TEMOS QUE CHAMAR OS BOIS PELOS NOMES
Com os ruídos das campanhas políticas, para as próximas Autárquicas e Presidenciais a seguir, vai acabando por dissolver assuntos políticos graves que ficaram por resolver. Lentamente caiem dos meios de comunicação.
Mas não devemos esquecer o que já aconteceu por isso vou usar a expressão “temos que chamar os bois pelos nomes” que também serve para o presidente da República, pois é cidadão e não reizinho com súbditos.
Pela República temos que nos lembrar do chamado “Caso das gémeas”, que envolve o filho do presidente da República Portuguesa e ex-ministra da Saúde, pode denunciar conspiração e minimizar o alcance do escândalo, mas as escusas de declaração do filho do presidente e as audições da secretária da ex-ministra da Saúde são uma má notícia que poderia ter sido dispensada.
A realidade é que não pode haver ninguém acima da lei, mas parece que, em Portugal, ainda há portugueses de primeira e de segunda. No tempo do Estado Novo, tínhamos as pessoas que nasciam em Portugal Continental que eram consideradas “portugueses de primeira” enquanto as que, por sorte ou azar do destino, nasciam nas chamadas “províncias ultramarinas” de “portugueses de segunda”.
Manter esta escala, agora, entre os que têm apoio direto de quem tem poder ou que a ele está próximo, chamado entre os populares como “cunhas” são os “portugueses de primeira” e os outros são o resto, que no mínimo é muito triste e grave. Mas parece que este processo do “Caso das Gémeas” e do reconhecimento que há “portugueses de primeira” e os outros são “portugueses de segunda” se vai diluindo nas muitas parangonas dos noticiários e jornais.
Por outro lado a extrema direita em Portugal, na figura do partido Chega, começa a ganhar espaço, exatamente quando estas situações juntam-se aos muitos casos onde desde presidentes de juntas de freguesias até ao presidente da República são envolvidos em escândalos que são aproveitados para dar cabo da Democracia e do sentido da República.
Curiosamente, na esmagadora das vezes pertencentes ao Partido Socialista (PS)ou ao Partido Social Democrático (PSD) o que descredibiliza a bipolarização do poder e, na maior parte das vezes, é aproveitado para engrossar o partido de André Ventura, Chega, que se posiciona contra a corrupção e o abuso de poder. Posiciona-se, mas sem alternativa política - o que desmascara que o reivindicador é apenas “mais-do-mesmo”.
Esquecem os dirigentes dos partidos, sobretudo do PS e do PSD, que perante estas situações deveriam ter uma atitude firme contra estas situações de abuso de poder e de corrupção. A falta de firmeza dos partidos da bipolarização do poder são o verdadeiro “adubo” dos partidos radicais, sejam da ala Esquerda sejam da ala Direita.
Como diz bem o ditado “à mulher de César não basta ser séria é preciso parecer séria!” que é o mesmo que dizer que “ao Estado Português não basta ser sério, é preciso parecer sério”.
Com esta opinião me fico.
António Pinhas