Racista?

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No dia 18 de Fevereiro, numa palestra online da Universidade de Massachusetts, Dartmouth,  foi proposta a seguinte reflexão: “Os Maias”, o clássico de Eça de Queiroz, é uma obra racista. “Is Eça de Queiroz The Maias (1888) a racist novel?” Foi precisamente este o título desta sessão pública apresentada pela doutoranda cabo-verdiana Vanusa Vera-Cruz Lima, na plataforma Zoom.

Lançada a pergunta, a doutoranda concluiu que a obra é um produto do racismo estrutural que existiu, e continua a existir, na sociedade portuguesa.

Com base em quê, perguntam os leitores destes rabiscos que por aqui vou escrevendo?

Porque, nos Maias:

    1. há uma personagem que tem "crises de melancolia negra";

    2. porque a Maria Monforte, que "tem os olhos azuis, quando se zanga, fica com os olhos negros de cólera";

    3. porque existe, no Ramalhete, "uma escada escura e feia" e "quartos alegres forrados a papéis claros" .

A dicotomia luz - sombra, noite - dia para esta senhora não existe. As próprias 24 horas do dia devem sofrer de racismo estrutural, pois o Mundo vai passando sucessivamente pela noite e pelo dia, sem se deter na primeira. Então, no verão do hemisfério norte, com os dias maiores do que as noites, o racismo estrutural ainda é mais acentuado (o mesmo para o hemisfério sul no nosso inverno).

Daqui se pode deduzir que todos os cientistas que estudam estes fenómenos são racistas, uma vez que nunca denunciaram este racismo sistémico do nosso planeta.

Algumas questões:

    1. Será que a senhora doutoranda alguma vez leu "Uma campanha alegre"?

    2. Por que será que os conterrâneos da doutoranda que emigram para Portugal preferem o racismo estrutural deste país aos amanhãs que cantam do seu?

    3. Por que foi feita esta comunicação numa Universidade do país que esta nova intelectualidade classifica como sendo o país mais racista do mundo?

    4. Por que motivos nunca vejo esta gente preocupada com outras expressões como "judiar de alguém", "fazer judiarias" ou "és pior do que um judeu"?

    5. Será este racismo, de que esta nova intectualidade fala, seletivo?

    6. Será que nunca mais vou poder pedir aos meus alunos que reparem no contraste entre zonas escuras e iluminadas duma pintura barroca?

    7. Será...

Reconheço que começo a ter falta de pachorra para esta gente que, com estas ideias e com a vontade que tem de silenciar todos os outros, só gera reações de sinal contrário, com tudo o que isso pode implicar.

Quanto ao Eça, coitado, muitas voltas deve estar a dar na campa.

Ai as Farpas que ele dedicaria a estas pessoas!

António Franco