ESCOLA ALICE GOUVEIA EXPÕE FALHAS NA COMUNICAÇÃO E FALHAS NO COMBATE AO “BULLING” ESCOLAR
A denúncia pública foi feita por Tatiana Correia, mãe de um aluno na Escola Básica Alice Gouveia, Solum em Coimbra, sobre agressões e ameaças sofridas pelo filho, que voltou a colocar o tema do combate ao “bullying” no centro do debate público.
O caso, revelado inicialmente nas redes sociais e depois noticiado pelo Notícias de Coimbra e pelo Diário de Coimbra, gerou uma onda de solidariedade e preocupação entre pais, encarregados de educação e sociedade em geral.
Segundo os comunicados de Tatiana Correia o seu «filho e outros alunos têm sido alvo de agressões físicas e ameaças por parte de três colegas já identificados». A mãe afirma que, apesar da queixa apresentada à PSP e de promessas de intervenção por parte da escola, as situações de violência persistiram. Tatiana Correia alega ainda que o seu filho não recebeu o devido apoio após uma das agressões, tendo sido ela própria a levá-lo ao hospital pediátrico e posteriormente à medicina legal.
Em publicações subsequentes, a mãe da criança vítima, sublinhou que o caso não deve ser lido sob qualquer prisma político, mas sim como um alerta urgente sobre a falta de segurança e de resposta eficaz nas escolas portuguesas. «O “bullying” é crime», afirmou, defendendo mais vigilância, acompanhamento psicológico e formação em empatia e respeito.
Carla Jesus, outra mãe com uma situação semelhante envolvendo a sua filha na mesma escola, juntou a sua voz à de Tatiana, denunciando episódios de violência e falta de acompanhamento adequado. A filha de Carla foi, segundo testemunhas, «apalpada por parte dos colegas, perseguida e ameaçada».
Após as denúncias tornarem-se públicas através das redes sociais, nomeadamente nas publicações de Tatiana Correia e Carla Jesus e da posterior cobertura por parte do Diário de Coimbra e do Notícias de Coimbra, a direção da Escola Básica Alice Gouveia foi contactada por diversos órgãos de comunicação social, incluindo O Ponney, que enviou perguntas formais à escola, mas até à data de publicação não obteve qualquer resposta.
Somente depois da divulgação pública dos casos, a 20 e 21 de outubro de 2025, é que as mães Carla Jesus e Tatiana Correia foram chamadas à escola - muito depois do caso e um dia após o tema ter ganho ampla repercussão mediática e social.
Depois de divulgados estes casos de “bullying” nas redes sociais e nos jornais, que significam segundo o portal https://www.sembullyingsemviolencia.edu.gov.pt/ : « é a prática de violência intencional e repetida na escola, que pode ser física, verbal, psicológica ou social, causando danos à vítima. Para combater o “bullying”, é fundamental que a vítima peça ajuda a um adulto e que o agressor seja repreendido» - a Escola Básica Alice Gouveia emitiu um comunicado interno dirigido à comunidade educativa, vários encarregados de educação consideram que a resposta da instituição “pecou por tardia”.
No comunicado divulgado pela escola, esta refere que tomou conhecimento dos factos e está a apurar responsabilidades, apelando à serenidade e ao respeito pela privacidade dos menores. Contudo, o documento não faz referência direta às queixas apresentadas, nem às alegações de falta de apoio imediato ao aluno agredido.
Outro dado relevante é que, segundo as mães ,Tatiana Correia e Carla Jesus, só depois da exposição mediática dos factos é que foram chamadas a uma reunião com um alegado representante da direção, o qual quis ouvir os seus filhos para «apurar os acontecimentos» e aplicar medidas educativas cautelares. O mais estranho, segundo as mães, é que apenas após o caso sair na comunicação social é que as crianças foram ouvidas apesar de a escola já ter emitido anteriormente um comunicado afirmando que «tudo estava a ser tratado internamente».
«Como é que um caso pode ser tratado internamente, e as crianças serem ouvidas só quando as noticias são publicadas?» Questionam, perante os factos, os encarregados de educação.
As duas mães afirmam ainda que falaram com um jornalista da SIC no dia 20 de outubro de 2025. Que, por regra interna da escola, entraram sem as câmaras de filmar. Mais tarde o jornalista da SIC informou que a reportagem seria transmitida no Jornal da Tarde. No entanto, tal não aconteceu.
Tatiana Correia chegou a enviar uma mensagem ao jornalista questionando o motivo da não exibição, tendo este respondido que o caso de “bullying” foi «desviado para outro caso, relacionado com o abandono de um recém-nascido em Leiria e que o material seria enviado para Lisboa para ser trabalhado por outro colega.»
Até à data, a reportagem do que aconteceu em Coimbra ainda não foi exibida. Muitos pais questionam o que terá acontecido e se a direção da estação de televisão considerou este caso de “bullying” «sem relevância» - quando, por outro lado, o Governo Português considera estes casos de grande importância na discussão pública, criando, inclusivamente, um portal para prevenir o “bullying” nas escolas. A pergunta: «por que razão considerarem irrelevante este caso?», permanece sem resposta. O que aumenta a indignação pública e pode, em extremo, levar a respostas menos recomendadas.
Após a divulgação pública das notícias, Carla Jesus denunciou que a sua filha voltou a receber ameaças por parte dos mesmos alunos identificados como agressores, situação que reforçou o sentimento de impotência e de insegurança entre vários encarregados de educação. O caso de “bullying” torna-se ainda mais grave quando as autoridades não dão respostas concretas de apoios às vítimas, durante as averiguações como processos naturais.
Já o filho de Tatiana Correia encontra-se atualmente de baixa médica, enquanto a mãe afirma ter perdido completamente a confiança na Escola Básica Alice Gouveia, adiantando que pretende transferir o seu filho para outro agrupamento escolar «com receio de que algo de pior aconteça» - numa clara atitude de impotência e de falta de resposta clara por parte das autoridades, pois o filho na quarta-feira (22 de outubro) recebeu mensagens no telemóvel por intermédio da rede social do Instagram dos colegas agressores a humilharem a vítima no que é considerado “ciberbullying “.
Ambas as mães, e encarregadas de educação, sublinham que a sua luta não é apenas pessoal, mas em nome de todas as crianças que, em silêncio, continuam a sofrer com o “bullying” nas escolas portuguesas. Por isso deveria merecer mais atenção por parte das autoridades.
No portal “Escola sem bullying e sem violência” diz claramente que a vítima: «No limite, em alguns casos, pode levar à ideação suicida ou mesmo suicídio.»
Neste caso relatado a PSP confirmou a receção de queixas formais e a realização de diligências no âmbito do caso, incluindo exame médico-legal ao menor. As investigações prosseguem para averiguações, mesmo quando há mais testemunhas de casos idênticos que nos pediram sigilo por receio de piorarem as situações com os seus educandos - o que é contrário às recomendações emitidas pela Escola Segura.
O episódio volta a levantar a discussão sobre o papel das escolas na prevenção e resposta a situações de “bullying”. Especialistas em educação e psicologia sublinham que a falta de mecanismos rápidos de intervenção e a desvalorização de sinais de violência podem contribuir para a perpetuação de comportamentos agressivos e para o agravamento de traumas nas vítimas.
Casos como este não são isolados. A Associação Nacional de Diretores de Agrupamentos e Escolas Públicas (ANDAEP) tem alertado para o aumento de situações de indisciplina e violência em ambiente escolar, exigindo reforço de meios humanos e formação contínua para professores e auxiliares.
Em Portugal, o “bullying” é considerado crime quando envolve coação, ofensa à integridade física, difamação, perseguição ou ameaça. As penas podem variar entre multa e prisão efetiva, dependendo da gravidade e reincidência dos atos.
No seu último comunicado, Tatiana Correia reforça que «este caso não tem qualquer conotação política, racial ou xenófoba», e que «o que aqui se levanta é um grito de revolta perante o que está a acontecer, de norte a sul do país». A mãe apela à ação de todas as entidades responsáveis: «Queremos escolas seguras e inclusivas, onde todas as crianças possam aprender e crescer sem medo.»
O jornal O Ponney reafirma o seu compromisso com o rigor, a ética e a imparcialidade jornalística. Todos os factos aqui relatados foram verificados através de declarações públicas, comunicados oficiais e respostas institucionais disponíveis até ao fecho da edição. A redação mantém-se disponível para atualizar a matéria caso surjam novos desenvolvimentos ou esclarecimentos oficiais.
Casos de violência escolar exigem respostas rápidas, empáticas e transparentes. A comunicação aberta entre direção, professores, pais e alunos é fundamental para restaurar a confiança da comunidade educativa e evitar a escalada de conflitos. A ausência de diálogo e de esclarecimentos públicos apenas contribui para o aumento da desconfiança e da insegurança. Por trás de cada historia de “bullying” há uma vítima que sofre em silêncio. Que esta seja, mais do que uma noticia ou matéria de jornal. Que seja um claro apelo à empatia, à ação e à mudança. “Bullying” não é uma brincadeira. É uma forma de violência que destrói vidas.
Daniela Sousa
24-10-2025

