POVOS VÂNDALOS
É comum quando estudamos Idade Antiga e Idade Média, falarmos sobre os famosos povos germânicos, os quais foram responsáveis por um dos mais marcantes acontecimentos da história, a Invasão e queda do Império Romano. Entretanto, vale ressaltar que, esses povos não eram unificados ou possuíam um império próprio, e sim, se tratavam de diversas tribos, que durante séculos se organizaram em prol de uma só ideia e objetivo: Adentrar-se nas terras de Roma.
Nesse contexto, temos alguns povos que se sobressaíram, tendo conseguido não somente invadir o território romano (contribuindo para sua queda), mas também, inaugurado uma nova era, com novos reinos e limites a serem respeitados. Um desses povos eram os chamados Vândalos, que tinham raízes celtas em sua cultura, tendo vindo, provavelmente, de algum lugar da Escandinávia, apesar de não se ter certeza absoluta sobre sua terra natal, a Noruega abrigava tribos com tronco linguístico semelhante.
Nas tribos vândalas, é possível identificar duas subdivisões, os Silingi e os Hasdingi, onde os primeiros habitavam a região da Magna Germânia e o segundo grupo se deslocou mais ao sul, sendo eles os principais povos que invadiram os territórios romanos. Após alguns conflitos, os Hasdingi se estabeleceram na região que hoje conhecemos como Romênia por volta do século V d.C., tendo posteriormente se movido mais ao oeste devido aos conflitos com os povos Hunos, que também emergiram no período.
Em meio a esse processo, três regiões foram ocupadas e tiveram sua cultura enraizadas na história, por exemplo, ao longo da jornada ao oeste, os Vândalos fixaram povos de sua cultura nas margens do Danúbio, Rio Reno e posteriormente, entraram em combate com os francos, onde mais de vinte mil Vândalos foram mortos, porém, consumaram a vitória quando foram auxiliados pelo povo Alano. Com os francos fora de seu caminho, invadiram a região da Gália e saquearam todos que estavam em seu caminho.
Esse povo ficou conhecido e temido pelo seu modo de agir, mesmo quando se assentavam em alguma região, uma parte de sua população sempre se deslocava e continuava a pilhar e saquear outras regiões, de tal modo em que no ano de 409 d.C., a península Ibérica estava quase totalmente habitada por Vândalos, pois tinha sido em partes desocupada pelos romanos, enquanto os que ficaram, foram subjugados ou reinseridos em novas culturas, e por lá ficaram até serem dominados pelos Suevos, outro povo germânico que estava em processo de ocupação dos territórios romanos.
O império romano já estava em processo acelerado de declínio, a Península Ibérica havia sido perdida e se sabia que, era questão de tempo até todo território ocidental ser tomado, tendo esse fator em mente, os Vândalos passaram a saquear Roma durante várias semanas consecutivas, até que uma frota foi enviada em 455 da parte oriental, para ajudar o Império Romano a resistir em sua capital e nos poucos territórios que os restavam. Ainda que boa parte dos Vândalos já tivessem se convertido ao cristianismo, a cultura de guerras e saques não os deixara.
Sobre seu declínio, o professor Antônio Gasparetto completa:
‘’O efetivo declínio dos Vândalos começou com uma crise interna que depôs o rei. Aproveitando-se da situação, Justiniano enviou à África, onde haviam se estabelecido os Vândalos, um corpo expedicionário, que teve apoio dos Ostrogodos e dos povos indígenas africanos, para derrubar o reinado dos Vândalos, sumindo da história em 534.
Atualmente, o termo Vândalo é utilizado para identificar saques bárbaros e destruição, mas a conduta de tal povo não foi diferenciada dos hábitos dos povos antigos que também saquearam Roma, o que torna a utilização relativamente injusta...’’
Em Estudos Históricos