Editorial 16-05-2020

HIPOCRISIA

Escreve-se com dez letras mas, pratica-se com o mais variado número de letras, desde as pessoas mais humildes no saber até aos mais catedráticos, que não sábios, porque um sábio não é hipócrita.

Aprende-se a praticar desde as mais tenras idades, porque não faltam exemplos, em casa, nas escolas, nos convívios, nos trabalhos, na sociedade e nos púlpitos, de qualquer natureza.

Com quatro letras está muito em voga o “amor”. Atente-se no desamor com que, por tudo e por nada, se emprega a palavra amor, distorcendo-se o efectivo significado, que perde todo o sentido, quando, sem generosidade, se pretende aplicá-la na proliferação actual de géneros.

Com nove letras está muito em voga a “igualdade” que se procura e não se encontra. Tantos a apregoam pensando, sempre primeiro, no próprio umbigo.

Com treze letras está muito em voga a “solidariedade”. Quem a usa, quem a escreve, praticando efectivamente o seu significado? O governo até a penaliza com IVA!

Com sete letras está muito em voga o “direito”, o teu, o meu, o dele, o nosso. Se quiserem, no plural. Diz-se e escreve-se, discursa-se, até se invoca em acórdãos, sem pensar no dever de o conceder e/ ou reconhecer.

Com seis letras está muito em voga o “estado”, o de todos que está no estado que se sabe no estado d’alma em que nos encontramos, como todos os estados sólidos, líquidos ou gasosos em estado de calamidade ecológica e, em estado de saúde pandémica, sem se vislumbrar estado capaz de acudir a outros estados graves de saúde.

Com as sete letras do direito se escreve Coimbra, capital oficial de Portugal, reduzida às seis letras do estado em que se encontra, devido às poucas quatro letras do amor com que é presidida, embora prenhe das treze letras da solidariedade que o manel, não imaginando o que seja sempre invoca e, sedenta da igualdade que um machado amputou“Coimbra é uma cidade que tem um património ímpar”, por limpar.

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à roda da Cidazunda

 

Sande Brito Jr