Editorial 03-12-2022

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Carta ao pai natal

Neste mundo repleto de gente boa, meu querido pai de todos, gostaria de te confiar uma verdade: nunca tive nenhum presente digno desse nome.

Tendo em conta que andas sempre muito atarefado nesta altura do ano, aproveito para te aconselhar a melhor preencher a tua agenda anual. Assim sendo, em Janeiro seria normal que tivesses em conta o número de pessoas que cumpriu as promessas proferidas; em Fevereiro talvez fosse boa ideia vigiar quem começa as boas acções “cupídicas”; em Março não esqueças aqueles que se lembram de proteger o meio-ambiente; em Abril nem só os afilhados merecem amêndoas; em Maio só os burros se levantam cedo; em Junho o calor começa a derreter o chocolate; em Julho e Agosto os mais avantajados gozam da sua fortuna e tu esqueceste que outros também existem; em Setembro podias ajudar as crianças a apreender as realidades descendo as renas ao nível humano; em Outubro não comas muitas castanhas antes da corrida ao mundo; enfim, chega Novembro, o mês em que começas a acordar e lembraste de que a preguiça tomou conta do teu esqueleto o ano inteiro e, em Dezembro, entras em pânico e desacreditas mais de metade do mundo.

Espero que te tenhas sentido apreciado e bem-vindo a todas as lareiras das mais humildes famílias e, se ainda tiveres um pedaçinho de vergonha, escorrega pela chaminé e queima o traseiro nas belas castanhas que te deixei a assar esta noite.

Assim me despeço do pai de todos e do pai natal de alguns, com um enorme sorriso rasgado de frio e muita saúde neste dia bem gelado de Dezembro.

Aqui da minha cadeira, desejo a todos festas felizes e um ano novo com muito sol no corpo e na alma.

Assinado,

A optimista esquecida do pai natal!

 

Autoria de Sofia Geirinhas

Não respeita o AO90

Cébazat, dia 03 de Dezembro de 2022

Imagem : CTT