COISAS FORA DE MODA

MANUELA JONES15

 

Hoje decidi falar sobre os antigos e já fora de moda álbuns de fotos.
Por vezes sinto a necessidade de os abrir, limpar e revisitar.

São as recordações e emoções que nos fazem falta. Eles transportam-nos para momentos passados, trazendo à tona memórias especiais, pessoas queridas e lugares visitados.

Explorando as páginas amareladas e empoeiradas, podemos reviver momentos de felicidade, nostalgia e saudade. Cada foto é como uma janela para o passado, que nos permite lembrar daquelas pessoas e situações que fizeram parte da nossa vida.

Os álbuns de fotos antigamente, tinham um lugar especial nas nossas casas. Eles eram cuidadosamente organizados e exibidos em estantes ou mesas de centro, permitindo que os visitantes os folheassem e compartilhassem conosco essas recordações, na companhia de uma chávena de café e de um pedaço de bolo que as nossas mães faziam com dedicação.

Ainda sinto o cheirinho do café de cevada que a minha mãe preparava na cafeteira de alumínio. Era quase obrigatório quando alguém visitava a nossa casa, mostrar esses velhos álbuns.

As fotos em preto e branco, ou mais tarde coloridas, possuíam uma estética única.

Os meus, têm mensagens escritas à mão, datas, nomes e pequenas anotações com alguns detalhes que me fazem sorrir. Essas anotações hoje ajudam-me imenso, pois o tempo vai passando e as nossas memórias passadas por vezes também se apagam como estas velhas fotos que tirámos outrora.

À medida que folheamos as páginas, podemos encontramos fotos de momentos especiais, como festas de aniversário, casamentos, batizados, formaturas ou simples momentos do dia a dia em família. Cada imagem conta uma história, despertando emoções e sentimentos que podem variar de alegria, tristeza, saudades e até mesmo nostalgia.

Ao revisitar estes antigos álbuns, também algumas ideias me perturbaram a mente e o espírito, me fizeram refletir de alguma forma. Há muitas pessoas queridas que passaram na minha vida, houve momentos que marcaram a minha existência e eu não tenho nenhuma foto tirada nem colada nos meus álbuns. Também não tenho fotos tiradas com o meu pai, nem em convívios com colegas, férias ou viagens, o meu primeiro namorado, do nosso primeiro encontro.


Porque será?

Talvez haja sentimentos que não podem ser registados em fotos e não queiramos partilhar com mais ninguém. São registos só nossos.
São únicos!

Também nem toda a gente tinha a possibilidade de ter máquinas fotográficas em casa. Nem todos podiam ter férias ou ir à praia, fazer viagens ou participar em festas.

No meu tempo era um luxo que não era para toda a gente. Também os nossos pais não dedicavam instantes para tirar fotos com os filhos.

O tempo era pouco para estar em casa e a maioria dele era passado no trabalho. A maior parte das fotos registadas, são no nosso batizado, comunhão ou casamento.

Hoje em dia, com a era digital, os álbuns de fotos físicos perderam um pouco de espaço para os digitais, como smartphones, computadores e redes sociais.

No entanto, apesar da facilidade que a tecnologia proporciona para capturar e partilhar momentos instantaneamente, muitas pessoas ainda sentem falta do ritual de tirar, mandar revelar e organizar os tradicionais álbuns.

Por isso, os antigos álbuns de fotos continuam a ser tesouros guardados com carinho e passados de geração em geração. Eles convidam - nos a viajar no tempo, a relembrar momentos felizes e a valorizar a importância das memórias que construímos ao longo da vida.

As outras, dos momentos importantes da vida e dos quais não podemos registar em fotos e colar nos nossos álbuns, ficam gravadas na nossa alma e são só nossas.

Manuela Jones