PODE O SER HUMANO SER IMORTAL?

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A imortalidade (ou vida eterna) corresponde ao conceito de viver como uma forma de vida física ou espiritual durante um período infinito ou inconcebivelmente vasto de tempo. Como a imortalidade é a negação da mortalidade, não morrer ou não ser sujeito à morte tem sido objeto de fascínio pela humanidade, pelo menos desde o início da história. A Epopeia de Gilgamesh, uma das primeiras obras literárias da humanidade, que remonta a meados do século XXII a.C., é essencialmente a busca de um herói pela imortalidade.

Esta questão que abrange a possibilidade da existência de uma forma de vida humana interminável, podendo abranger também a existência da alma e de sua duração. Este foi sempre a grande razão da religião, assim como o objeto de especulação, fantasia e debate.

Ainda não há provas de que a imortalidade humana é uma condição possível e as formas biológicas têm limitações inerentes, que podem ou não ser capazes de serem superadas através de intervenções médicas ou técnicas. Em 2009, descobriu-se a imortalidade biológica em pelo menos uma espécie, o Turritopsis dohrnii, também conhecida como medusa imortal, pertence à classe dos hidrozoários e é uma das espécies considerada biologicamente imortal, isto é, pode em determinadas fases do seu ciclo de vida voltar ao seu primeiro estado de vida e formar um novo elemento de si próprio. Isto acontece, apenas quando é submetido a um ambiente agressivo ou quando sofre traumas físicos acaba por gerar clones (cópias genéticas) do animal original. Como consequência, é possível haver uma explosão demográfica mundial do organismo.

Adeptos ao transumanismo, cientistas, futurólogos e filósofos, como Ray Kurzweil, defendem que a imortalidade é possível em humanos, já nas primeiras décadas do século XXI, alcançável através da engenharia genética e implantes tecnológicos, enquanto outros acreditam que o prolongamento da vida seria uma meta mais viável, num futuro ainda indefinido, a depender de maiores avanços da ciência, medicina e tecnologia. Aubrey de Grey, investigador que desenvolveu uma série de estratégias de rejuvenescimento biológico, para inverter o envelhecimento humano (chamado SENS), acredita que sua proposta para acabar com o envelhecimento pode ser implementável em duas ou três décadas. A ausência de envelhecimento proporcionaria aos seres humanos a imortalidade biológica, mas não invulnerabilidade à morte por lesão física: com base em dados estatísticos de 2002, a probabilidade de um indivíduo morrer de tal modo seria de uma vez em cada mil e setecentos anos.

A verdade é que com um histórico razoável de previsões tecnológicas posteriormente confirmadas no currículo, o cientista da computação e futurista norte-americano Ray Kurzweil diz que os seres humanos podem conquistar a imortalidade até o fim desta década. Segundo ele, isso está atrelado ao alcance da singularidade entre a inteligência efetiva e a artificial.

Em 1990, Ray Kurzweil anteviu que um computador venceria humanos campeões mundiais de xadrez até o ano 2000. A primeira vez que isso aconteceu foi em 11 de Maio de 1997, quando o software Deep Blue, desenvolvido pela IBM, derrotou o campeão mundial de xadrez Garry Kasparov em uma partida de seis jogos.

Foram previstas pelo investigador científico, também, a ascensão de computadores portáteis e smartphones, a mudança para mais tecnologia sem fio e a explosão da internet – muito antes que tudo isso fosse óbvio para todos. Afirma que das 147 previsões que fez em 1990 sobre os anos que viriam até 2010, 115 se mostraram “totalmente corretas”, enquanto outras 12 estavam essencialmente corretas e apenas três totalmente erradas. O que demonstra o ídice de êxito. Ou seja, conforme destaca o site IFLScience, embora as alegações de imortalidade sejam ousadas, elas pelo menos não são totalmente descartáveis.

Imortalidade depende da “união” entre homem e máquina
Kurzweil tem vindo a fazer previsões audaciosas como essa há algum tempo. “2029 é a data consistente que previ para quando uma IA passará por um teste de Turing válido e, portanto, alcançará níveis humanos de inteligência”, disse ele ao site Futurism em 2017. “Eu estabeleci a data de 2045 para a ‘singularidade’, que é quando multiplicaremos nossa inteligência efetiva num milhão de vezes fundindo-nos com a inteligência que criamos”.

Em termos de imortalidade, Kurzweil acredita que, até 2030, seremos capazes de “aumentar a expectativa de vida humana em mais de um ano a cada ano”. Depois de 15 anos, com o alcance da singularidade, muitos de nós poderão ter “nanobots fluindo através da corrente sanguínea, fazendo reparos e ligando nosso cérebro à nuvem”.

Segundo Kurzweil, quando isso acontecer, poderemos enviar dados diretamente de nossos cérebros, bem como fazer backup de nossas memórias. Acreditando que este é o primeiro passo em direção a nos tornarmos “divinos”.

“Vamos ser mais engraçados. Vamos ser mais sexy. Vamos ser melhores em expressar sentimentos amorosos. Se eu quiser acessar 10 mil computadores por dois segundos, posso fazer isso sem fio, e meu poder computacional se multiplica na nuvem dez mil vezes. É isso que vamos fazer com o nosso neocórtex!”, profetiza o empolgado investigador científico.

Devemos começar a pensar o que podemos fazer com o nosso tempo. Se não atingirmos a imortalidade pelo menos é muito provável que consigamos perlongar a nossa vida muito mais do que os 100 anos.

JF