PORQUE O POVO NÃO ACORDA?
Parte 1.
A sociedade nacional parece não crescer, nem dar conta dos sinais do tempo. Há um sentimento de radicalismo a crescer na sociedade e leis, a apertarem em toda a Europa, constrangido os cidadãos como se os canalizassem apenas num sentido único, aquele que os políticos querem de forma a que ninguém se vire e repare na vontade infindável que tem em se manterem no poder.
Por outro lado, e generalizando, há algo que o leitor já deve ter reparado nos meus textos: Não me queixo dos políticos, nem das suas ações.
Há minha volta, todos se queixam dos mesmos, todos dizem que são péssimos, não cumprem o prometido, nem fazem nada de útil. Apenas mandam os outros fazerem e tiram fotos. Muitas fotos. O que ninguém diz, ou idealiza, é: de onde vêm estes políticos?
Certamente que não caem do céu, não passam por uma membrana de outra realidade. Estes provêm de pais e famílias, lares, escolas, igrejas, empresas e universidades nacionais e são eleitos por cidadãos nacionais e se isto é o melhor que podemos fazer, se é o que temos para oferecer, se é isto que o nosso sistema produz, então não é nada mais do que “entra lixo, sai lixo”. Situação constante desde do tempo daquela famosa revolução.
Porque pedimos liberdade, que deu origem a libertinagem, se tivermos cidadãos egoístas, interesseiros e ignorantes, teremos também líderes egoístas e ignorantes e os limites do mandato não os travará de fazerem o que quiserem, devido à sua educação, religião, convivência e outros fatores. O leitor votante apenas irá acabar com um novo bando de pessoas fracas, egoístas, desinteressadas e ignorantes. Apenas o poder, dinheiro e interesses pessoais que recebem lhes interessa.
Os políticos têm tradicionalmente escondido atrás deles três valores: a bandeira, a bíblia e as crianças. Diz-se que nenhuma criança será deixada para trás.
Há uma razão pela qual a educação deste país é péssima e é a mesma razão pela qual nunca será arranjada, nunca irá melhorar e por isso deve ficar feliz com o que tem, porque os donos deste país não querem melhoramentos.
Agora falo dos verdadeiros donos, dos grandes e ricos interesses empresariais que controlam tudo e tomam todas as decisões importantes. Esqueçam os políticos, pois estes cedem em troca de bons lugares e ordenados.
Os políticos estão lá para nos dar a ideia de que temos liberdade de escolha, mas não temos, não há escolha. Temos donos, eles possuem-nos, possuem tudo, possuem todas as terras importantes, possuem e controlam as corporações que há muito tempo que compraram e pagaram os políticos.
O estado alberga as câmaras municipais, têm os juízes nos bolsos e são donos de todas as grandes empresas de comunicação social, por isso controlam quase todas as notícias e informações que se escutam, apanham-nos pelas “bolas” e gastam biliões todos os anos do nosso dinheiro a fazer lobby para conseguir o que querem. E o que querem eles?
Bom, nós sabemos que eles querem mais para si mesmos e menos para todos os outros. Por outro lado, o que não querem é uma população de cidadãos capazes de pensamento crítico, não querem pessoas bem informadas pois isso não os ajuda e é contra os seus interesses. Não querem pessoas suficientemente inteligentes para se sentarem à mesa e descobrirem o quão mal estão a ser levados por um sistema que os atirou ao ar há muitos anos.
Não querem que se saiba que querem trabalhadores obedientes, pessoas que sejam suficientemente inteligentes para operar as máquinas e tratar da papelada, mas suficientemente burras para aceitar passivamente todos estes trabalhos cada vez piores, com salários cada vez mais baixos, horas extraordinárias sem remuneração, o fim destas mesmas horas extraordinárias, benefícios reduzidos e valores de reforma que desaparecem no minuto em que se chega à idade.
Em breve, virão atrás do seu dinheiro da segurança social porque o querem de volta para poderem dar aos seus amigos criminosos das bolsas mundiais e, mais tarde ou mais cedo, irão conseguir. Vão tirar-nos tudo, apenas porque são donos deste mundo. Estamos num grande clube e nós, os comuns, não pertencemos ao mesmo.
Dizem-nos para acreditar nas suas promessas o dia todo, impõem-nos o que pensar e o que comprar, o que fazer. O jogo está viciado e ninguém parece notar, ninguém parece importar-se. Pessoas boas, honestas e trabalhadoras, de colarinho branco ou azul, não importa a cor da camisa que veste, pessoas de meios modestos, continuam a eleger estes indivíduos que não nos ligam nenhuma, não nos dão a mínima atenção, não se preocupam connosco de forma alguma.
O que me incomoda é que ninguém parece reparar, ninguém parece importar-se e é com isso que os políticos contam, com o facto de os cidadãos permanecerem intencionalmente ignorantes do estado todos os dias, porque os donos deste país querem assim. É preciso estar a dormir para acreditar.
Desta forma, e na minha opinião pessoal, talvez não sejam os políticos que são péssimos, talvez haja algo pior por aqui e provavelmente são os cidadãos comuns. Sim, os cidadãos, os nacionais do país, aqueles que apenas procuram dinheiro para lhes dar o mínimo de prazer, julgando que com o pouco que lhes é dado, podem ser alguém, mostrarem-se, serem independentes.
Na realidade, são escravos de algo maior que os condiciona monetariamente e legalmente e de acordo com o que os que tem o poder, o mesmo que querem impor aos restantes. Mas se a culpa dos maus resultados é realmente destes políticos, então onde estão todas as outras pessoas brilhantes e conscientes?
José Ligeiro