IRMANDADE DOS SILVA

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Enquanto o Presidente da República não fala com o filho sobre o caso das gémeas. Criando alguma estranheza o facto do pai não falar com o filho há muito tempo. Em Coimbra o presidente da Câmara é muito mais caloroso e rápido a financiar (com dinheiros públicos) instituições onde, por acaso, o irmão tem lugares de chefia.

Claro que é uma coincidência o irmão do presidente da Câmara de Coimbra estar nessas duas instituições. A ponto de em Coimbra já se falar da “irmandade dos Silva” como uma alegada organização com critérios próprios de apoios ou de ostracização com base nos fundos da Câmara.

Um dos apoios fortes, dado pela CMC, é para a APBRA. Claro que, alegadamente, é coincidência o facto indesmentível do irmão do presidente da CMC ser fundador da Associação Portugal Brasil 200 Anos (a tal APBRA) criada posteriormente a José Manuel Silva ter tomado posse como presidente da CMC. O que é estranho considerando que não há verbas, nem políticas, para reduzir as pessoas sem abrigo em Coimbra. Pois está referenciada com aumento de 77% de pessoas sem abrigo considerando o ano de tomada de posse do executivo - em 2022. O aumento de 77% de pessoas sem abrigo não é coisa pouca e apesar do presidente garantir que há verbas para resolver o problema a verdade é que é lenta ou não há política suficiente perante o aumento de pessoas em estado muito frágil!

Porém há quem tenha mais sorte (com mais rapidez) nos apoios municipais. Para os que dizem que nós só dizemos mal vejam o site para conferirem a verdade do que relatamos a partir da deliberação da própria CMC (link: https://www.cm-coimbra.pt/wp-content/uploads/2023/10/1002.pdf) )

Podemos ler: «O Senhor Presidente referiu que se iria ausentar do debate e da respetiva votação deste ponto da Ordem do Dia, delegando do Senhor Vice-Presidente a condução dos trabalhos.» Se a proposta é tão transparente e honesta de que tem receio o senhor presidente, José Manuel Silva, para entender ausentar-se? Estranho.

Continuando o documento sobre o apoio à APBRA: «No entanto, assinalou que se congratula pelo facto de o seu irmão ser Presidente do Instituto Pedro Nunes (IPN) e pelo facto de nunca ninguém ter posto em causa o apoio da Câmara Municipal a esse instituto, (...)» por sugestão do presidente da Câmara de Coimbra, vamos questionar o apoio de 85 mil euros, o mesmo valor atribuído em 2023, ao IPN - pois é uma instituição que deveria apresentar as suas contas. Ora cada empresa colocada no IPN paga e muito por estar colocada no IPN; o IPN tem apoios europeus :umas feitas pela empresas no IPN outras pela própria direção do IPN; para além do natural apoio da Universidade de Coimbra - é mesmo necessário o apoio de 85 mil euros?

Mais adiante o documento continua: «Por outro lado, o Senhor Presidente corrigiu uma notícia que, por distração, saiu incorreta na comunicação social, solicitando que essa notícia fosse corrigida porque pode induzir as pessoas em erro. Desta forma, afirmou que a Câmara Municipal não irá transferir nenhuma verba para a Associação Portugal Brasil 200 Anos (APBRA), tal como consta da nota de imprensa que foi distribuída à comunicação social, propondo-se a Câmara Municipal a financiar a atividade cultural na eventual futura Casa da Cidadania da Língua se, por ventura, a Câmara Municipal decidir aprovar este protocolo, sendo a Câmara Municipal a desenvolver todos os procedimentos, não fazendo qualquer transferência para a APBRA, ao contrário do que saiu na comunicação social.» O que é interessante dado que apesar de a votação sobre o acordo ter sido realizada numa segunda-feira (2 de Outubro de 2023), os vereadores receberam uma semana antes da reunião um convite, por parte do Gabinete de Protocolo da Câmara de Coimbra, para a inauguração da Casa da Cidadania da Língua, a que a agência Lusa teve acesso.

Ou seja antes de votação o nome, “Casa da Cidadania da Língua” já estava garantido o que prova a forma como o presidente da Câmara de Coimbra vê a “democracia” com uma absoluta certeza do resultado da votação. O que é no mínimo estranho esta certeza de votação - ou então os Vereadores estão todos em “sintonia”.

Esta “sintonia” está provada no que aconteceu na votação, para a aprovação do protocolo, o vice-presidente do município, Francisco Veiga, teve de manifestar o voto de qualidade, face aos cinco votos contra do PS e da CDU, contra os também cinco votos favoráveis da coligação Juntos Somos Coimbra.

O que é interessante perceber que mesmo que o presidente, José Manuel Silva, ter saído da sala onde se votava mais um protocolo com uma instituição, também, liderada pelo irmão o vice presidente usa o voto de qualidade para desempatar.
É bonito este uso particular da Democracia.

Ora o protocolo determina que a APBRA, presidida por José Manuel Diogo e pelo fundador Gabriel Silva (irmão do presidente da CMC), passa a programar aquele espaço, com o município a suportar até 75 mil euros das despesas anuais no funcionamento da Casa, sem transferência de verba direta, mas usado pela associação. A verba não ser passada diretamente para a APBRA (já com o IPN os 85 mil euros anuais passa diretamente), mas são pagas todas as despesas da APBRA - o que no final vai dar ao mesmo.

Aquilo que alguns conimbricenses já chamam de “Irmandade dos Silvas” é relativo a alguns apoios diretos ou indiretos que levantam dúvidas pela proximidade familiar entre o presidente da Câmara e o responsável pelos dois organismos, IPN e APBRA, de Coimbra. A rapidez com se decide o apoio e até as manobras (como foi o voto de qualidade do vice presidente da CMC e o “adivinhar” do resultado da votação) demonstram que não há transparência e que levanta dúvidas sobre a honestidade destes apoios - a bem do escrutínio público.

Outra situação que demonstra uma alegada deturpação à Democracia está também plasmada nessa delibração da Câmara (link acima) e onde podemos ler:
«O Senhor Presidente, relativamente às promessas eleitorais e aos compromissos assumidos antes das eleições transparentemente e honestamente que eram para oito anos (pois ninguém muda tudo em quatro anos, particularmente entre quadros comunitários) (...)» o que é um “desvio argumentativo” para tentar explicar a razão por não cumprir o que prometeu para 4 anos. Dirá sempre que necessita de mais anos do que a Democracia prevê - isto é falacioso considerando o que prevê a Democracia Portuguesa.

O governo, autárquico ou nacional, deve cumprir promessas durante o estipulado pela Democracia que são 4 anos e não 8 ou 12 anos - o que coloca o argumento do presidente da Câmara, José Manuel Silva, como pouco transparente e que faz questionar a honestidade das declarações (possivelmente por erro de interpretação do senhor presidente que imaginará que o poder é de 8 anos em vez dos 4 estipulados pela Lei).

Estas “falhas” trazem graves consequências para Coimbra.

Vale a pena pensarmos nisto

FG