HÁ FÉRIAS “FÊMEAS” E FÉRIAS “MACHO”
Todos nós chegamos a uma altura do ano, que contamos quantos dias faltam para as férias.
Para mim, nunca é fácil marcar férias. É de Lei e muito bem, para a nossa saúde física e mental, tirar duas semanas seguidas. Mas essas duas semanas correm num abrir e fechar de olhos e confesso que já houve muitos anos que não tirei as duas semanas seguidas.
Para muitos e principalmente para quem trabalha no Privado, ao longo do ano, se ficamos doentes, das duas uma: Ou descontamos em férias ou no vencimento.
Com os parcos vencimentos que temos em Portugal, a maioria prefere que os dias de doença sejam considerados férias.
Quem diz em caso de doença, diz tratar de um assunto importante, fazer exames médicos, dar apoio a um filho, pois para quem trabalha 8 horas por dias, não tem alternativa, senão tirar o dia ou algumas horas.
Se fizermos contas verificamos que o ano de 2024 tem 366 dias. Dias úteis são 254 ficando 112 dias de fins de semana e feriados menos de metade dos dias de trabalho.
Se virmos bem, a nossa vida é, mais de metade, feita de trabalho! Para muitos, o resultado de seu trabalho apenas dá para sobreviver. Pouco tempo nos resta para saborear a vida. É triste, mas é uma realidade inquestionável.
Quando chega o momento de marcar férias, dou conta que já não tenho os 22 dias de lei. Já “gozei” alguns. Irónico, porque esses dias de férias não têm nada. Quem gosta de ficar doente? Quem gosta de ir tratar de assuntos, onde se perde imenso tempo em Repartições Públicas e ter que aturar, burocracia atrás de burocracia? Quem gosta de ter que ir fazer exames médicos?
Graças a Deus, tenho tido sempre muita saúde e fujo de médicos. Se passar na rua pela minha médica de família, não a reconheço. Devo ser a melhor doente que tem, pois não lhe dou trabalho.
Porém, infelizmente para mim e para a médica, este ano tive alguns problemas de saúde, tive que fazer uma bateria de exames, estive de baixa uma semana, que me custou caro e ao marcar as férias vejo, que tenho que sacrificar as de verão, pois tenho que deixar sempre alguns dias para o Natal! Para mim, é sagrado!
O médico a dizer: “tem que fazer repouso e vou-lhe passar uma baixa de 5 dias”- digo sempre que não quero, mas este ano tive mesmo que aceitar, pois sentia mesmo que precisava desses dias de repouso. 3 dos cinco dias, descontados no meu vencimento e os restantes dois pagos pela SS. Mesmo assim, com exames e consultas gastei dias de férias.
No entanto, vejo pessoas que trabalham para o Público, constantemente com baixa, põe artigos atrás de artigos e ainda ficam com os 22 dias de férias para gozar. Às vezes brinco e digo: “ as tuas férias são fêmeas”.
Para reflexão… Boas férias!
Rosário Portugal