A COWBOIADA…
Por instantes, em Washington, a capital política dos USA, voltou-se ao far west.
As imagens pareciam, também, as de uma produção cinematográfica norte-americana, sempre pródiga em representar a história de uma Nação recente ou a profetizar estórias de um futuro com e sem retorno… Até apareceu o batman para, e quem sabe, pôr ordem na casa.
Trump, um menino mimado de uma américa arrapazada, acriançada e muito infantil na maneira de ser e de ver a vida, não interiorizou a derrota nas eleições. A democracia é isso. É saber lidar com a derrota e com a vitória, porque a liberdade de escolha, a dos eleitores, permite a mudança.
Os simpatizantes de Trump, a uma palavra dele de chamamento e de toca a reunir para impedir que os resultados das eleições fossem ractificados, invadiram o Capitólio, a casa deles da democracia.
A segurança impreparada, acabou por ceder às centenas de manifestantes e, num repente, deu-se a invasão dos corredores e das salas e, ainda, a saída precipitada dos senadores, no Capitólio.
Os Estados Unidos da América que são uma amalga de culturas, onde se mistura a europeia, a africana e a sul-americana, mostram-nos um passado de cowboiadas, de mafiosos, de polícias e de ladrões e, também, a de uma sociedade liberal que tem espaço para tudo e para todos.
A legalidade, mesmo com as imagens que nos chegavam, nunca estaria em causa, até porque a ordem pública é, e nos USA, um dos maiores trunfos do País. Talvez, e por isso, como já o escrevi, por vezes quando existem certos “desmandos” das autoridades, o coro das críticas desabe na comunicação social do velho continente. A polícia é, lá do outro lado do Atlântico, severa, desde que alguém ponha em causa a vida, a segurança e a protecção de bens e de cidadãos.
Com 4 mortos e mais de meia centena de feridos, conteve-se a pseudo revolta, a dos apaziguados de um tal Trump que não sabe, por falta de estrutura pessoal, cívica e de cidadania perceber que os votos se devem respeitar.
Mas uma coisa pode produzir efeito, a respeito desta última eleição americana e desta crise que acabou com uma invasão ao Capitólio.
A América, a dos Estados Unidos, deve e tem de rever a sua lei eleitoral, porque a que é vigente não se apresenta correcta e credível quanto à efectiva tendência dos votos, o que tem provocado desencontros, recontagens e estes arrufos de candidatos. Trump aproveitou-se dessa fórmula ao solicitar, neste e naquele Estado, nova soma de votos e de propagandear que houve fraude.
Os USA não podem, como Nação das liberdades individuais e colectivas, continuar cativos de regras eleitorais que não se mostram correspondentes à vontade geral do povo. O sistema eleitoral é provocador de leituras pouco credíveis e de uma fórmula para apurar os representantes ao Congressos e ao Senado, nada abonatória para a maior democracia do Mundo. Está dado o mote para se modificar o sistema. Que a lição de ontem, possa servir.
Os profetas da desgraça, nalgumas das nossas televisões, que já previam, qual médium da inteligência artificial, uma guerra civil ou o estalar de um terramoto político, tiveram a prova de que a América, seja a de Trump ou de outro qualquer Presidente, continua a ter pilares democráticos que, e nas alturas cruciais, funcionam e defendem as Instituições. Tomara que, e entre nós, na Europa, onde começam a soprar alguns ventos anti, as Autoridades, especialmente as Forças Armadas, garante da soberania Nacional, estejam preparadas para acudir a qualquer abuso que nos possa cortar a Liberdade, a de sermos pessoas e cidadãos, de e com dignidade…
António Barreiros