A CHINA DO EXTREMISMO POLÍTICO

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O assunto dos extremismos políticos está na ordem do dia e enchem páginas e páginas sobre estes assuntos. Talvez a maioria dos artigos, que abordam o extremismo político, foquem mais na extrema Direita. Neste artigo abordamos no nosso jornal, O Ponney, um artigo sobre uma política extremista de Esquerda que governa a China. Sendo que os extremismos e os radicalismos são perigosos para as populações, independentemente da sua proveniência.

O caso que abordamos é o da jornalista chinesa Zhang Zhan, que o único “crime” cometido foi o de investigar e informar sobre o caos vivido no epicentro da pandemia de covid-19, na cidade de Wuhan em Fevereiro de 2020, questionando a gestão do surto da doença por parte das autoridades. Tendo sido detida em Maio de 2020 (faz este mês 5 anos) e condenada a sete meses que depois passou para quatro anos de prisão por "provocar conflitos e problemas", uma acusação frequentemente utilizada pelo governo extremista da China para silenciar a dissidência.

Durante sua detenção na prisão feminina de Xangai, Zhang fez greve de fome e foi hospitalizada em 2021. A família de Zhang, que muitas vezes só conseguia falar com ela por telefone, enfrentou uma enorme pressão policial durante seu encarceramento, e os seus pais recusaram-se a dar notícias com medo que a sua filha encarcerada pudesse sofrer ainda mais retaliações como já vem sendo hábito na China desde a implantação do comunismo na China por Mao Tsé-Tung no ano de 1949.

A jornalista chinesa Zhang Zhan, e ex-advogada na China, foi libertada em 2024 depois de passar quatro anos na prisão pela cobertura da pandemia de covid-19 no país, segundo um vídeo publicado pela organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF). Zhang é, porém, alvo de forte de vigilância e a sua liberdade é muito limitada. Foi confirmado por uma curta gravação de vídeo fornecida por um intermediário.

Zhang Zhan disse em voz baixa que foi levada pela polícia para a casa do seu irmão mais velho em Xangai às 17 horas do dia 13 de Maio de 2024. Apareceu no vídeo a agradecer a todos pelo apoio, enquanto segurava as lágrimas. As suas últimas palavras foram: «Realmente não sei o que dizer.»

Pelo vídeo tudo indicava que Zhang Zhan já tinha recuperado parte do peso que havia perdido durante as greves de fome. Mas parecia pálida e cansada, com os olhos inchados. De acordo com uma amiga que conversou com ela no WeChat, Zhang Zhan conseguiu uma conta na rede social chinesa no dia 22 de Maio de 2024. Chegou a confessar à amiga que ainda “não se sentia completamente livre”. Expressando a sua preocupação e medo que os guardas que a vigiam pudessem roubar o seu telemóvel.

O facto de Zhang Zhan ter finalmente conseguido aparecer após este desaparecimento prova que o governo chinês responde à pressão da sociedade internacional.

O que é de estranhar é o facto de o Estado português, mesmo sendo de Direita, está muito preocupado com a ascensão dos extremismos, mas continuar a ter negócios institucionais com a China, apesar destes muitos casos que provam a tirania de abuso de poder do governo chinês.

Graças ao apoio de instituições não governamentais e de apoios individuais, hoje, é com alívio perceber que graças à pressão internacional passamos a ter boas novidades de Zhang Zhan, mas não significa que a jornalista esteja em completa segurança e bem-estar. Há um longo caminho a percorrer para que Zhang se recomponha totalmente da provação na prisão. Tal como outros antigos presos políticos, ela está sujeita a vigilância constante e permanente assédio intrusivo por parte do governo chinês. Correndo um alto risco de poder “desaparecer” ou ser presa novamente com mais um argumento descoberto à última da hora.

O caso da jornalista Zhang não é único e há muitos mais casos denunciados pela organização internacional não-governamental Human Rights Watch (HRW) que criou um comunicado em 2022, onde se pode ler que milhares de pessoas em várias cidades chinesas, incluindo Xangai, Pequim, Chengdu e Wuhan, tinham saído para as ruas protestando contra as “duras medidas anti-Covid-19”, denunciando também “o regime autoritário do Partido Comunista Chinês” num claro extremismo político.

Contava o documento que “Os manifestantes seguravam papéis em branco para simbolizar a censura — daí [serem chamados de] protestos do “Papel Branco”. Entoando palavras de ordem como ‘Fim da covid-zero’, ‘Queremos direitos humanos’ e ‘Abaixo o Partido Comunista!’. As autoridades perseguiram ou detiveram dezenas de estudantes, jornalistas e outras pessoas”, afirma-se no comunicado. Muitos dos detidos desapareceram.

O caso de Zhang deveria ser exemplo para que os países (incluindo Portugal) de forma institucional parassem os crimes do extremismo comunista na China.

JG
23-05-2025