PODE A CMC POUPAR E COLOCAR TECNOLOGIA LED ?
A Câmara Municipal de Coimbra vai substituir de uma só vez os 58% da iluminação pública (cerca de 23.119 unidades de acordo com o cadastro da E-Redes) por LED. Para isso vai fazer um contrato com uma empresa espanhola (SIFISA) onde a CMC fica com 10% e a SIFISA fica com 90% do cobrado ao consumidor final - durante 15 anos.
Em relatório, feito pela Câmara, afirma que os custos com a energia elétrica, pagos pelo erário público da Câmara de Coimbra, têm vindo a baixar desde 2018 de 3.000.000 Euros para 2.650.000 Euros em 2021. Esta descida deve-se à substituição de lâmpadas convencionais por lâmpadas LED que foi sendo feito desde 2018, mas o atual executivo deseja que se faça mais rápido esta alteração e por isso o contrato com a empresa espanhola.
O mesmo relatório refere os dados do Plano de Eficiência Energética municipal (PEE) e diz que «(...)constata-se que mais de 64% dos custos com energia elétrica suportados pelo município são relativos a iluminação pública» Por isso a necessidade de uma grande urgência na sua substituição.
A alternativa de manter o procedimento que já estava a ser feito com a E-Redes – é possível prosseguir com a implementação de planos LED, mas, segundo o relatório da CMC com uma cadência com de 2.000 unidades por ano. O que o executivo diz que «(...)demoraríamos mais de 10 anos até obter a mesma poupança» comparando com o contrato com a empresa espanhola.
O relatório reforça a sua posição: «Acresce o facto de que as luminárias que a E-Redes instala não permitem a colocação de módulos de comunicações o que impossibilita a implementação de regulações de fluxo, ficando-se sempre aquém dos valores globais de redução que se pretendem atingir (70% de redução de consumo).»
O relatório frisa que se a CMC optasse pelos seus próprios meios para obter a rapidez de substituição, com as condições de controle maior com a iluminação pública e velocidade na substituição, os custos rondariam: 6.000.000 Euros para substituição das lâmpadas por LED; a somar 2.000.000 Euros para tecnologia inteligente de gestão, mais uma contratação de uma empresa que tivesse conhecimentos de gestão destes tipos de equipamento.
Mesmo que se aponte uns 10.000.000 Euros (6.000.000 Euros+2.000.000 Euros +2.000.000 Euros) para a Câmara de Coimbra assumir a substituição rápida e sem que fizesse contrato a 15 anos com a empresa espanhola SIFISA.
O relatório da Câmara de Coimbra faz as contas com a empresa SIFISA e aponta que o contrato com a «“SIFISA Ingeniería Electrónica e Informática S.L” pelo valor de 47.250,00€+IVA e um prazo de execução de 60 dias, contados a partir de 05/09/2023, terminando em 05/11/2023» inicia o processo de contratualização.
A estes 47.250 Euros +IVA, acrescenta o cálculo de pagamento à SIFISA - no ano zero vai ganhar mais 980.318,54 Euros . Ganhando a empresa espanhola, só nesse ano zero, 1.027.568 Euros. Depois nos 15 anos seguintes (na realidade são 16 anos se somarmos ao ano zero) a empresa fica com 17 799 526,46 Euros mais IVA. Se somarmos os 1.027.568 Euros, do ano zero, ao que ganha nesses 15 anos -17.799.526,46 Euros vai dar a módica quantia de 18.827.094,46 Euros mais IVA.
Perante as contas apresentadas, no próprio relatório elaborado pela Câmara de Coimbra, se o custo fosse comportado todo pela CMC iria dar cerca de 10.000.000 Euros (mais IVA). Mas o executivo da CMC decidiu dar mais 8.827.094 Euros do dinheiro público para a contratualização de uma empresa espanhola.
Mais umas contas necessárias para termos uma melhor perceção da realidade: se dividirmos o valor expectável à empresa espanhola durante os 16 anos - os 18.827.094,46 Euros pelos cerca de 23.119 iluminações públicas que serão substituídos dá uma módica quantia, sem IVA, de 815 Euros por candeeiro. Enquanto se fosse a CMC a assumir a gestão da iluminação pública cada candeeiro ficaria a 433 Euros.
Teremos que considerar que um concelho que tem uma das Universidade mais antigas, que tem o melhor ninho de empresas (Instituto Pedro Nunes), de grande importância na área da alta tecnologia, como é que não encontra um sistema mais económico do que o contrato que vai fazer?
Não se questiona o profissionalismo da empresa a contratar, mas deve-se questionar a gestão do dinheiro público.
A economia portuguesa está muito abaixo da economia espanhola e basta ver os ordenados pagos em Espanha e em Portugal.
Vale a pena refletir bem.