BAIXA CADA VEZ MAIS EM BAIXO

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A Câmara Municipal (CM) de Coimbra apresentou no dia 10 de Março de 2025, um ponto de situação do “Plano Marshall para a Baixa de Coimbra”. Mas corresponderá à perceção de quem habita, trabalha ou visita as ruas da baixa de Coimbra?

O executivo da Câmara de Coimbra considera que a «estratégia global de revitalização do centro histórico, um documento estratégico com 137 medidas, das quais 63% já foram realizadas ou estão em curso, em áreas como a habitação, economia, mobilidade ou cultura.»

O documento foi apresentado no Salão Brazil, no centro da Baixa de Coimbra, pelo presidente da CM de Coimbra, José Manuel Silva, e pelos vereadores Francisco Veiga, Ana Bastos, Carlos Matias Lopes, Ana Cortez Vaz e Miguel Fonseca, com a falta do vereador com pelouro, Francisco Queirós (pertencente ao atual executivo). “Uma equipa ganhadora”- como assim considera o senhor presidente da Câmara de Coimbra, mas que não vai ter as mesmas pessoas que atualmente constituem o seu executivo, nestas Autárquicas 2025.

A realidade de quem trabalha, vive ou passa pela Baixa de Coimbra tem uma perspetiva bem diferente da percentagem de 63% do que já foi realizado do dito “Plano Marshall para a Baixa de Coimbra”. Como desabafou uma conimbricense: «A rua da Sofia, uma artéria principal, esta semana ainda não viu varredor! Só lixo, os passeios é vomitado, cocó é mesmo um nojo! De manhã vi o dono de uma loja a lavar o passeio à frente da sua loja, não sei porque pagamos taxas e taxinhas na fatura da água!nascida e criada em Coimbra nunca vi a minha cidade tão abandonada.»

Muito provavelmente a limpeza das ruas da Baixa de Coimbra fazem parte dos 37% que falta realizar do famoso “Plano Marshall para a Baixa de Coimbra”.

Outro conimbricense contra-argumentou: «Está quase igual ao que esteve durante 8 anos com o Machado... talvez até esteja ligeiramente melhor agora mesmo assim.» Depois das obras públicas nacionais que incomodaram os transeuntes de Coimbra, a via reservada para o “metroBus” abriu uma via, na Baixa, já decididas durante o executivo municipal anterior com o traçado do “metroBus”, por isso não deve fazer parte do “Plano Marshall para a Baixa de Coimbra”.

Para quem passa, por exemplo, na rua Adelino Veiga, uma das ruas com mais lojas comerciais, hoje encontra muitas lojas abandonadas e vandalizadas. Do “Plano Marshall” apenas encontra a decoração de cartolas na parte superior da rua. O executivo da Câmara Municipal de Coimbra investiu um total de 70.553,60 € (incluindo IVA) na decoração da Rua Adelino Veiga com cartolas coloridas e iluminadas, num projeto com intenção de dinamizar a Baixa da cidade e que contrasta com o que qualquer pessoa depara.

Apesar da diferença entre o que se vê e as intenções, o presidente da CM de Coimbra, José Manuel Silva, considera que o plano tem vindo «a ser aplicado desde 2022», mas o Executivo decidiu apresentá-lo em Março 2025 à cidade, considerando-o um documento aberto, «ávido de receber críticas construtivas», mas só a partir de 2025. Coincidindo, o ano, com as eleições Autárquicas de 2025

No entanto, cidadãos e o autarca concordam que há uma tendência na cidade para se olhar para a Baixa de «há 40 ou 50 anos», para «essa Baixa não volta mais». Deixou de haver a movimentação comercial que era típica da Baixa de Coimbra - aqui há concordância.

Com esta maior desertificação da zona central da cidade há o desejo político de se fechar ao trânsito. Dizendo José Manuel Silva que «a cultura do veículo individual não é sustentável para a cidade», sendo necessário apostar em transporte público e mobilidade suave. O Ponney considera interessante lembrar a afirmação do mesmo presidente da Câmara de Coimbra que justifica não usar os transportes públicos municipais (SMTUC) porque “trabalha 18 horas por dia”. Reconhece-se uma contradição política que não deverá existir entre o discurso e a ação.

JAG
26-09-2025