O INSUSTENTÁVEL PESO DO ABANDONO
O relatório da Polícia de Segurança Pública (PSP) aponta que na semana passada, entre segunda e quinta-feira, a PSP de Coimbra fez três detenções na zona urbana, por suspeita de tráfico de droga. Em média quase uma detenção por dia. Isto apesar da afirmação do presidente da Câmara Municipal de Coimbra, José Manuel Silva, que disse na abertura da Feira do Livro, em Coimbra, que disse: «Nós trouxemos para a baixa uma série de eventos culturais que estão a contribuir para uma nova dinâmica da baixa de Coimbra. Já não é a mesma baixa (para melhor) relativamente há quatro anos que estava muito mais abandonada.»
Como O Ponney já relatou, na semana passada, é visível o abandono a que está a área da Baixa de Coimbra, mesmo pertinho do edifício da Câmara Municipal de Coimbra e as suas devidas consequências na questão da segurança. O presidente da Câmara disse, também na abertura da Feira do Livro de Coimbra, que «o facto de haver mais pessoas a circular também lhe confere maior sensação de segurança» - é verdade, mas aumenta o abandono na Baixa de Coimbra.
Perante mais um caso de violência registado na noite do passado fim-de-semana, a Câmara respondeu que «só nos regimes ditatoriais não há “crimes”, não porque não aconteçam, mas porque não há liberdade de imprensa para os relatar e porque a própria violência do regime é inibitória de outras formas de comportamentos menos regulares.» Esta afirmação do executivo Municipal de Coimbra é contraditório, na medida em que o mesmo executivo tem colocado em Tribunal vários casos de relatos jornalísticos e por opinião política, num alegado combate à liberdade de expressão.
A autarquia considera ainda, e segundo o diário “as beiras”, que «apesar de mais um pequeno episódio em ambiente de discoteca, possivelmente relacionado com atos ilícitos e com o seu alegado autor já devidamente identificado e sob custódia da PSP, Coimbra é uma cidade segura, razão pela qual cada pequeno episódio de alteração da ordem pública é motivo de notícia.» Desconsiderando, alegadamente, a notícia no diário “as beiras”, pois considera o caso como um “pequeno episódio em ambiente de discoteca” e ainda faz o julgamento dizendo que “possivelmente relacionado com atos ilícitos e com o seu alegado autor”.
O Ponney destaca que o presidente da Câmara municipal de Coimbra, José Manuel Silva, afirma um facto devidamente de acordo com o senso comum quando diz «o facto de haver mais pessoas a circular também lhe confere maior sensação de segurança», esse é o papel maior da CMC. Criar condições para que haja mais gente a circular, não apenas em dias de eventos, mas de forma regular e com estratégia de modo a pensar em toda a zona urbana. Como um todo.
O Ponney traz o resumo de sete pontos retirados do estudo feito pela equipe de pesquisadores de futuro (liderada pelo Ph.D. Tuomo Kuosa, autor de The Evolution of Strategic Foresight - livro publicado no dia 11 de Outubro de 2016 por Routledge
) que estudou uma grande variedade de tendências e fenómenos futuros. que são temas-chave exibidos no radar de previsão Future Cities alimentado pela Futures Platform. Talvez para servir ao novo executivo recolher estes dados para um correto planeamento:
1.Mudanças Demográficas : Como serão as futuras populações urbanas?
2.Construção e Urbanização : Que tipo de estruturas urbanas deverão ser para um futuro mais sustentável?
3.Trabalho e Receita : Como é que as pessoas trabalham e ganham a vida dentro de que zonas urbanas?
4.Serviços : Que tipo de serviços públicos e prestadores de serviços privados utilizarão com mais e menos frequência?
5.Lazer e Interação Social : Como é que a população passa o tempo e o que valorizam?
6.Transporte : Como é que as pessoas se movimentam no ambiente urbano? Este é um dos grandes problemas de Coimbra.
7.Segurança e Proteção : O que há de diferente em relação à segurança e proteção em comparação com os ambientes urbanos de hoje?
É absolutamente necessário que se faça a recolha de, pelo menos, estes sete pontos e não apenas afirmar-se: «A Câmara Municipal tem-se articulado com as forças de segurança, conhece a qualidade e efetividade do seu trabalho e sabe que as situações que vêm a público vão sendo progressivamente resolvidas de modo discreto e eficaz. Por conseguinte, as pessoas podem estar tranquilas» - como disse o presidente José Manuel Silva. A questão é que há mais elementos integrados para uma reabilitação da Baixa de Coimbra.
Será que com mais planeamento se poupa mais dinheiro investido, mesmo que venham de projetos europeus?
JAG
27-06-2025