Porque a Airbus escolheu Coimbra

Opinião

José Manuel Diogo
José Manuel Diogo
22 Setembro 2022 às 00:01
Porque a Airbus escolheu Coimbra

O que faz com que uma cidade cheia de talento entre em declínio? Maus políticos! Quando eles são bons, tudo muda.

Ontem mesmo, Charles Huguet, diretor-geral da Airbus Portugal, anunciou que vai abrir uma operação em Coimbra já daqui a três meses. O centro que o maior fabricante de aviões do Mundo vai abrir em Coimbra terá inicialmente 50 trabalhadores, mas até ao primeiro semestre de 2024 deverão ser 100.

Para tomar esta decisão, Huguet destaca que - abro aspas para não haver dúvidas - "um dos fatores-chave para a decisão foi o empenho que a nova Câmara Municipal demonstrou, com um forte apoio promissor, o espírito certo e a mentalidade certa".

Coimbra tem dois hospitais centrais, uma universidade com reputação mundial, 10 faculdades e uma vasta oferta de ensino politécnico com história e provas dadas. Com certeza uma das maiores concentrações de cérebros por metro quadrado em todo o Mundo. Tem a maior incubadora em Portugal - o IPN; o único unicórnio português (há seis) que ainda tem sede em Portugal - a Feedzai; inúmeras patentes mundiais e, para quem conhece mundo, dois aeroportos.

A única coisa que não tinha era políticos com visão e para quem o horizonte não acabe na melancolia do fado, no prestígio da borla e capelo - que é enorme, mas que só não chega -, nas saudades do passado ou no areal da Figueira da Foz. Os bons políticos preferem sempre o futuro ao presente; a inquietação à tradição; as pessoas aos cargos; os resultados à burocracia; a sala à cátedra; o sucesso à lisonja; a ação ao conflito; a dinâmica à estagnação e a coragem ao medo.

Para Coimbra ainda está tudo a começar, mas este "voo" da Airbus é um excelente prenúncio e a confirmação de uma certeza: são sempre (sempre) as pessoas que fazem a diferença.

*Presidente da Associação Portugal Brasil 200 anos

Retirado do Jornal Notícias