O TELETRABALHO VEIO PARA FICAR?

Graças às novas tecnologias, foi de grande importância em tempo de pandemia. Mas esta prática tanto na Função Pública como em pequenas e médias empresas, parece que veio para ficar.

Mas quais as vantagens e as desvantagens?

Tudo na vida tem um meio termo. Ter um dia ou no máximo dois dias de teletrabalho até é bom para o trabalhador. Mas que pelo menos vão às empresas, 3 vezes por semana. O convívio com colegas, o ter que sair de casa, mesmo tendo que enfrentar trânsito, transportes públicos, é saudável. Socializar!

Ficar em casa todos os dias, isola as pessoas, torna-as rotineiras, individualistas e só o fato de muitas vezes estarem de calças de pijama e chinelos e quando têm uma vídeo conferência, toca a vestir uma camisola, pentear e está feito, a mim arrepia-me.

Para as empresas também sabe bem, pois diminui custos, de eletricidade, internet, limpeza dos espaços etc.
Quantas vezes ligamos para Departamentos Públicos e não nos conseguem esclarecer porque a pessoa naquele dia está em teletrabalho? Quantas falhas aparecem, pois não estando nos locais de trabalho, perdem-se informações?
Muito se poderá dizer sobre esta nova modalidade. Por experiência vivida, vejo coisas negativas e outras, poucas, positivas.

Por exemplo, vi o meu filho em casa, na altura do covid, onde fez metade da Licenciatura e foi horrível. Um jovem precisa de sair, conviver, frequentar o local de ensino. Mas foi um mal necessário, tratava-se de saúde pública.
Minha filha também por causa do covid, esteve em teletrabalho, mas depois a empresa continuou com essa filosofia.

Era demais! Trabalhava muito mais horas, sempre metida em casa, às vezes via por exemplo uma peça de roupa que gostava e não comprava, para quê?
Para estar em casa?
Ao fim de quase 3 anos, notei que ela estava a entrar num estado de desânimo que me assustava.

Já nem falo, nos gastos que fui eu que tive que suportar. Luz, internet e outras coisas.
Convenci-a a concorrer a outro trabalho. Abençoada hora! Conseguiu lugar noutra empresa, também sediada em Lisboa e apesar de me custar vê-la sair de casa, logo, logo, notei diferença na disposição dela.

Agora, convive, tem uma vida normal e a empresa dá um dia por semana de teletrabalho que ela muitas vezes consegue conjugar com um fim-de-semana mais longo em Coimbra.
Tem mais custos como é evidente, o alojamento e viagens não ficam nada baratos, mas vale bem a pena ter esses custos mas ter uma vida social, trabalhar na área dela e vê-la feliz!

Eu tive a experiência de estar uma semana e tal em teletrabalho. Esqueçam! Há profissões em que não dá mesmo. Uma Secretária, não consegue trabalhar a partir de casa. Impossível. Quando houve novo recolher obrigatório, todos foram para casa e eu estava sozinha na empresa.

Em termos de sociedade, o teletrabalho gera mais injustiças e fossos ainda maiores. Quantas profissões existem em que não é possível trabalhar a partir de casa? Um operário fabril, por exemplo pode trabalhar a partir de casa? Não. As forças de Segurança, Bombeiros, o pessoal da área da saúde e tantos outros.
Assim sendo, a meu ver, não considero o teletrabalho nada abonatório para uma sociedade saudável e justa.

Assunto que deve ser bem ponderado. O teletrabalho para quem gosta de trabalhar, gosta de desafios e gosta de conviver com os outros, pode levar a uma total desmotivação. É o que as empresas querem e precisam? Colaboradores desmotivados?

E na Função Pública muito sinceramente não vejo lógica alguma! Quantos trabalham a fazer frete e no deixa andar. Pois estando em casa é outra coisa!

Rosário Portugal