CGD CONTRA QUEM A ALIMENTA
A Caixa Geral de Depósitos (CGD) despede funcionários, fecha balcões, paga fortunas a ex-gestores e agora anda a fazer concorrência ao comércio a retalho tudo com despesas cobertas pelos dinheiros públicos.
É sabido que a CGD é um banco integralmente público. Por palavras mais claras: quando a gestão da CGD toma opções erradas, por razões de contexto nacional ou internacional, o erário público paga as despesas para manter a CGD como instituição pública que nada tem de serviço público.
Um exemplo de gestão irresponsável é dada por Pedro Nuno Santos, quando se referiu a uma situação que aconteceu em 2017 de acordo com o relatório e contas da CGD : «Foram registadas indemnizações por cessação antecipada de mandato, devido ao facto de a destituição dos administradores não se fundar em justa causa, nos montantes de 746.416,83 euros, referente a Tiago Ravara Belo Oliveira Marques e de 950.833,27 euros referente a Pedro Humberto Monteiro Durão Leitão". Paulo Macedo sucedeu a António Domingues na CGD, e não quis manter estes dois administradores na sua equipa.
No dia 10 de Março do mesmo ano de 2017 em que na Caixa foram pagos valores de indemnização a dois administradores superiores ao que foi pago em Fevereiro de 2022 a Alexandra Reis (que entretanto já devolveu a parte considerada ilegal pela Inspecção-Geral de Finanças - IGF) foi publicada esta informação no portal do Governo de Portugal:
«A primeira parte do aumento de capital foi concretizada em Janeiro deste ano com a transferência das ações da ParCaixa para a CGD no valor de 500 milhões de euros e de instrumentos de capital contingentes (CoCo) subscritos pelo Estado, incluindo juros corridos e não pagos, no valor de 945 milhões de euros.
A próxima fase deste processo será o aumento de capital, em dinheiro, por parte do Estado Português, no montante de 2500 milhões de euros, inferior em 200 milhões de euros ao inicialmente estimado, pois os resultados da CGD apresentados hoje são superiores aos previstos.»
Estava previsto mais dinheiro público a entregar à CGD mas “pouparam” 200 milhões e só entregaram 2,5 Biliões de euros!
Fora as indemnizações milionárias (injustas segundo a IGF), entregues pelo banco público e fora os 5050 Milhões de euros entregues pelo Governo a 31 de Dezembro de 2010.
Ora tudo isto investido na CGD, considerada Banco público, mas que de serviço público nada tem pois em 2017 tinha 587 agências, mas nesse mesmo ano fechou 67 balcões. No final de 2018 ficou apenas com cerca de 515 e já no ano de 2021 tinha apenas 352 agências estando ameaçados outros balcões pelo interior de todo o Portugal.
Mas a falta de ética não termina aqui. Quando o portal do governo iniciou esta informação escrevendo: «A Comissão Europeia, através da Direção-Geral da Concorrência, publicou a sua decisão quanto à estratégia de recapitalização da Caixa Geral de Depósitos, considerando que a mesma será feita em condições de mercado, isto é, não constituindo um novo auxílio de Estado, refere o Gabinete do Ministro das Finanças em nota.
O Primeiro-Ministro António Costa tinha anunciado, no final do Conselho Europeu, a decisão da Comissão.
A recapitalização da CGD assenta num plano de negócio que garante a sua competitividade através de uma reorganização do banco com o objetivo de recuperar a rentabilidade.»
Sublinhamos que a “Comissão Europeia, através da Direção-Geral da Concorrência” aprovou o apoio à CGD para que possa ser mais forte no mercado em relação a quem não tem capital do Estado por trás. Ou seja: o Estado apoia a CGD para fazer concorrência a outros bancos que não têm o dinheiro público atrás e ainda coloca uma “cereja no topo do bolo” quando o próprio site da Caixa Geral de Depósitos tem uma secção do menu que diz “Loja Caixa” onde o banco (que vende dinheiro a empreendedores) faz concorrência a parte desses empreendedores quando vende produtos nas áreas de: Ouro/numismática; relojoaria e joias; Tecnologia e mobile; Gaming; Casa; Vinhos e Sabores; e Arte.
Estamos a assistir a um esquema bastante duvidoso onde o Estado Português, pela Caixa, apenas com capital público, a fazer concorrência a empresas privadas sobrecarregadas de impostos!
Mesmo que o Estado faça todas as leis para branquear este “esquema bastante duvidoso” é eticamente incorreto sacar impostos e ainda ser concorrente em pelo menos 8 mercados onde trabalham muitas empresas portuguesas.
AF