SETE ANOS DE “ESTUDOS” (1962-1969
Os sete anos (1962/63 a 1968/69) da minha frequência da Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra começaram no sombrio rescaldo da onda de repressão, com prisões e expulsões, da crise académica de 1962 e terminaram com a luta vitoriosa da crise de 1969.
Para a explicação da diferença dos desfechos das duas crises, tenho uma teoria que atribui especial relevância ao empenhamento na luta académica de 1969 por parte dos estudantes católicos. É uma teoria que, como qualquer outra, «vale o que vale», para usar uma sábia expressão do povo português.
Decisiva para essa mutação foi o «aggiornamento» trazido pelo Concílio Vaticano II, de 1962 (com João XXIII) a 1965 (com Paulo VI), que naturalmente se refletiu na revista “Estudos”, órgão do C. A. D. C. (Centro Académico de Democracia Cristã).
Entre 1962 e 1969, foram diretores da “Estudos”, por inerência, os presidentes da Direção do CADC, com substituições em Junho de cada ano: Nicolau Vasconcelos Raposo (até Maio de 1962), Carlos Pereira de Carvalho (1962/63), António José Madeira Monteiro Lacerda (1963/64), Onofre António Alves Martins dos Santos (1964/65), Manuel Carlos Lopes Porto (1965/66), Rabindranath Valentino Aleixo Capelo de Sousa (1966/67), Joaquim Marques Ascensão (1967/68), Luís Rosa e Augusto Duarte Rozeira (1968/69).
A direção efetiva cabia ao subdiretor: Carlos Pereira de Carvalho (Janeiro-Julho 1962), Abílio Neto (Outubro 1962 / Novembro 1963), David Borges de Pinho (Dezembro 1963 / Julho 1964), Telmo dos Santos Verdelho (Outubro 1964 / Maio 1966), José Manuel da Silva Lopes (Julho/Dezembro 1966), Mário de Araújo Torres (Janeiro/Julho 1967), Francisco Carreto Clamote (Outubro 1967 / Março 1968), Jorge Abreu (Abril 1968 / 1969).
Ao longo desses 7 anos integraram o Conselho de Redação: Abílio Machado (1967), Abílio Neto (1962), Agostinho Antunes de Azevedo (1969), Aires de Jesus Ferreira (1967), Álvaro Vilas (1968), Ângelo Ochoa de Castro (1967/68), António Manuel Hespanha (1966/67), António Neto Neves (1967), António Ramos (1969), António Rozeira (1969), António da Silva Fróis (1964), Arlindo Teixeira (1967), Arnaldo Ferreira Pinto (1967/69), Augusto Pinto Batista (1965/67), Bartolomeu Luís Valente (1962/67), Carlos Alberto Carrolo (1969), Carlos M. Batista (1962/63), Carlos Paiva (1969), David Borges de Pinho (1962), Deolinda Guedes (1969), Emília Correia (1968), Francisco Carreto Clamote (1966/68), Francisco Falcão Machado (1968), Francisco Reinas (1968), Graciano Venâncio (1968/69), Henrique Rodrigues (1969), Inácio Pignatelli (1969), Isabel da Conceição (1969), J. Lima Costa (1969), João Moura (1969), João Tavares (1968), Jorge Abreu (1967/69), Jorge Silva e Sousa (1962/63), José Alberto Coelho Pereira (1962/63), José António Pinto Ribeiro (1964), José Barros (1968), José Carlos Batista (1968), José Dias (1969), José Manuel da Silva Lopes (1966/67), José Norberto Saavedra (1965), José Ribeiro Pereira (1965), José Simões Patrício (1967), Lena Almeida (1968), Luís Branquinho Crespo (1966/67), Luís Carlos Araújo (1965/66), Manuel Verdelho (1962/63), Manuel Vitorino de Queiroz (1962/65), Maria do Rosário Pericão (1969), Maria Teresinha Lopes (1968), Marinela Nogueira (1969), Mário de Araújo Torres (1966/67), Mário Simões Dias (1962/65), Mota Barbosa (1964), Nelson Ribeiro (1968), Pedro Bacelar (1969), Pedro Hespanha (1967), Pedro Topa (1969), Rolando Matos (1968), Rui Borges (1964), Rui Faria (1969), Rui Madeira (1967/69), Sidarta Capelo de Sousa (1967), Telmo dos Santos Verdelho (1962/64), Vigário Silva (1968), Vítor Cepeda Manjerão (1965).
Merecem destaque três números especiais:
- “Medicina e Evolução Social” (n.º 458-459, Junho-Julho 1967), com colaboração de Miller Guerra, Luís de Pina, Gouveia Monteiro, Pinto Correia, António Galhordas, Vaz Serra, Gonçalves Ferreira, N. Castelo Branco, Lobato Guimarães, Mário Mendes, Manuel da Silva, António Cepeda e F. Tomé;
- “Reforma da Universidade” (n.º 471-472, Novembro-Dezembro 1968): depoimentos de A. Castanheira Neves, Jorge Varanda, João Evangelista Loureiro, Arminda Maria Neves, J. M. Pereira de Oliveira, Duarte Santos, F. H. Órfão Belchior, Orlando de Carvalho, Boaventura de Sousa Santos, Gouveia Monteiro, Manuela Cruzeiro, Manuel M. Vaz, José Alberto Franco, Francisco Falcão Machado, Rui Namorado, Isabel Picoito, Carlos Mota Pinto, José Barata, Francisco Lucas Pires, Carlos Paiva, Agostinho Antunes de Azevedo, José Luís Pio Abreu, F. Simões; e
- “Coimbra 1969 – Para uma análise crítica” (n.ºs 475-479), com elementos recolhidos por uma equipa constituída pelos seguintes elementos: Agostinho Azevedo, António Ramos, Augusto Rozeira, Carlos Paiva, Deolinda Guedes, Graciano Venâncio, João Moura, Jorge Abreu, José Dias, Maria do Rosário Pericão, Pedro Topa, Rui Faria e Rui Madeira.
Ao longo do septénio considerado, uma pequena amostra das principais colaborações:
- A. NOGUEIRA GONÇALVES: “Evocação de São Teotónio no Oitavo Centenário do Falecimento” (n.º 405);
- AGOSTINHO ANTUNES DE AZEVEDO, "Vietnam: História da Guerra e Doutrina da Paz" (n.º 464);
- AGOSTINHO NÓBREGA RODRIGUES: “A Unidade na Obra de Arte” (n.º 454);
- ANTÓNIO LUCIANO DE SOUSA FRANCO: “O Concílio e o Mundo” (n.º 420-421); “Sindicalismo e Universidade” (n.º 455-456);
- ANTÓNIO MANUEL HESPANHA: “Paulo VI na ONU” (n.º 440); “Das Novas Formas de Ser «Muito Homem»” (n.º 443); “Beatles e Juízo Final” e “Fazer Sinais aos Deuses” (n.º 444); “Andam Homens à Solta” (n.º 452); “Pluralismo escolar em Portugal?” e “A Liberdade na Igreja” (n.º 454); crítica de artes plásticas (n.º 448-449);
- ARNALDO FERREIRA PINTO: "O Prof. Barnard em Coimbra" (n.º 465); “O Cardeal Bea, apóstolo da unidade” e crítica de livros (n.º 473);
- BRITO CARDOSO: “A Filosofia neoescolástica em Coimbra” (n.º 457); “A Historicidade de Jesus e a «Escola da História das Formas»” (n.º 437); “O Seminário de Coimbra – Colégio e Residência Universitária” (n.º 444);
- CARLOS ALBERTO CARROLO: “O Problema Religioso de Simone Weil” (n.º 451); “Para um Novo Humanismo” (n.º 460);
- CARLOS ALBERTO DE FARIA: “Descolonização e Emancipação Política da África Negra” (n.º 424);
- CARLOS PAIVA: “A Atividade Integrante e Integradora do Desporto na Universidade” (n.º 455-456);
- CARLOS PEREIRA DE CARVALHO: “Odes – A «Ars Poetica» de Miguel Torga” (n.º 403); “Legislação sobre atividades circum-escolares” (n.º 403); “Subsídios para a resolução do problema habitacional do estudante” (n.º 413); “Da literatura cristã” (n.º 414); “De como renasce uma Associação” (n.º 424); além de poemas da sua autoria (n.ºs 404, 409, 410-411, 420-421, 423, 426) e de críticas de teatro (n.ºs 404, 405) e de livros (n.ºs 424 e 433);
- DÉCIO SOUSA: “Para uma melhor Compreensão da Problemática Associativa” (n.º 455-456);
- EURICO NOGUEIRA: “Projeção Cristã de Goa no Oriente” (n.º 404); “Perspetiva Cristã do Trabalho” (n.º 408);
- FERNANDO ÓRFÃO BELCHIOR; “O Espírito Trágico dos Gregos” (n.º 430); “O Princípio do Direito ao Ensino” (n.º 455-456);
- FRANCISCO CARRETO CLAMOTE: “Porto-Lisboa e as Regiões Rurais” (n.º 457); “Tempo de Raízes” (n.º 461); "Democratização do Ensino em Portugal" (n.º 463); crítica de livros (n.ºs 444, 447, 448-449, 451, 452, 460, 461, 463, 464);
- FRANCISCO FALCÃO MACHADO: “Milagre e crise na Alemanha” (n.º 453); “Do Vietname à Paz” (n.º 454);
- FRANCISCO FARIA: “Algumas considerações sobre a Música Popular Portuguesa” (n.º 441-442);
- J. LOBATO GUIMARÃES: “Alguns aspetos da vida e obra de S. S. Papa João XIII” (n.º 404);
- J. VIGÁRIO SANTOS SILVA: “1968-1969: O visto e o previsto” (n.º 473);
- JOÃO BIGOTTE CHORÃO: “Diário com Bargellini” (n.º 408); “Julgamento de Pascal” (n.º 409); críticas de cinema (n.º 412) e de livros (n.º 414);
- JOÃO PORTO: “Movimento Demográfico e o Problema Económico” (n.º 406-407);
- JOAQUIM FERREIRA GOMES: “Planeamento da Ação Educativa” (n.º 450);
- JOAQUIM MARQUES ASCENSÃO: “O C.A.D.C. e a Academia” (n.º 436); “Emigração: justifica-se, não satisfaz” (n.º 448-449);
- JORGE ABREU: “A Reforma do Ensino Superior” (n.º 457); “A jornada da paz e a paz no mundo” (n.º 473);
- JOSÉ GOMES BRANCO: “A Valorização Profissional do Professor do Ensino Primário” (n.º 405);
- JOSÉ LUÍS DA CRUZ VILAÇA: “Fins e meios da Universidade” (n.º 441-442);
- JOSÉ MANUEL DA SILVA LOPES. “Reclusos – Tema e Problema” (n.ºs 433 a 436); “A Responsabilidade dos Católicos e a Educação dos «Outros»” (n.º 443); “O Novo Código Civil” (n.º 447); “Histórias de bruxas” (n.º 448-449); “China, Revolução Cultural” (n.º 454);
- JOSÉ SAAVEDRA QUEIRÓS: “Elementos para um ensaio acerca de alguns princípios da linguagem cinematográfica” (n.º 448-449); “O Cinema e a Universidade” (n.º 455-456); "Para uma Federação Portuguesa de Teatro Universitário" (n.º 464); crítica de cinema (n.ºs 434, 436, 437, 440, 441-442, 443, 444, 445-446, 452, 464, 465);
- JOSÉ SIMÕES PATRÍCIO: “Notas sobre a Catolicidade da Igreja” (n.º 444); “Donald, Natalidade e… Terceiro Mundo” (n.º 462); "Em volta do casamento concordatário" (n.º 463); "Sebentas - Um mal necessário" (n.º 465); “Dubcek – o pecado da audácia” (n.º 471-472);
- MANUEL AUGUSTO RODRIGUES: “Comunidades Cristãs Separadas” (n.ºs 420-421, 425 e 431-432); “A Literatura de Qumram e o Novo Testamento” (n.º 441-442); “Paulo VI e a Causa da Paz” (n.º 444); “Concílio e Renovação da Igreja” (445-446); “Liberdade Religiosa à Luz do Concílio” (n.º 448-449);
- MANUEL BRAGA DA CRUZ: “Racismo – Vigência de um Problema” (n.º 444);
- MANUEL JOAQUIM MAGALHÃES: “Dois poemas” (n.º 448-449);
- MANUEL VITORINO DE QUEIROZ: críticas de cinema (n.ºs 410-411, 424, 431-432, 434, 438-439);
- MARIA DE LOURDES PINTASILGO: “O Concílio – uma renovação na Igreja” (n.º 406-407);
- MARIA MANUELA SILVA: “A Estrutura da Empresa no Pensamento da Igreja” (n.º 406-407);
- MÁRIO DE ARAÚJO TORRES: “Congresso de Taormina: a Democracia Cristã à Dimensão da Europa” (n.º 444); “A Polónia Católica fez Mil Anos” (n.º 447); “Primeira reflexão sobre o fenómeno da socialização”, “A pena de exame” e “Dois Congressos na América Latina” (n.º 448-449); “A Guerra do Vietname e a consciência (ou inconsciência) dos cristãos” (n.º 453);
- ONOFRE MARTINS DOS SANTOS: “Cristo e o Mundo” (n.º 434);
- PINHARANDA GOMES: “Amorim de Carvalho – Um positivismo de volição metafísica” (n.º 409); “O Mistério da Personalidade: Sentido e Moral da História” (n.º 412); “Os Valores Religiosos no Teatro” (n.º 426);
- RUI BORGES: “Catolicismo nos Novos Estados Africanos” (n.º 424);
- RUI DOS SANTOS MADEIRA: “Desporto e Humor de Mau Gosto” (n.º 453); “Educação, Desporto, Profissão e Assistência” (n.º 454); “Um Homem que não Morreu” (n.º 460); “O Povo de Deus no Itinerário dos Homens” (n.º 461); "O Problema Alimentar dos Estudantes" (n.º 465); “A cruz para quê?” (n.º 473); “Quando no olimpo dos deuses” (n.º 480-482);
- SALVADOR DIAS ARNAUT: “Batalha de Montes Claros: Temas de Reflexão” (n.º 443);
- TELMO VERDELHO: “Ao Centenário das Madres Doroteias” (n.º 444); “Testemunho para o Centenário dos Padres do Espírito Santo” (n.º 461);
- URBANO DUARTE: “Exigências cristãs e ordem política” (n.º 414); “O Papa João XXIII” (n.º 418); “Perfil de D. Manuel Correia de Bastos Pina” (n.º 428-429); “O Progresso e o Homem” (n.º 445-446); "Crise da Consciência Católica Provocada pelo Vaticano II" (n.º 463); “A Liberdade, moderna expressão do homem” (n.º 475-479);
- VÍTOR MATOS E SÁ: “Epitáfio para o Santo Padre João XXIII” e “Oito poemas no limiar da eleição do Santo Padre Paulo VI” (n.º 418); poemas (n.º 428-429).
Mário Torres