A EUROPA É COMO OS INTERRUPTORES

TOPINHAS7

 

Como se dizia nos programas do humorista Heraman José: “a vida é como os interruptores, Umas vezes para cima outras para baixo”.
A Europa, dos países da União Europeia, também ligam e desligam a luz. Ora é neste momento, às portas das eleições (Domingo, 9 de Junho de 2024), que deveremos pensar bem como escolher os eleitos para representarem Portugal na Europa para nos acenderem ou apagarem luzes.

Eu começo por lembrar que há 79 anos atrás, em Fevereiro, houve o último ataque aéreo aliado à cidade de Dresden que terminou a Segunda Guerra Mundial na Europa. O bombardeamento é uma expressão dos conflitos devastadores que eclodiram repetidamente entre estados europeus vizinhos até ao final desta última guerra, iniciada pela Alemanha e que envolveu muitos países do mundo.

Hoje existe paz entre os estados da União Europeia há 79 anos. Através da integração económica e, posteriormente, política, a UE e os seus antecessores ajudaram a promover a reconciliação entre os vizinhos europeus e a criar uma paz duradoura na Europa. Não nos podemos esquecer deste momento que iluminou a paz na Europa.

Contudo, umas nuvens negras começam a acumular-se agora sobre o projeto de uma Europa unida. Neste momento o interruptor está em posição para desligar a luz na Europa.

O populismo antieuropeu (discursos vindo das extremas Esquerdas e Direitas); a crise do Brexit (mesmo quando os países da Europa, talvez por educação diplomática, não falavam das colónias da Inglaterra como a Irlanda do Norte, a Escócia e o País de Gales); e as crescentes discrepâncias políticas dentro da comunidade são motivo de preocupação para a escuridão que se adivinha.

As conquistas pela luz, feitas no passado, parecem estar a ficar em segundo plano e a UE está a perder o seu apelo.

Lembro que na sequência das eleições europeias de Maio de 2019, a UE estabeleceu uma série de prioridades para a agenda estratégica e política até 2024. Destinam-se a ajudar a encontrar respostas para os maiores desafios que a UE e os seus cidadãos enfrentam. Esta Agenda, criada com a participação dos diferentes governos de cada um dos países da UE, serve de ponto de partida para as prioridades políticas da Comissão Europeia, que define antes do início oficial do seu mandato de cinco anos.

Na sua Agenda Estratégica 2019-2024, o Conselho Europeu identificou um total de quatro prioridades principais para orientar o trabalho das instituições da UE ao longo destes cinco anos. Ora esta Agenda estratégica também define como as prioridades podem ser implementadas.

Começa por proteger os cidadãos e as liberdades reforçando a resiliência da UE às catástrofes naturais e de origem humana. A aceitação e a proteção de quem necessita é uma das primeiras medidas que nunca deve ter falta de luz. A Europa tem esta missão de acolher e perde o sentido se virar as costas às pessoas necessitadas. Deverá haver medidas de segurança? Claro. Mas não pode ser condição para a UE virar as costas ao humanismo.

Desenvolvimento de uma base económica sólida e dinâmica. O Euro é uma moeda necessária se for construida sobre absoluta justiça social.

Alcançar uma Europa com impacto neutro no clima, verde, justa e social - esta medida não pode ser radical ao ponto de asfixiar os agricultores, nem pode ser oposta ao discurso ecológico. Investir em iniciativas verdes para melhorar a qualidade do ar e da água, promover a agricultura sustentável e preservar os sistemas ambientais e a biodiversidade. Acelerar a transição para as energias renováveis e a eficiência energética, reduzindo ao mesmo tempo a dependência da UE de fontes de energia externas. Implementação do Pilar Europeu dos Direitos Sociais.

Promover os interesses e valores da Europa no mundo - Construir uma política externa sólida baseada numa política de vizinhança ambiciosa com 16 dos vizinhos orientais e meridionais mais próximos e numa parceria abrangente com África. Promover a paz, a estabilidade, a democracia e os direitos humanos no mundo. Garantir políticas comerciais sólidas, consistentes com o multilateralismo e a ordem internacional baseada em regras. Mais responsabilidade pela segurança e defesa, trabalhando em estreita colaboração com a NATO.

Manter esta agenda equilibrada é colocar o interruptor para cima dando luz à Europa. Proponho que cada um de nós tenha este critério na escolha dos representantes portugueses na UE.

António Pinhas