História da Barca Serrana do Mondego

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O Rio Mondego foi, em tempos idos, uma via fluvial muito importante, desempenhando um papel de relevo no comércio da região de Penacova, onde havia vários portos, sendo o da Raiva o mais importante centro de embarque e desembarque de produtos.

 

A vida de muitos habitantes da região, sobretudo das povoações ribeirinhas, estava intimamente ligada ao rio os quais se dedicavam ao transporte de mercadorias, rio abaixo, rio acima, utilizando para o efeito uma barca, de nome “ Barca Serrana”.

 

O nome “serrana” deve-se ao facto de ir da serra carregada de lenha, carqueja e ramagem, que era vendida para os fornos das padarias de Coimbra e Figueira da Foz. Para além destes produtos, eram levados, também, vinho, milho, azeite, carvão vegetal, telha e cal. Na volta vinha carregada de sal, peixe, arroz e louça”.

 

A Barca Serrana terá sido inspirada em modelos da Mesopotâmia e é da família dos barcos da ria de Aveiro. Era uma embarcação que media usualmente entre os 15 e 20 metros de comprimento por 2,40 de largura. Possuía o fundo chato de forma a facilitar a passagem pelos baixios e era utilizada sobretudo para a navegação ao longo do rio, num trajecto entre a região de Penacova e a Figueira da Foz. Tinha capacidade para transportar cargas até aproximadamente 15000 quilos. As extremidades eram em bico de ponta levantada e permitia a colocação de uma vela de lona branca, que se apoiava num mastro que poderia atingir os 8 metros de altura a fim de substituir a vara na propulsão da barca.

 

Os barqueiros, eram gente pobre (pois esta profissão não enriquecia ninguém, era apenas uma forma de subsistência) andavam sempre de calças arregaçadas, e descalços.

 

A tripulação era habitualmente constituída por 6 homens. Ao subir o rio, em direcção a Penacova, em caso de carência de vento para empurrar a barca, quatro homens, depois de amarrarem uma corda no bico da ponta levantada, saltavam para a margem e à força de braços puxavam o barco – esta actividade, que exigia grande esforço, era conhecida como puxar o barco "à sirga”. Dos outros dois tripulantes, dentro da barca, um ocupavam-se do leme e outro fazia força na vara para impulsionar a embarcação.

 

Era uma profissão muito dura e que não teve seguidores. Actualmente esta profissão está extinta e a barca serrana é apenas um mero objecto de folclore, um vestígio de uma forma de vida que o tempo apagou.

Fonte: Central Penacova

Imagem retirada da net