Sinos de Coimbra e seu termo
Segundo T.B. [Teófilo Braga] os toques dos sinos eram interpretados como sendo intenção simbólica duma expressão verbal. Assim, os sinos de Santa Cruz, quando tocavam, diziam:
Somos fidalgos
Temos dinheiro
Pão e queijo
P´ra dar ao sineiro
Minha mãe tem pão
Bacalhau, feijão.
O frade está à porta
C´o chapéu na mão.
E os sinos da povoação das Torres do Mondego:
Tem lêndeas! Tem lêndeas!
Ao que respondia o da povoação vizinha:
Mata-as com um pau! Mata-as com um pau!
Também se sabia que os sinos das austeras carmelitas do Convento de S. Teresa, no seu badalar, clamavam:
Penitência! Penitência!
Ao que respondiam as descontraídas e eufóricas freiras de Sant´Ana, através dos seus sinos:
Tanta não! Tanta não!
Intervinham, então, as freiras de Santa Clara, com o meio-termo da virtude:
Nem tanto, nem tão pouco!
Nem tanto, nem tão pouco!
Imagem - João Baeta
João Baeta - (F. Falcão Machado; 1969: 489/490)