTERIOR
As notícias acabam sempre por ser efémeras. Para contrariar esta morte rápida O Ponney recorda o que aconteceu nas comemorações, do Dia de Camões e das Comunidades, no ano passado de 2024 e compara com as comemorações deste ano. Verificando que é perigoso dar a voz ao interior.
O ex-bombeiro voluntário de Castanheira de Pera, Rui Rosinha, tinha sido convidado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, para discursar nas celebrações do Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas em 2024. Que tinha sido celebrado em Pedrogão Grande.
Mas como o ex-bombeiro voluntário de Castanheira de Pera, colocou o dedo na ferida e denunciou «as medidas no papel» que foram prometidas depois dos incêndios florestais e nunca foram concretizadas no interior. As comemorações passaram para Lagos.
Na passada terça-feira o palco das comemorações do Dia de Camões, de Portugal e das Comunidades Portuguesas. No derradeiro discurso do 10 de Junho enquanto presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa quis sublinhar a diversidade enquanto virtude do país, ao enfatizar que «não há quem possa dizer quem é mais puro e português do que qualquer outro».
Muito longe ficaram as palavras do ex-bombeiro voluntário que lembrava que «o caminho tem sido muito difícil, porque foi prometido muito e chegou muito pouco ao território». Lembrando que as regiões afetadas pelo incêndio, que vai fazer oito anos na próxima terça-feira dia 17 de Junho, afetando Pedrogão Grande, Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos continuam abandonadas e sem apoio às vítimas daquela região.
Rui Rosinha denunciou, no seu discurso, que «a tragédia expôs as vulnerabilidades da região pelos imensos problemas estruturantes» contando casos concretos que ainda continuam por resolver. Disse no seu discurso que deveria envergonhar os políticos que tiveram poder para tomar medidas, mas não o fizeram. Incluindo o próprio Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Isto antes de rebentar o caso das gémeas onde foi dado privilégio aos conhecimentos da família do Presidente da República.
Lembrava o ex-bombeiro que «se necessitar de ir com o meu filho ao médico à noite, não tenho resposta neste Concelho nem nos outros que nos rodeiam» continuando a enumerar as várias falhas estruturais: «O IC8 continua uma via perigosa com muitos acidentes mortais. As comunicações são muitos más havendo muitas “zonas sombra” (sem possibilidade de rede) e que foi um dos graves problemas na tragédia dos incêndios, mas que continua sem resolução deste grave problema».
Já nas comemorações deste ano de 2025 Marcelo Rebelo de Sousa disse que é intolerável o número de pobres Portugal e que persistem regime após regime. No último discurso do 10 de Junho enquanto presidente da República, pediu que se cuide mais dos portugueses, mas provavelmente não se referia aos portugueses do interior.
O ainda chefe de Estado, no discurso das comemorações do dia 10 de Junho, rejeitou a ideia de que haja portugueses puros e lembrou que todos são uma mistura dos que vieram de fora. No entanto a perceção de quem vive no interior em relação a quem vive nas duas grandes metrópoles é que há mesmo distinção entre portugueses.
Talvez as comemorações do dia 10 de Junho de 2026 possam ser feitas em Olivença. O Ponney lembra que em 1801, através do Tratado de Badajoz, denunciado em 1808 por Portugal, o território foi anexado por Espanha. Em 1817, Espanha reconheceu a soberania portuguesa subscrevendo o Congresso de Viena de 1815, comprometendo-se à retrocessão do território o mais prontamente possível. Porém, até aos dias de hoje, tal ainda não aconteceu. No seguimento do discurso, deste ano de 2025, de não poder haver distinção dos portugueses, a probabilidade é que o Dia de Camões e das Comunidades Portuguesas possa ser feito em Olivença.
AG
13-06-2025