A BELEZA DO ENVELHECER

JO JONES87

 

Hoje decidi escrever um artigo no nosso O Ponney sobre um fenómeno que se torna cada vez mais evidente na nossa sociedade: a busca incessante pelo elixir da juventude.

Podemos começar com a famosa pergunta: "Espelho meu, espelho meu, há no mundo mais bela/o do que eu?"

Ultimamente, só se veem publicações que destacam a imagem renovada da atriz Alexandra Lencastre, um claro exemplo de um fenómeno social dos nossos dias. É importante frisar que não critico a Alexandra. Ela faz o que bem entender do seu corpo e, aliás, deve estar completamente despreocupada com o que dizem sobre si. Reconheço que já cansa ler sobre ela, mas depois de tanta leitura e tantas notícias, decidi abordar este tema.

A valorização excessiva da imagem parece ter eclipsado princípios fundamentais, fazendo com que muitas pessoas hipotecassem o seu futuro em prol da aparência. Para onde estamos a caminhar?

Alexandra Lencastre sempre se destacou como uma atriz de talento inegável, além de ser uma mulher de enorme beleza. Nos dias de hoje, em que a imagem carrega um peso significativo na sociedade, é essencial refletirmos sobre o processo natural de envelhecimento. Aceitar as mudanças que o tempo traz é um verdadeiro ato de amor próprio.

Manter um estilo de vida saudável, praticar desporto e cultivar relacionamentos que nos acrescentem são pilares que nos ajudam a envelhecer com dignidade. As rugas, que por vezes consideramos um sinal de imperfeição, são, na verdade, testemunhos das nossas vivências, das alegrias partilhadas e das lágrimas derramadas. Elas falam sobre a vida que levamos, repleta de emoções.

Recentemente, a figura da Alexandra tem gerado discussões acaloradas nas redes sociais. Enquanto alguns a admiram, outros criticam-na. É importante que, ao olharmos para a imagem que vemos no espelho, nos perguntemos se reconhecemos o que está refletido nele e se nos sentimos bem. A Alexandra que nos "visitou" ao longo dos anos, cuja beleza foi apreciada por tantas pessoas, será que ainda se reconhece? Contudo, a transformação da sua imagem, após vários procedimentos estéticos, deixou- nos muito perplexos. A sua aparência rejuvenescida, quase de vinte anos, já não reflete a verdadeira beleza que a tornou conhecida.

É visível que a intervenção estética alterou significativamente os traços que lhe eram característicos. A expressão do seu rosto parece ter-se esticado a tal ponto que, em algumas situações, já quase não consegue falar ou sorrir de forma natural. O aumento do volume dos lábios e as mudanças faciais deixaram de lado a autenticidade que muitos admiravam, fazendo com que a imagem que nos habituámos a ver pareça ter desaparecido.

Embora o seu talento como atriz permaneça intacto, a desconexão entre a sua nova aparência e a imagem original levanta questões sobre a pressão estética que existe na sociedade contemporânea. A busca incessante pela beleza perfeita pode, por vezes, levar a uma perda da identidade, criando um fosso entre quem somos e como nos mostramos ao mundo.

É fundamental discutirmos esta realidade, que afeta não só figuras públicas, mas também pessoas comuns que se sentem compelidas a mudar a sua aparência em busca de aceitação. A verdadeira beleza reside na autenticidade e na capacidade de aceitar as mudanças que vêm com o tempo, valorizando a história que cada ruga e cada expressão carrega. Eu gosto de franzir o sobrolho quando estou zangada e de fazer duas covas nas bochechas ao sorrir quando estou alegre. Tenho a idade da Alexandra e estou cheia de ruguinhas e cabelos cor de prata. Não farei intervenções, porque elas não vão apagar os anos e as experiências que vivi. Não vou hipotecar o meu futuro, nem ceder à constante oferta de clínicas no estrangeiro que prometem esticar tudo, colocar silicone em todos os buracos ou perfurar-te para tirar gordura. "Metem-te parafusos de rosca" para esticar a tua conta e engordar as contas bancárias dessas clínicas, muitas vezes oferecendo-te, como presente, a morte.

No final, talvez devêssemos lembrar que a verdadeira beleza está no jardim que plantamos e cuidamos no nosso interior.

Podemos mudar a imagem, mas a idade e o relógio do tempo continuam a passar, a marcar a nossa história e a nossa essência. Que possamos encontrar um equilíbrio entre cuidar de nós mesmos e manter a essência que nos torna únicos, valorizando, assim, a beleza que vem de dentro.

Bom fim de semana.
Boas leituras.
M. Jones