"JUNTOS CONSTRUÍMOS COIMBRA"
Versatilizado no 'Conselho Estratégico Municipal para o Desenvolvimento de Coimbra'
1a. Parte (de um conjunto de cinco partes)
O Coimbra Invest Summit (Coimbra IS), na sua terceira edição, arrancara com a segunda reunião CEMDC deste ano, de 2025, no passado dia 2 de julho, na Unidade de Secagem e Armazenamento de Milho da COOPERATIVA AGRÍCOLA DE COIMBRA - Hortobeira, situada nos campos do Baixo Mondego (junto à autoestrada, perto de Taveiro), onde marcaram presença cerca de 25 conselheiros municipais, incluindo eu; assim como, stakeholders estratégicos.
A Agricultura, uma atividade tão nobre, esteve no centro desta segunda reunião, presidida pelo atual Presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Doutor José Manuel Silva. Ditara-se uma constatação económica, que levara o atual Executivo camarário, no início das suas funções, a criar um 'pelouro' para a Agricultura. "Temos uma riqueza absolutamente excecional no Baixo Mondego: os campos agrícolas, que alguns classificam com sendo 'ouro verde' e que é um património que deve ser acarinhado, apoiado e desenvolvido, nomeadamente no que os nossos agricultores mais se têm queixado, a acessibilidade aos campos. No próximo mandato, queremos ter uma intervenção diferente, mais forte, enquanto Câmara Municipal de Coimbra, nas questões agrícolas e com as associações agrícolas do nosso concelho." Reforçara o nosso presidente de câmara.
Nesta reunião aprovara-se a Agenda desta e a Ata da anterior reunião ordinária, que decorrera a 3 de abril e, de seguida, dera-se início à Ordem de Trabalhos do Dia, com as apresentações das entidades integrantes do tecido empresarial de Coimbra convidadas para a reunião: Cooperativa Agrícola de Coimbra, Escola Superior Agrária de Coimbra, Coimbra Mais Futuro, Polo de Inovação de Coimbra da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Centro (CCDRC), e de três produtores locais: Quinta de Cioga, GF Morangos e Quinta do Celão.
A Cooperativa Agrícola de Coimbra, que acolhera esta reunião nas suas instalações da 'Hortobeira', fora a primeira entidade a intervir, pela voz da Engenheira Elisabete Silvestre, pertencente à Direção desta Cooperativa e como Conselheira deste Conselho CEMDC. Esta Unidade de Secagem e Armazenamento de Milho, detém a maior capacidade de armazenamento do Vale do Mondego, que recebe as colheitas de agricultores em mais de 12.300 hectares e vales periféricos. Nesta unidade, a CAC possui três secadores de 'secagem continua', com capacidade para secar 900 toneladas de milho por dia, e dois silos, com uma capacidade de armazenagem de sete mil toneladas cada, que servem os agricultores do Baixo Mondego na área circundante. É, garantidamente, das dez maiores unidades deste género no nosso país em termos de rendimento produtivo.
No entanto, as preocupações mais imediatas dos agricultores prendem-se, neste momento, com os efeitos das alterações climáticas. "Estamos um mês atrasados na cultura do milho", explicara a Eng. Elisabete Silvestre e continuaria: "O milho está a sofrer sede porque o nosso sistema de rega está feito para regar milho joelheiro (altura do joelho), mas o milho está pequeno, e as ondas de calor estão a fazer com que o milho fique seco... o que irá afetar a produção em outubro/novembro (deste ano), quando fizermos a colheita."
Outro problema, com que a Agricultura se debate, na região Centro como em todo o país, é a falta de atratividade da área para os jovens, que se reflete no ensino para a área agrícola. A atratividade é 'muito pouca', assumira o presidente da Escola Superior Agrária de Coimbra (ESAC), do Instituto Politécnico de Coimbra (IPC), Professor Rui Amaro, na sua apresentação "Atratividade de Jovens ao Ensino Agrícola e sua Importância na Região": "Todas as semanas somos contatados por empresas que procuram alunos para trabalhar na área florestal, e não temos. Há de facto uma recusa manifesta nesta área, em Coimbra como no resto do país, apesar da oferta da Escola." A 'ESAC' oferece, na área agrícola, cinco cursos CTeSP, quatro licenciaturas, seis mestrados e um programa doutoral em Sustentabilidade Agroalimentar e Ambiental, iniciado este ano e a funcionar em pleno, com 25 alunos, numa proposta conjunta que integra as Escolas Superiores Agrárias de Coimbra, Viseu, Castelo Branco e Santarém.
Seguira-se a apresentação 'A Realidade dos Apoios Agrícolas na Região', pela coordenadora da associação "Coimbra Mais Futuro - Associação de Desenvolvimento Local", Sofia Reis Santos, e por uma técnica desta associação, Ana Fernandes. A referida associação surge em 2014 no nosso concelho, 'quando se evidenciou a necessidade e a lacuna dos apoios no concelho', e desde essa altura que tem apoiado a implementação do programa 'LEADER' (Desenvolvimento Rural da União Europeia), também no âmbito do PEPACC. Esta associação tem desde então trabalhado com os agricultores da nossa região e com os agentes presentes no território rural, delineando estratégias para o efeito. Uma nova estratégia, já a partir deste mês irá ser implementada, abarcando uma intervenção direcionada às aldeias e comunidades locais, com o objetivo último de valorização de recursos naturais, culturais, integração social e experiências piloto 'aldeias inteligentes'. A 'Coimbra Mais Futuro' dá, neste preciso momento, apoio à execução de projetos em 17 freguesias do nosso concelho e criou uma rede de colaboração de 38 parceiros.
A quarta apresentação coube a Rosa Guilherme, pelo Polo de Inovação de Coimbra da CCDRC. Entre outras funções, esta é uma entidade que acolhe e promove a atividade de duas unidades de experimentação, com dois hectares e meio de hortícolas ao ar livre: a Unidade Experimental do Loreto e a Unidade Experimental de Bico da Barca. A apresentação mostrou algum do trabalho desenvolvido por estas unidades e pelo Polo de Inovação de Coimbra, com foco no apoio aos agricultores para a valorização do seu produto e no apoio a questões de caráter mais empresarial e, por sua vez, na agricultura familiar e aos pequenos agricultores, como também, no apoio a gestão de pragas hortícolas.
Por fim, esta reunião terminara, com a apresentação de três pequenas empresas agrícolas do nosso concelho. Tendo sido a primeira apresentada por Maria Pimenta, filha do casal de agricultores que criaram uma exploração agropecuária familiar 'Quinta de Cioga'. Esta exploração, além de contar com os membros da família, desenvolveu-se e já inclui dois colaboradores externos. Os investimentos mais recentes desta família em inovação: tratores com sistema GPS, contribuem para um trabalho mais inovador em torno dos 60 hectares agrícolas para fenosilagem = alimentação de vacas, e 25 hectares de milho para silagem da família, sendo esta uma das entidades depositantes na Unidade de Secagem e Armazenamento da Cooperativa Agrícola de Coimbra. Já a segunda apresentação teve ao cuidado de Gonçalo Ferreira, gerente da empresa 'GF Morangos', de Zouparria do Campo, que produz cerca de 80 toneladas de Morangos por ano. A terceira e última apresentação teve a chancela de João Paulo Cardoso, sócio-gerente da 'Quinta do Celão', uma organização de produtores sediada no Vale do Mondego e especializada na produção de hortícolas ao ar livre, em Coimbra.
Em jeito de terminação, o nosso presidente de câmara convidara um aluno proveniente de São Paulo (cidade também geminada com Coimbra), região 'estado' de forte atividade agrícola, embora contrastando, seja a capital industrial do Brasil; esse aluno encontra-se em formação na 'ESAC' e veio aqui dar o seu testemunho/contributo. De idêntica forma, também tomaram a palavra vários conselheiros/membros deste CEMDC, como por exemplo: João Cunha Ferreira da AICEP; Sara Proença do INOPOL/IPC que, com o fim do seu mandato lembrara ser esta a sua última participação neste Conselho; Miguel Silvestre da PLURAL também intervira, como tão bem Ricardo Lopes, presidente do Conselho de Administração do 'Coimbra iParque' (entre outros mais); da minha parte, intervi no sentido de felicitar o Diretor de Departamento de Desenvolvimento Económico da CMC, Engenheiro António Carlos Albuquerque, pela sua intervenção, também, acerca dos 63 hectares de terreno na localidade de Souselas, para a instalação de novas empresas industriais, e neste sentido pedira-lhe uma justificação complementar 'se na realidade este propósito iria de encontro com o que tinha sido anteriormente aprovado por este Executivo camarário em reunião de câmara, para a criação de um novo parque industrial na União de Freguesias de Souselas e Botão, onde o questionado diretor reforçara com um 'Sim'!
O Vereador Dr. Miguel Fonseca encerrara esta reunião, anunciando que a 11a. Reunião do CEMDC se realizará, precisamente, ao dia de hoje, 12 de setembro (data desta publicação) nas instalações da "Lufapo Hub", no Loreto - Pedrulha.
Esta publicação é em especial dedicada ao meu pai Adriano dos Santos Ferreira, ex-funcionário administrativo da Escola Superior Agrária de Coimbra, onde tão bem explorara, por tempos dispersos, o pavilhão gimnodesportivo e o Bar (décadas setenta, oitenta e noventa).
Dr. Adriano J. M. Ferreira - Conselheiro Estratégico Municipal para o Desenvolvimento de Coimbra