UM INVESTIMENTO OU UM APOIO AO IPN?
A Câmara Municipal de Coimbra deu um apoio de 85 mil euros, o mesmo valor atribuído em 2024, ao IPN. O Ponney já teve oportunidade de divulgar este apoio ao IPN, considerando a coincidência de que o Presidente do Instituto Pedro Nunes (IPN) é irmão do Presidente da Câmara de Coimbra. Na altura, que demos a notícia, divulgámos outra coincidência onde o mesmo Presidente do IPN, irmão do presidente da Câmara, é também fundador da associação que dá pelo nome de APBRA. Talvez demasiadas coincidências.
A realidade é que no site do IPN estão 4 instituições de peso social. Uma delas é a Câmara de Coimbra e nenhuma é a própria Universidade de Coimbra. O que é estranho dado que o IPN tem como missão: «Contribuir para transformar o tecido empresarial e as organizações em geral promovendo uma cultura de inovação, qualidade, rigor e empreendedorismo, assente num sólido relacionamento universidade/empresa e atuando em três frentes que se reforçam e complementam:
Investigação e desenvolvimento tecnológico, consultadoria e serviços especializados;
Incubação e aceleração de ideias e empresas; Formação especializada e divulgação de ciência e tecnologia.» Esperava-se que o IPN fosse uma instituição que fixasse jovens em Coimbra e que desenvolvesse um tipo de empresas de tecnologia que fixasse aqui a população.
Ora o IPN foi criado por iniciativa da Universidade de Coimbra em 1991, por isso é que é estranho que uma das instituições de apoio, ao IPN, não seja a UC (pelo menos não é uma das instituições divulgadas no site institucional.
O Instituto Pedro Nunes (IPN) é uma instituição privada sem fins lucrativos, que visa promover a inovação e a transferência de tecnologia, estabelecendo a ligação entre o meio científico e tecnológico e o tecido produtivo.
Mas a realidade é que em 1991 a população de idade ativa (15 a 64 anos) no Concelho de Coimbra era de 69,2% e em 2021 reduz para 63% - segundo dados da Pordata. Claro que a questão, da redução da população ativa, não se prende unicamente ao IPN. Que fique bem claro. Mas esta instituição não está a demonstrar o cumprimento da sua missão estabelecendo a ligação entre o meio científico e tecnológico e o tecido produtivo.
Nos 30 anos que separa a criação do IPN (1991) e os dados do Pordata de 2021 (faltando dados dos 3 anos até 2024) existiu uma redução da população em idade ativa no Concelho de Coimbra, quando deveria haver um aumento de incentivo para fixação de população em idade ativa.
Logo o IPN não conseguiu desenvolver, durante 30 anos (média), o tecido empresarial no Concelho, apesar dos apoios municipais, dos apoios em projetos europeus e dos pagamentos das empresas incubadas no IPN - seja físico seja virtual.
Existem, segundo o site do IPN, 33 empresas, em inicio, com espaço físico (com salas e estrutura do edifício) e 76 empresas alojadas virtualmente.
Do pagamento de espaço físico, em área mais pequena de 28 metros quadrados pagam 200 euros no primeiro ano e sobem ao longo dos 4 anos para 280 euros mensais. Para o caso das áreas maiores, 66 metros quadrados, no terceiro e quarto ano ronda os 1200 euros sem IVA. O que dá uma média por baixo de 25.000 euros por mês considerando as 33 empresas. Só no espaço físico.
Se cada instituição das 4 assinaladas no site der a mesma coisa que a Câmara Municipal de Coimbra dá cerca de 340 mil euros anuais mais os 300 mil euros (25000X12 meses) das empresas em alojamento físico no IPN, dá uma quantia de 640 mil euros anuais ou 53.330 euros por mês para o IPN.
O que convenhamos não é nada pouco dinheiro. Tornando-se até demasiado para o não cumprimento da sua missão em Coimbra o que deveria levantar uma questão fundamental para a alteração do modelo de gestão.
Talvez fosse bom que a Câmara Municipal de Coimbra pudesse rever os seus apoios em função das mais valias dadas pelo IPN. Afinal é de dinheiro público que se trata.
AF
09-05-2025