Editorial - 26-11-2022
Regimes iníquos
“Diz a Bíblia que iníquo é o indivíduo que já está habituado a pecar, não se importando com as consequências.”
Vem isto a propósito da deslocação de Marcelo Rebelo de Sousa ao Catar.
Sendo o nosso Presidente um homem de fé e ligado à igreja católica, sabendo de antemão que o Catar é um País onde a iniquidade é um facto, não devia nunca ter-se deslocado até lá.
O futebol, já de si, é um regime de iníquos, onde vale tudo… Ou quase tudo.
A iniquidade social no Catar, o País organizador do Mundial 2022 (conseguido através de meios duvidosos) é um facto: são as mulheres as maiores vítimas, seguidas dos trabalhadores sazonais.
Sendo um País de maioria muçulmana, a mulher está sujeita à tutela masculina: precisa de autorização do pai, marido ou irmão para casar, viajar ou estudar no exterior.
As mulheres casadas devem obediência total aos maridos e obter o divórcio e quase impossível.
No Catar não há leis contra a violência doméstica ou meios para proteger as vítimas.
Com a conivência do Estado, os trabalhadores sazonais são explorados. Num País em que a riqueza é muita, para alguns, estes trabalhadores ganham pouco mais de 1,5 € à hora e vivem em condições sub-humanas: trabalham entre 11 a 12 horas por dia e não têm folgas.
Toda a riqueza produzida por eles pertence a meia dúzia de indivíduos, todos eles coligados, directa ou indirectamente, entre si.
Foi a este País que o Presidente da República Portuguesa se deslocou para presenciar um jogo de futebol. Mesmo sendo a Selecção Nacional, penso eu e muita gente mais, não o devia ter feito, até porque não lhe foi consentida intervenção política que pudesse mostrar ao Mundo as atrocidades cometidas:
O nosso Presidente quis estrear o FALCON; pena que a estreia tenha sido para o Catar.
Infelizmente, em todo o Mundo de Cristo, são muitos os regimes iníquos, pois, como se sabe, a lista é bem extensa.
Que bom seria que iniquidade fosse. apenas e só, uma palavra no dicionário.