ONOMATOPEIA
Ding Dong!
Ao ouvir o som da campainha da porta, foi a arrastar os chinelos ( rac,rac,rac ), pelo chão, tirou a corrente de segurança ( crrr, crrr ) e abriu-a ( nhriaaac ). Ia perguntar o que desejava a pessoa que tocara à porta, quando um sonoro trrim, trrim, ecoou na sala. Pediu-lhe que esperasse um minuto e foi atender o telefone. Voltou, de novo a arrastar os chinelos ( rec,rac,rac ), quando soou um estridente ffsssst e logo a seguir o ribombar de um foguete, pum, pum, catrapum...
O cão, de rabo entre as pernas aproximou-se a ladrar ( auuu, auuu ), com medo do estralejar do foguete. Pelo caminho, pisou sem querer o rabo do gato que se assanhou ( fcch.... ) e miou ( miaauuu) alto.
Do quintal vinha um cheiro desagradável ( nhaacc ) e até as galinhas desataram num tremendo berreiro ( cócóró, cócóró,có,có ) com o estrondo do foguete final ( Cabuuum... ).
-----------
Foi assim que o Luis, que sonhava ser escritor, iniciou o seu romance.
Estava agora num dos capítulos em que tentava descrever o afogamento de uma personagem. Para saber como havia de o descrever, foi ao lago, desancorou o seu barquito e depois de andar uns metros nas profundas águas, abriu-lhe um buraco no fundo com um machado ( crachcabruum, crachcabruum ...).
O barco, com ele dentro, afundou-se. E foi então que ele descobriu, satisfeito, como era o barulho do afogamento. Assim já podia escrever isso no romance:
Bloug, Glub, Glub, Gluuub....
Infelizmente, como nunca aprendeu a nadar, não sobreviveu para retomar a escrita...
Imagem da net
Rui Felicio