O PÁTIO DOS ENGANOS

Não falamos do caso que se passou no Pátio da Inquisição onde a autarquia de Coimbra ofereceu o espaço a Nirit Harel para instalar um “cowork”. Sem se conhecer os objetivos da iniciativa e o teor do entendimento entre a CMC e a empresária, que parece usufruir de invulgar espaço de manobra para contrair despesa em nome do Município. Também não falamos sobre a questão da impugnação a cargo do Município do registo da marca “Baixinova” feito pela empresária. A avaliar pela informação reunida pelo requerente, Nirit Harel terá cometido abuso de posição negocial.
Perante estas medidas pouco ou nada esclarecedoras devemos analisar apenas o número de empresas que não está diretamente ligado ao desenvolvimento económico da região apresentamos os dados fornecidos pela Iberinform onde a indústria, no Distrito de Coimbra, representa apenas 7% do total de empresas no distrito de Coimbra, mas contribuem com 36% da faturação.
Por outro lado, o setor dos serviços mantém-se como um dos mais expressivos com 44% das empresas, mas contribui apenas para 14% do volume de negócios da região. Os dados são da Iberinform que desmontam a crença que mais empresas significa um aumento de negócios e maior possibilidade de empregabilidade na região.
O caso de maior ou menor empregabilidade no Distrito ou no Concelho de Coimbra também não tem relação direta com o aumento ou diminuição de abertura de empresas. Segundo os dados da Iberinform, que são os mais recentes, indicam que 88% são microempresas, do total de empresas do Distrito de Coimbra, e 11% das empresas são pequenas e apenas 1% são empresas de média dimensão.
Mas o que é que isso quer dizer?
De acordo com a Recomendação 2003/361/CE, da Comissão, uma microempresa emprega menos de 10 pessoas e o volume de negócios anual ou balanço total anual não excede 2 milhões de euros, o que no Distrito de Coimbra representa 88% das empresas aqui sediadas.
Uma pequena empresa emprega entre 11 e 50 pessoas e o volume de negócios anual ou balanço total anual não excede 10 milhões de euros, no Distrito de Coimbra representa 11% e só 1% representa a designada ‘média empresa’ com uma empregabilidade entre 51 a 250 pessoas, onde o volume de negócios anual não excede 50 milhões de euros ou o balanço total anual não excede 43 milhões de euros. Mostrando que o número de empresas, também, não representa diretamente uma maior empregabilidade no Distrito.
No entanto em relação aos números de constituição de empresas o distrito de Coimbra aumentou 20% durante o ano de 2023 e se os números ficassem por aqui provavam, talvez, as boas práticas políticas para a captação de empresas por parte do poder autárquico. Mas os números têm que ser visto na integra e a verdade é que, também, houve um aumento de 18% de insolvências. Fecharam umas e abriram outras, o que no computo geral, do Distrito de Coimbra, houve só mais 2% de empresas do que já estava.
O Concelho de Coimbra continua a ser a localização de 44% das empresas do Distrito; seguido do Concelho da Lousã com 24% e do Concelho da Figueira da Foz com 13% e onde a atividade maior é a dos Serviços com 44% de empresas, mas com uma contribuição do volume de negócios de 14%.
A realidade é que mesmo com a informação e colocada no site oficial da Câmara Municipal de Coimbra que diz: “O Executivo Municipal aprovou, na reunião de Câmara de dia 29 de abril, a proposta de protocolo de colaboração entre o Município e a Instituto Pedro Nunes (IPN) Incubadora – Associação para o Desenvolvimento de Atividades de Incubação de Ideias e Empresas – que mantém um apoio financeiro no valor de 85 mil euros. A IPN Incubadora compromete-se a continuar a contribuir para a dinamização do ecossistema empreendedor do concelho e da Região de Coimbra.” A realidade dos dados são outros e não prova a “dinamização de ecossistema empreendedor do concelho e da Região de Coimbra”.
Por outro lado os contratos da Câmara Municipal de Coimbra, feitos pelo derrotado executivo municipal, deixam muito a desejar em termos do desenvolvimento económico de Coimbra.
AF
24-10-2025
