FÉ E DETERMINAÇÃO

MANUELA38

 

Esta semana estava previsto abordar um tema de alguma forma controverso para este período da Páscoa. Achei no entanto, que o tema em questão não seria o que mais se enquadrava neste período da Páscoa.
Decidi então contar- vos uma pequena história.

Numa pequena aldeia, havia uma menina chamada Sofia.Nascida numa família humilde, onde a fé em Cristo era a luz que iluminava seus dias sombrios, ela acreditava em Cristo salvador. À medida que a Páscoa se aproximava, o seu coração enchia-se de esperança e devoção.

Desde tenra idade, Sofia frequentava a igreja e a catequese aos domingos, absorvendo cada palavra do pároco como se fosse um tesouro divino. Quando completou sete anos, o seu desejo mais profundo era fazer a primeira comunhão, pois acreditava que somente assim estaria verdadeiramente unida com Cristo.

O pároco da freguesia, um homem sábio e respeitado, costumava proferir nas suas homilias que somente após a comunhão plena, estaríamos em comunhão total com Cristo. Essas palavras ecoavam na mente ansiosa de Sofia, alimentando ainda mais sua fé.

Um dia, em lágrimas, Sofia abordou o padre da aldeia com uma pergunta que pesava no seu coração infantil:
- Senhor padre porque é que me impede de fazer a minha comunhão?
O padre, com bondade e paciência, explicou-lhe que enquanto tivesse dentes de leite a cair, não poderia realizar esse sacramento sagrado.
Era precisamente nesta altura, no período da Páscoa que ocorriam a festa das primeiras comunhões das crianças.

A menina, com sua fé inabalável, não se deixou abater. Alguns dias depois, teve uma ideia que mudaria sua vida para sempre. Determinada a estar totalmente unida em Cristo, decidiu agir. Encontrou um alicate na adega dos avós e, sem hesitação, começou a arrancar os dentes de leite que ainda lhe restavam e ainda abanavam.

O sangue escorria da sua boca, e a dor era excruciante, mas Sofia persistia, guiada pela sua devoção e determinação. Com a boca ensanguentada e o rosto inchado pelo sofrimento, dirigiu-se à mãe e pediu para ser levada ao padre, pois seus dentes já não a impediam de comungar.

- Mãe, leva-me ao senhor padre para que eu possa comungar do corpo de Cristo. Os dentes que abanavam, já os tirei. O senhor prior agora não me vai impedir. Disse Sofia, com a voz trémula e os olhos cheios de esperança .

Chegando à igreja, diante do padre, Sofia, com a boca cheia de sangue e a alma repleta de fé, implorou:

- Senhor padre, já não tenho os dentes. Dê-me o corpo de Cristo e faça-me comungar.

O padre, lembrando-se das palavras que havia dito àquela criança determinada, com tamanha fé, não pode negar-lhe a graça que tanto sonhava. No meio do sangue e da dor, Sofia comungou o corpo de Cristo naquele domingo de Páscoa, e sua pequena e frágil figura irradiava uma luz que não vinha deste mundo.

Sofia, com sua fé inabalável e sua determinação, ensinou uma grande lição de vida. Ela provou que quando acreditamos em algo com todo o nosso ser, somos capazes de superar qualquer dor ou obstáculo que a vida nos coloque à frente, mesmo que para isso haja dor e sacrifício.

Que neste tempo de Páscoa, a união, a fé e a determinação de Sofia, vos inspirem todos a enfrentarem as vossas próprias batalhas com coragem, fé, esperança. Que todos os sacrifícios sejam reconhecidos e que a luz brilhe sobre cada um de vós, independentemente de vossa crenças.
Feliz Páscoa para todos.

Manuela Jones