AS TROPELIAS DA SAÚDE EM COIMBRA

AS TROPELIAS DA SAUDE1

 

No dia 16 de Setembro do ano de 2021, quando estávamos em plena campanha para as Eleições Autárquicas, o Primeiro-ministro António Costa garantia em Coimbra, ao lado do candidato Manuel Machado, que o Hospital dos Covões "não vai morrer" e que a nova maternidade de Coimbra "vai fazer-se".

As duas garantias que levaram ao rubro a plateia socialista que encheu o Teatro Académico Gil Vicente em Coimbra, ainda continuam por cumprir. O Hospital dos Covões não fechou, mas foi desmontado aos bocadinhos e a nova maternidade continua por cumprir.

Com António Costa presente na campanha autárquica era preciso prometer forte e assim foi. O que levou a que os socialistas, crentes, deixassem as bandeirinhas de lado e levantaram-se para fazer uma forte ovação ao que agora se entende como promessas vazias.

O anterior presidente da Câmara de Coimbra e candidato, Manuel Machado, chegou a pedir publicamente ao Primeiro-ministro António Costa o "pleno aproveitamento do Hospital dos Covões e por isso lutaremos" e em dose dupla disse que contava "com o governo para se concluir o processo para a construção urgente da nova maternidade de Coimbra".

Perdidas as eleições locais, mas continuando o Governo de António Costa que acabou por não cumprir a promessa numa maior aposta da Saúde em Coimbra.

O candidato que ganhou, José Manuel Silva, pelo partido Nós Cidaãos e que encabeçou a coligação (PSD/CDSPP/Nós,Cidadãos!/PPM/Aliança/Rir/Volt), disse à Lusa: "O senhor primeiro-ministro tem três semanas a partir de agora para anunciar o local e a construção da nova maternidade". Isto dito em Setembro de 2021.

Claro que este ultimato também foi esquecido, fazendo esquecer ainda mais o Concelho de Coimbra.

Em Coimbra quer o Hospital Universitário de Coimbra (HUC), quer o Hospital dos Covões rebentam pelas costuras. Como provou a grande afluência de pessoas ao serviço de urgência na passagem de ano de 2023 para 2024. Onde dezenas de ambulâncias ficaram à porta, paradas várias horas, à espera que fossem devolvidas as macas.

Os doentes aguardaram nas macas das ambulâncias no interior dos hospitais, uma vez que não havia camas disponíveis e as ambulâncias só podiam regressar com as macas. Em algumas corporações, a espera foi de várias horas, o que levou a que as equipas de tripulação tivessem que ser rendidas.

Enquanto o Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) e o IPO de Coimbra viveram, e ainda vivem, momentos de saturação o Hospital Compaixão, de Miranda do Corvo da Fundação ADFP, passou por dificuldades burocráticas e de embirração política para abrir.

Em comunicado os responsáveis da unidade hospitalar salientam que “finalmente, ao fim de cinco anos, doentes do CHUC começaram a ser transferidos para o Hospital Compaixão”, salientando que com esta “decisão o Serviço Nacional de Saúde (SNS) evita desperdícios de centenas de milhares de euros por ano”.

O Hospital Compaixão reafirma que “os doentes e familiares terão uma resposta com maior comodidade e humanização de cuidados, deixando de ser transferidos para uma unidade privada, longínqua, em Albergaria-a-Velha, Aveiro”.

“Congratulamo-nos por finalmente podermos começar a cooperar com o SNS e CHUC e com a recém-criada Unidade Local de Saúde de Coimbra. Acreditamos que o Hospital Compaixão pode cooperar com esta nova Unidade de Saúde de Coimbra contribuindo para a melhoria dos cuidados de saúde das pessoas do Pinhal Interior e nomeadamente dos concelhos de Góis, Lousã, Miranda, Pampilhosa, Penela e Poiares”, lê-se no artigo do jornal Notícias de Coimbra.

“Em Portugal, com tantas carências, é errado não promover um racional aproveitamento de recursos pela cooperação entre o SNS público e o sector de solidariedade social sem fins lucrativos”, acrescenta a direção do Hospital.

Apesar do esforço gigante dos profissionais de Saúde e de algum empreendedorismo sem fins lucrativos, ainda falta um plano claro e com visão para o futuro sobre a Saúde em Coimbra e em Portugal.

AF