Editorial 04/04/2025
ABRIL DEDICADO AO TRABALHO
O mês de Abril, para os portugueses, tem uma conotação de conquista da Liberdade de expressão e de Democracia. Todas as pessoas são iguais perante a Justiça numa luta contra a escravidão. Ou contra outros sistemas idênticos, onde um grupo usa a falta de alternativa de sobrevivência, de um conjunto maior de pessoas, para o manipular à vontade.
No século XVIII, por exemplo, iniciou-se a luta, com mais destaque, contra a escravatura. Marquês de Pombal proibiu a escravatura em Portugal. Talvez poucas pessoas o saibam. Sim, o Marquês de Pombal proibiu a entrada de escravos em Portugal continental em 1761 e foi acabando com uma das mais infames explorações.
O sistema de escravatura era considerado por Marquês de Pombal como “ímpio e desumano abuso”. Claro que encontrou resistência por parte de grandes fazendeiros e por parte maioria dos que tinha títulos de nobreza. Apenas tinham títulos porque pouco tinham de nobreza. O argumento usado é que a escravatura era “fundamental” para a grande agricultura e para o trabalho doméstico e por isso entravam em impetuosa oposição contra esta medida defendida por Sebastião José de Carvalho e Melo no que seria o principio para a abolição da escravatura.
Portugal também teve esta medida humana para além da abolição da pena de morte. Claro que, por exemplo no Brasil, a resistência contra este inicio de abolição da escravatura foi muito maior do que em Portugal. Eram os próprios nascidos no Brasil que impediram a abolição da escravatura com o argumento de que a produção só sobrevivia com a mão-de-obra escrava.
O mesmo Marquês de Pombal, com o rótulo mais conhecido pela responsabilidade nas mortes dos jesuítas e da família dos Távoras, mas também conseguiu regularizar a produção do Vinho do Porto para poder exportar, com a qualidade necessária e iniciou um processo de industrialização do vidro na Marinha Grande, da indústria de lanifícios na Covilhã, entre outras. A economia, em Portugal, não podia estar dependente do trabalho “ímpio e desumano abuso” da escravatura.
Hoje, no século XXI, passados três séculos depois, estamos entre a tecnologia da “inteligência artificial” que ameaça tirar emprego a muita gente em Portugal e, em oposição, a necessidade de trazermos mais de 110 mil imigrantes.
É importante lembrarmos que estas pessoas têm uma moeda, no seu país de origem, com valor muito baixo e, por uma questão de sobrevivência sem alternativa, aceitam ordenado mínimo em Portugal. Com o fim de pouparem o que puderem para enviar para as suas famílias. Nos seus países natais o pouco que juntarem, aqui, representa uma pequena fortuna nos seus países. Usa-se isso.
E voltamos ao sistema, onde a alternativa para a sobrevivência obriga a uma submissão, para se aceitar ordenados que os portugueses não conseguem dar resposta à sua sobrevivência aqui em Portugal. Mais de 110 mil imigrantes para aceitarem um ordenado que os portugueses não conseguem fazer face num país com um custo de vida alto.
Os portugueses não conseguem viver permanentemente com um ordenado baixo. Pode acontecer que parte destes migrantes possa engrossar as fileiras de desempregados, de sem-abrigo, de pessoas que vão apelar ao apoio social. A realidade é que a tal tecnologia que ameaça os empregos não resolve a necessidade dos 110 mil imigrantes para as grandes obras, a agricultura e o turismo. Ou pode a tecnologia libertar o ser humano do trabalho?
Com estas questões do ‘trabalho’ versus ‘condição humana’ iniciamos com o artigo « VIA VERDE PARA ONDE?» onde contamos o processo, em forma de contrato, para a entrada de mais de 110 mil imigrantes em Portugal.
Na proximidade das eleições legislativas, temos que voltar ao que mais desvia fundos públicos que deveriam estar a resolver os verdadeiros problemas de Portugal :«COMBATE À CORRUPÇÃO A QUANTO OBRIGAS».
Uma outra questão mais próxima da condição humana é o prolongamento da vida. Por isso trazemos o artigo:«O SER HUMANO PODE ATINGIR A IMORTALIDADE».
Regressando ao registo do trabalho. Para isso temos a questão, talvez mais importante, que não vem em forma de pergunta, mas não deixa de ser o cerne mais importante da discussão esquecida em Portugal: «PODEMOS VIVER SEM TRABALHAR».
O artigo, com título em forma de pergunta, «PROIBIÇÃO OU PEDAGOGIA EM COIMBRA?» remete-nos para outra questão muito importante. É mais fácil, para quem tem poder, proibir. Mas será mais eficiente do que adotar a pedagogia? É a questão que levantamos neste artigo. E assim terminamos os artigos de destaque de O Ponney.
Depois passamos para o artigo onde a Cáritas Coimbra é promotora de um «PROJETO SEM DIFERENÇAS PROMOVE CUIDADOS PREVENTIVOS NA MARINHA DAS ONDAS» com a missão de sensibilizar a população para a importância dos cuidados preventivos e proporcionar rastreios gratuitos.
Num encontro com o encanto e com a magia passamos para o artigo de opinião de Manuel Jones «A MAGIA DE MONSANTO E IDANHA-A-NOVA» em mais uma visita ao interior de Portugal. A nossa amiga leva o leitor a desejar visitar Monsanto e Idanha-a-Nova.
A estrear-se temos um artigo de opinião muito bem disposto e com humor da nossa recente amiga Maria Júlia que nos traz « CRÓNICA SOBRE MODA». A necessidade do sorriso ou até da gargalhada é um importante medicamento para a nossa alma.
Sancho Antunes, nosso amigo, meteu-se num grande problema quando se candidatou como cabeça de lista pelo partido ADN, nestas legislativas. Talvez seja um erro, mas “cada um é como cada qual” como bem diz o povo. Esta semana temos um artigo de opinião de Sancho que nos traz à discussão «DESAFIOS PARA A REFORMA DO SISTEMA DE JUSTIÇA». Independentemente das opiniões sobre os pequenos partidos a verdade é que convém ouvirmos todos.
Façam favor de nunca aceitarem nada como adquirido e assim desejo um excelente fim-de-semana.
José Augusto Gomes
Diretor do jornal O Ponney