Os Rostos do Padrão – Frei Henrique de Coimbra
Henrique Soares nasceu em Coimbra, por volta de 1465, tendo ficado conhecido como Frei Henrique de Coimbra.
Henrique Soares era magistrado, tendo desempenhado o cargo de Desembargador da Casa da Suplicação de Lisboa, o mais alto tribunal do sistema judiciário português. Acabaria por trocar a sua vida secular por uma religiosa, professando votos no Convento de Alenquer, tendo-se tornado missionário da Ordem dos Frades Menores, mais conhecida como Ordem dos Franciscanos.
O Frei Henrique de Coimbra acompanharia Pedro Álvares Cabral na viagem em que este descobriria o Brasil. Henrique de Coimbra ficaria célebre por ter celebrado a primeira missa em território brasileiro, a 26 de abril de 1500, encontrando-se a dirigir um grupo de oito religiosos que deveriam ajudar a evangelizar o Oriente. Em Angediva, conseguiria batizar um número satisfatório de nativos, mas em Calecute, apesar do sucesso inicial, a reação adversa do Samorim poria termo ao esforço evangelizador, acabando por ser mortos cinco dos missionários.
Retornando a Portugal em 1501, Henrique de Coimbra seria nomeado pelo Rei D. Manuel I Bispo de Ceuta, Primaz da África e Administrador Apostólico de Valença, sendo a nomeação confirmada pelo Papa Júlio II a 30 de janeiro de 1506.
Em 1512, o Frei Henrique celebraria um acordo com o Arcebispo de Braga, D. Diogo de Sousa, que levaria à inclusão de Olivença no território do bispado de Ceuta, aí estabelecendo a sede da sua diocese. Nesta localidade, Henrique de Coimbra construiria os paços episcopais, o tribunal, o aljube, e a igreja de Santa Maria Madalena, que serviria como Sé Catedral.
Henrique de Coimbra viria a falecer em Olivença, a 14 de setembro de 1532, tendo os seus restos mortais sido depositados na igreja que aí mandara construir. A sua figura encontra-se representada no Lado Poente do Padrão dos Descobrimentos.
Miguel Louro
Nota:
UM CONIMBRICENSE QUE QUASE NINGUÉM CONHECE, e a quem a Câmara Municipal da altura (1999-2000) presidida por Manuel Machado recusou um monumento evocativo, numa das milhentas rotundas da cidade. Fosse um maçon da loja do edil ou mesmo um já morto, e até substituía a estátua do Mata-Frades. Também o inteligente Romero Magalhães, então a presidir à Comissão dos Descobrimentos, e com uma proposta, no âmbito da evocação do Descobrimento oficial do Brasil, foi contrário a esta iniciativa, dizendo que "...cheirava muito a incenso".
Pedro Dias