GREVES E SINDICATOS
Depois de ter sido notícia a desconvocação da reunião dos motoristas dos SMTUC, sindicato e autarquia com o Governo, foram apontadas duas razões:
- O atual Governo está em gestão. Correto, não pode neste momento deliberar determinadas situações. Há que aguardar que o Presidente da República dê posse ao novo Governo de Montenegro.
- E a justificação do Presidente da Câmara de Coimbra, José Manuel Silva, que afirmou que a reunião, marcada para a passada terça-feira não se fez por causa da greve. Esquece-se o Edil desta cidade, que vivemos num país democrático e a greve é um direito dos trabalhadores.
Mas a notícia que correu na quarta-feira ainda veio agravar mais as atitudes de José Manuel Silva. A ser verdade, reuniu sozinho com representantes do Governo, ignorando trabalhadores e sindicato, o que leva a uma total falta de respeito para com os cidadãos que são as grandes vítimas de uma semana sem transportes públicos.
As atitudes ficam com quem as pratica.
A vida ensina-nos muito. Mudar de opinião considero um sinal de inteligência, pois é bem preferível mudar de opinião, do que colocar palas nos olhos.
Sempre fui muito cética em relação aos sindicatos. Talvez por ser uma mulher de direita e os sindicatos estarem muito ligados às ideologias do Partido Comunista. Mas será que estava certa?
Nos últimos anos temos assistido muitas vezes às queixas de trabalhadores, por falta de condições de trabalho, maus salários, subidas de carreira adiadas e muitos outros assuntos. O trabalho que executo há 14 anos fez-me parar e mudar de opinião. Não, não deixei para trás as ideologias da direita (nada de extremismos), mas reconheço a importância dos sindicatos na defesa dos trabalhadores.
Já vi casos de vários trabalhadores serem alvo de uma determinada injustiça, e os que são sindicalizados não estão sozinhos, são defendidos a custo zero. Mas os não sindicalizados, veem-se sozinhos e se querem lutar por justiça, a maior parte não o consegue, dado os custos avultados para a resolução do problema.
Os sindicalizados pagam uma quota entre 1,5% a 2% do seu salário, e em horas de aflição têm apoio social, jurídico, que o sindicato lhes proporciona a custo zero.
Já assisti a grandes casos que envolvem muitos sócios e muito dinheiro, e conseguirem ser ressarcidos, indemnizados e justiçados.
Por outro lado, os sindicatos mantêm os seus sócios sempre informados. Se não fossem eles, a maioria vivia na santa inocência.
Assim, tenho que dar a mão à palmatória. Os sindicatos são necessários? Cada vez mais, tendo em conta que vivemos numa sociedade fechada em si própria, egocêntrica e desumana.
Muitas vezes sentimos que o seu trabalho é inglório. Casos que se arrastam anos e anos. Mas assisto vezes sem conta como é valioso o seu trabalho para milhares de sindicalizados.
Vale a pena pensar nisto! As horas exaustivas de trabalho, os impostos que pagamos por receber um vencimento em troca de trabalho, tantas vezes ignorado, mal-agradecido... e atenção ao grave problema de assédio laboral.
Rosário Portugal