FALTA DE POLÍTICA SOCIAL EM COIMBRA?

FALTA DE POLITICA SOCIAL EM COIMBRA1

 

Em Portugal há um evidente aumento do número de pessoas sem-abrigo. No caso de Lisboa aumentou 25%. Há mais de 530 pessoas a viver na rua só na cidade de Lisboa. Em Coimbra aumentou desde 2022 até 2023 cerca de 70% conforme anunciou o jornal As Beiras na terça feira passada (30 de Abril de 2024).

Se em Lisboa há 530 pessoas a viver na rua, já em Coimbra há 272 de pessoas sem-abrigo, também, apenas com contas da cidade. Considerando que a população estimada a viver em Lisboa é de 548.703 habitantes em 2022 dentro dos seus limites administrativos. Em Coimbra a população estimada é de 140.796 habitantes, cerca de um quarto da população comparada com a de Lisboa. Mas tem um número de pessoas sem abrigo de mais de metade do que se encontram em Lisboa. O que prova que em Coimbra há um erro muito grave a ser corrigido.

Voltando aos dados do relatório municipal relativo a 2023, revelado esta semana em reunião camarária e considerando as duas categorias (definidas por lei) de pessoas sem-abrigo, 103 são “sem teto” e 169 “sem casa”, ou seja, neste último caso, pernoitam em alojamentos temporários. Dos cidadãos sinalizados nestas condições, 82% são homens.
Em geral, “possuem baixa escolaridade e os seus rendimentos, na grande maioria, são provenientes de prestações sociais, sobretudo o RSI”, explicou a vereadora Ana Cortez Vaz.

Vereadora que em 2022 declarou, também em reunião de Câmara, que “em Coimbra, só dorme na rua quem quer”. É natural considerar-se que talvez a desvalorização da Vereadora sobre este problema social esteja na base do aumento de pessoas sem abrigo em Coimbra.

Nesta reunião passada esta semana a Vereadora dava como dados que “Em Dezembro, e atualmente, que tenhamos conhecimento, não há nem havia nenhum sem-abrigo menor de idade”, referiu a responsável.

Um outro dado importante é que maioritariamente, tratam-se de cidadãos portugueses: cerca de 91%, registando-se casos de ausência de suporte familiar, dependência de álcool e/ou drogas, saúde mental, desemprego ou precariedade no trabalho e desinstitucionalização, sem garantia de alojamento e de medidas de integração. O que agrava a expressão da Vereadora pouco tempo de tomar posse.

A realidade é que comparando os anos de 2022 e 2023, verifica-se, nas palavras da responsável: “um ligeiro aumento no número de pessoas sem teto e sem casa, que poderá ser justificado pela inexistência ou insuficiente oferta habitacional e pelo valor muito elevado das rendas”. Na comparação do que acontece em Lisboa e do que acontece em Coimbra não é correto dizer-se que há “ um ligeiro aumento no número de pessoas sem teto e sem casa”. A situação é grave e está a aumentar muito. Perante este facto incontornável, o presidente da autarquia referiu que “a câmara e as instituições disponibilizam os seus meios e recursos humanos, há financiamento suficiente, mas não podemos obrigar pessoas que têm situações pessoais muito complexas”. Talvez não! Mas será que há políticas adequadas para combater este problema social que aumenta em relação à capital proporcionalmente?

Vale a pena reconsiderarem a falta de política social eficiente. É que a consequência para a cidade de Coimbra é muito grande e grave.

JAG