PENSAR MELHOR AS OBRAS EM COIMBRA

PENSAR MELHOR AS OBRAS EM COIMBRA1

 

Quem entra em Coimbra depara-se com um caos no transito.
Bem podem os cartazes de publicidade, pagos pelo erário público português, dizerem em inglês « Coimbra the right place to visit» que o visitante, independentemente da nacionalidade, vai levar a experiência de andar às voltas entre obras em vários pontos ao mesmo tempo.

Esta experiência é resultado da decisão do executivo da Câmara de Coimbra dando acordo para a simultaneidade de várias intervenções sem que haja a obrigatoriedade de resolver alguns pontos de obra antes de dar autorização a outros.

A decisão, por parte do executivo da Câmara de Coimbra, para aproveitar a oportunidade para instalar outras infraestruturas estão a atrasar todos os pontos das obras e a provocar um sentimento de rejeição por muitos munícipes e visitantes de Coimbra, a que não é alheio o desnecessário abate de muitas árvores, que deveria ter sido devidamente estudado para ser evitado.

Logo um certo acumular de erros que continua a prejudicar todos os que vivem e que visitam o concelho que se deseja com mais habitantes.

O projeto da Metro Mondego (MM) começou com a meta de fazer a ligação de Coimbra a Lousã. Sendo o transporte que substituiria a linha de comboio para a ligação de outros Concelhos vizinhos a Coimbra. A ideia inicial era tornar o Distrito de Coimbra mais próximo de Coimbra pela facilidade de transporte.

Depois de imensos estudos; de alguns escândalos de desvio de dinheiro e de apropriação de linhas férreas o projeto começou a centrar as linhas do Metro pela cidade.

Mudou-se para um sistema de Metro autocarro, pomposamente chamado de “Metro Bus” e alargaram-se linhas para circuitos já servidos pelos Serviços Municipais de Transportes Urbanos de Coimbra (SMTUC).

A realidade é que nem os SMTUC se adaptaram ao Metro nem o Metro se adaptou aos SMTUC. Há, por isso um risco dos dois sistemas, que deveriam ser pensados de forma integrada, acabarem a concorrer e a sobrepor-se o que não ajuda o Concelho de Coimbra.

O Município de Coimbra está a desenvolver estudos técnicos para articular a rede dos SMTUC, quer com o metro quer com a nova rede de transportes interurbanos que a CIM pôs recentemente a concurso, mas pouco se sabe sobre o que está a ser pensado nem há discussões que permitam envolver os munícipes na decisão.

Talvez ainda pior é que, também, nada se sabe sobre a evolução prevista da rede do MM no futuro, para lá de naturais declarações avulsas de autarcas a reivindicar a extensão deste ao seu concelho - o que deveria ser prioridade inicial desde os primeiros projetos da Metro Mondego.

Uma rede de um atual MetroBus bem pensada e devidamente articulada, com uma radical alteração da rede dos SMTUC (em termos de uma boa gestão de linhas e horários devidamente pensados em conjunto com os motoristas), pode melhorar significativamente a mobilidade em Coimbra.

Desde que o objetivo seja a devolução de muitas áreas da cidade às pessoas, retirando automóveis particulares sobretudo das zonas históricas da cidade. Podendo ainda permitir uma maior sustentabilidade dos SMTUC, com a melhor gestão dos parques de estacionamento periféricos e introduzindo eficiências que numa rede feita de remendos a partir das linhas de elétricos do séc. XIX e que hoje têm como consequência um grande peso no orçamento municipal.

Bem como os gastos de estudos, obras duplicadas ou triplicadas, que desviam os fundos municipais para o que realmente é necessário ao Concelho de Coimbra.

AF