“Ode à vida”…

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Acompanhei desde manhã o dia da vitória. Queria ouvir o discurso do déspota. Tive sempre a sensação de que não iria dizer nada de especial, além do que é típico neste tipo de pessoas. Foi o que aconteceu. Não suporto ditadores, sejam eles nazistas, fascistas ou comunistas. Mas reconheço a luta, o sofrimento e a tragédia que atingiu os então cidadãos soviéticos. Foram bravos e são dignos do máximo respeito. Ainda hoje há quem se lembre deles. E fazem bem. Preocupa-me a falta de respeito pelos princípios da liberdade e da dignidade humana que norteiam muitos governantes. Quem lutou, sofreu e morreu não foi para defender ideologias da morte, da fome ou do terror, mas sim a liberdade face aos opressores. Nesse sentido tenho que dobrar a minha coluna cervical. No entanto, sinto e vejo um poder doentio, patológico, que goza e abusa das notáveis e admiráveis qualidades humanas, como o respeito pela pátria e identidade nacional. O mal nunca está no povo, mas sim na desonestidade e cobardia de quem governa. E o que é que eu vejo? Cada vez mais bestas e mais cobardes.

As mães que choram a morte dos seus filhos são as melhores testemunhas da iniquidade política e ideológica, que provocam sofrimento e não respeitam a essência da dignidade humana. Sim! Não há diferença nenhuma nas lágrimas de uma russa, de uma ucraniana, de uma alemã ou de uma portuguesa quando vê o corpo gerado por si sem vida…

Salvador Massano Cardoso