FANTOCHES DA CHINA
A ultima entrevista que o ex-governador de Macau, Carlos Melancia, deu à agência Lusa em 2019 dizia «Teoricamente quem lidera este processo da CPLP (Comunidade dos Países de Língua Portuguesa), na minha perspetiva é mais Macau e a China, por detrás de Macau, em termos formais, do que Portugal em termos objetivos. Claro que de vez em quando acabamos por fazer as coisas.».
Carlos Melancia deixou ainda mais clara a sua perspetiva dizendo «Na prática, o que quero dizer é que a sede da CPLP está em Macau.»
Devido ao maior peso que a China está a ter nos vários países da CPLP, adicionou, declarando que Portugal tem que afirmar a sua presença diplomática em Macau «(...) para dar um ar que lidera a potencialidade que a China reconhece que existe na CPLP». Pois «Pequim olha para a CPLP como um património de origem portuguesa».
Este controle efetivo por parte da China está patente, por exemplo no caso de Moçambique onde a China doou o equivalente a 13,9 milhões de euros e cancelou sete milhões de euros de dívida de Moçambique no âmbito de acordos assinados em Maputo entre os dois países em Setembro de 2022.
A doação resulta do Acordo de Cooperação Económica e Técnica assinado pela ministra dos Negócios Estrangeiros e Cooperação de Moçambique, Verónica Macamo, e pelo embaixador da China em Maputo, Wang Hejun.
A quase totalidade (1.660 milhões de euros) era devida ao empréstimo da Exim Bank Chinês pela construção de estradas e pontes, incluindo a via circular de Maputo, a ponte suspensa sobre a baía de Maputo e as estradas a sul, afirmou o ministro da Economia e Finanças de Moçambique, Adriano Maleiane.
O que estamos a ver são empresas chinesas a emprestarem capital para que empresas chinesas possam construir nos países e mais tarde perdoam parte da dívida. Ou seja, estão as empresas chinesas a financiarem empresas, também chinesas, em países que falam português com a aparência de emprestarem dinheiro para o desenvolvimento desses países.
A realidade é que é a própria China a investir em empresas chinesas, mas com a aparência que estão a emprestar dinheiro a países em vias de desenvolvimento e ainda recebem parte desse investimento em empresas suas.
Portugal deveria ter um papel importante para travar esta vigarice para bem de todos os países que fazem parte da CPLP. Não é só nos países africanos de expressão portuguesa que a China deseja controlar.
O Ponney lembra que o Presidente da China, Xi Jinping,depositou muito “olheiros” em Portugal. Para manter os seus muitos interesses pois detém uma posição global avaliada em 11,2 mil milhões de euros no final de 2022, segundo o Banco de Portugal (BdP).
A China é a segunda maior economia do mundo a seguir aos Estados Unidos, é ainda o quarto maior vendedor de mercadorias a Portugal, tendo ultrapassado os Países Baixos no ano passado neste ranking. E quer ganhar ainda mais peso nas exportações para Portugal. A China quer investir mais em Portugal. Além das participações que já detém em muitas empresas de calibre, há outros setores nos quais pretende solidificar a sua presença.
Nos portos marítimos nacionais (Sines), por exemplo. São uma via prioritária para consolidar a chamada Nova Rota da Seda, uma estratégia de conexão económica e comercial global iniciada por Pequim em 2013 e onde Portugal é uma via não só para a Europa como uma via marítima para o Ocidente.
Segundo o Ministério da Economia (GEE - Gabinete de Estratégia e Estudos), que analisou os dados oficiais do Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2022, Portugal comprou à China 5,5 mil milhões de euros em mercadorias, o equivalente a 5,1% do total das importações nacionais.
Já nas exportações de Portugal para a China, também em 2022, a posição da China ainda é relativamente baixa (é o 19º maior cliente), com 629 milhões de euros em compras às empresas portuguesas. Vale 0,8% do total o que está muito aquém do valor que compramos à China.
Os interesses da China em controlar a economia portuguesa é clara, através de entidades estatais, seja através da Fosun, um grupo privado, a China está presente em várias empresas estratégicas portuguesas, muitas delas cotadas em bolsa, como BCP, EDP, EDP Renováveis, REN, Mota-Engil, Martifer, Inapa, Reditus, entre outras.
Um dos investimentos mais emblemáticos e lucrativos é na EDP. A companhia estatal de energia, a gigante a China Three Gorges (CTG), entrou na EDP em 2012, nos tempos de máxima urgência da Troika, e comprou mais de 20% da elétrica portuguesa. Terá investido quase 2,7 mil milhões de euros na altura.
Em Maio de 2023, a EDP apresentou resultados e contas, revelando que a CTG já terá recuperado em dividendos e outros rendimentos (venda de ações, por exemplo) quase 80% do capital injetado há uma década. Está a correr bem para os investimentos da China em Portugal com os diversos negócios com a ajuda dos vários governos em Portugal.
"A Fosun, uma holding cotada em Hong Kong, integrada num dos mais reputados grupos privados de investimento chineses, é o acionista maioritário da Fidelidade", diz a antiga seguradora da CGD. A holding é ainda acionista de referência do Grupo Luz Saúde, que tem vários hospitais privados a operar em Portugal.
Os chineses ficaram também com o negócio do antigo BES Investimento, que hoje se chama Haitong Bank, na sequência da falência do BES.
Não admira que o Presidente da China, Xi Jinping, tenha atenção ao que se passa em Portugal e que tenha interesse em controlar a política portuguesa para, naturalmente, assegurar que os investimentos em Portugal tenham bom rumo para as finanças chinesas.
Por esta razão tem no Departamento de Trabalho da Frente Unida do Comité Central do Partido Comunista Chinês (DTFU) que é um departamento que se reporta diretamente ao Comité Central do Partido Comunista Chinês (PCC), que reúne inteligência, gere relações e tenta influenciar indivíduos e organizações de elite dentro e fora da China é a organização mais avançada do Presidente chinês.
Por meio de seus esforços, o DTFU busca garantir que esses indivíduos e grupos apoiem ou sejam úteis aos interesses do Partido Comunista Chinês e que os críticos em potencial permaneçam divididos.
Pesquisadores do Observatório da Internet da Universidade de Stanford e da Instituição Hoover descrevem a Frente Unida como "cultivando perspetivas pró-Pequim na diáspora chinesa e no mundo em geral, recompensando aqueles que considera amigáveis com elogios e oportunidades lucrativas, enquanto orquestram pressão económica contra os críticos. Essa pressão costuma ser intensa, mas indireta, e a atribuição clara é, portanto, difícil.”
O processo de “Vistos Golde”, entre Outubro de 2012 (início do programa) e Setembro de 2022 (último mês contabilizado), 11 180 estrangeiros obtiveram estes vistos golde, a que se juntam 18 368 familiares, totalizando 29 548, contas do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras (SEF). A maioria foram atribuídas a chineses (5194), seguindo-se os oriundos do Brasil (1137), Turquia (530), EUA (483) e África do Sul (474).
Os 6,6 mil milhões que aplicaram no país foram quase 90% (5,9 mil milhões) para imóveis e esta foi uma das razões para o grande grupo FOSUN (https://www.fosun.com/pt/) ganhar capital para investimentos em Portugal. Este grupo é liderado por Guo Gangchang, a empresa começou por investir na área farmacêutica e na compra e venda de imóveis (com a grande ajuda dos vistos golde). Ao longo dos anos foi-se expandindo para diversas áreas, desde os seguros às telecomunicações e atualmente é o maior investidor chinês em Portugal.
O principal investimento para o grupo chinês aconteceu em 2014 à Caixa Geral de Depósitos com a compra da companhia de seguros Fidelidade. Com o apoio de bancos estatais chineses, a empresa comprou 80% da seguradora, tornando-se de imediato no maior investidor chinês no país. Os 80% traduziram-se num investimento de mais de mil milhões de euros. Mais tarde, o capital subiu para 85%.
Em 2016, a empresa voltou a apostar e comprou, por 175 milhões de euros, 16,7% do BCP, assumindo-se como o maior acionista do grupo.
Também na saúde, a chinesa possui capital, na Luz Saúde. Em 2018, e face às grandes crises que o grupo enfrentou, a Fosun esteve quase para possuir 100% da empresa portuguesa.
Para além de tudo isso, a Fosun é também um dos maiores compradores de imobiliário em Lisboa. Acusada por muitos por ser a maior razão da especulação imobiliária que encareceu a habitação em Portugal.
Durante a pandemia de Covid-19 a Ibéria Universal II - Média SA, empresa de jornais de propaganda para a comunidade chinesa em Portugal e Brasil e detido pelo empresário chinês Liang Zhan, foi uma das empresas apoiadas pelos fundos do Programa Operacional Competitividade e Internacionalização (POCI) do COMPETE 2020. Onde o Ministro da Economia, liderado, na altura por Pedro Siza Vieira, e o seu ministério aprovou a entrega de 118 mil euros à empresa de Média chinesa.
Fonte oficial da ERC confirma que que o órgão esteve inscrito desde 2007 com a denominação de “informação geral”, mas “o registo foi cancelado oficiosamente no dia 7 de Agosto de 2023, por inobservância da periodicidade registada.”
AF