MAIS CRIMES AMBIENTAIS
Não há dados concretos sobre quantas árvores, de grande porte, foram abatidas entre 2022 a 2025. Mas estima-se mais de 1000 grandes árvores foram abatidas no Concelho de Coimbra neste período de tempo. Agora está em estudo a construção de um viaduto sobre o Choupal.
O Ponney já noticiou que cortar árvores numa cidade é, também, cortar anos de vida e reduzir a qualidade de vida dos seus habitantes. Segundo um estudo da equipa de cientistas (de Kim et al., na revista Science Advances, em 2023) mostrando que as pessoas que viviam rodeadas de árvores apresentavam uma idade biológica mais jovem. Esta medida baseia-se na metilação do DNA, que está associada a doenças e mortalidade precoce. De uma forma simples: estar próximo de árvores e espaços verdes não só faz bem, como atrasa biologicamente o envelhecimento.
No entanto não parece que é assim que pensa o atual executivo municipal de Coimbra pela recente proposta de construção de um novo viaduto do IC2 sobre a Mata Nacional do Choupal, recentemente reintroduzida no debate político local pelo “Juntos Somos Coimbra”.
Esta seria a solução para resolver os congestionamentos de trânsito na Rotunda do Almegue. No entanto a solução apresentada pela candidatura de “Juntos Somos Coimbra” representa um grave erro estratégico e ambiental. Aumentando os erros de más políticas ambientais.
Segundo os próprios dados apresentados pelo executivo municipal, cerca de 60% do tráfego que chega à Rotunda do Almegue corresponde a trânsito de atravessamento, isto é, veículos que não têm como destino a cidade de Coimbra, mas que utilizam o IC2 para circular pelo centro urbano. Assim, o diagnóstico aponta para um excesso de tráfego de passagem na cidade.
No entanto, a solução apresentada, a construção de um viaduto com cerca de 1.300 metros de extensão que atravessará a Mata Nacional do Choupal, não só agrava o problema, perpetuando o trânsito de atravessamento em pleno coração de Coimbra como coloca em causa um dos mais importantes espaços verdes da cidade que é o Choupal.
Sendo, este “pulmão de Coimbra” um património natural e cultural de enorme valor, essencial para a regulação térmica e a qualidade do ar de Coimbra. A construção de uma infraestrutura rodoviária desta dimensão, com milhares de veículos a circular 24 horas por dia, terá impactos ambientais significativos sobre a fauna, a flora e o equilíbrio ecológico da mata. Projeto semelhante já obteve parecer ambiental negativo em 2009, apesar da insistência desta lista candidata à governação da cidade.
O Ponney lembra que as políticas contra o ambiente na cidade de Coimbra já vem desde 2011, quando o anterior Presidente da Câmara de Coimbra, Manuel Machado, deu autorização para o abate de 56 árvores frondosas no separador da Emídio Navarro, com o argumento que as árvores estavam doentes. Isto segundo um estudo mandado realizar pelo executivo anterior a Manuel Machado. A questão de se fazerem podas corretas às árvores nunca foi levantada, nem foi levantada a possibilidade de transplante das árvores, optando-se pela medida mais rápida: o abate.
Sendo ou não por razões fitossanitárias o certo é que o corte de grandes árvores no separador da avenida Emídio Navarro serviram muito bem o fim de se fazer a linha do MetroBus. Enquanto existiu o separador, em frente ao Jardim Manuel Braga, nunca mais foram plantadas árvores o que prova que o corte das 56 árvores ajudou ao traçado do MetroBus onde as “doenças destas árvores” foram providenciais ao traçado da MetroBus.
No atual governo autárquico, liderado por José Manuel Silva, médico, ainda mandaram cortar mais árvores na avenida Emídio Navarro. Aumentando o número de grandes árvores cortadas. Sendo prática comum, entre os executivos municipais, a continuidade de ajudar a reduzir os anos de vida e a qualidade de vida dos habitantes de Coimbra, segundo o estudo de Kim et al., na revista Science Advances, em 2023.
Na qualidade de médico e presidente da Câmara Municipal de Coimbra, alega que o abate é necessário para a implantação do sistema de transporte e que as árvores são incompatíveis com o traçado do MetroBus, tendo algumas árvores sido "condenadas" por razões de saúde das plantas desde 2013. Desconhecendo-se se o médico, que também é presidente da Câmara de Coimbra, tem ou não conhecimento sobre o estudo que, baseado na metilação do DNA, que está associada a doenças e mortalidade precoce. Alegadamente desconhece que a natureza em contexto urbano é particularmente restauradora, já que proporciona um descanso da atenção direta e forçada que a vida moderna e os ambientes urbanos exigem cada vez mais.
Agora esta proposta, viaduto que atravessa o Choupal, continua na senda de “políticas”contra a defesa do ambiente.
Na realidade há soluções para que não se continue a destruir o património ambiental em Coimbra.
O ClimAção Centro apresenta algumas das possíveis soluções para que não se estrague o “pulmão de Coimbra” aumentando os erros ambientais. Como por exemplo: a abolição das portagens entre Coimbra Norte e Condeixa, facilitando a circulação fora do perímetro urbano; ou a conclusão do troço da A13 entre Ceira e a Pampilhosa do Botão, desviando milhares de veículos do centro da cidade; entre outras possíveis soluções.
De qualquer forma é importante que qualquer decisão sobre a construção de novas infraestruturas junto à Mata Nacional do Choupal deve ser precedida de um amplo processo de auscultação pública. Procedimento que, alegadamente, o executivo municipal se tem esquecido de ouvir mais os seus habitantes.
AG
10-10-2025