PORTUGAL... O DEZ DE JUNHO... E AS COMUNIDADES PORTUGUESAS…

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A descolonização das ex-Províncias Ultramarinas (e não colónias - porque não somos ingleses nem francesas- como muita gente confunde) foi mal negociada, foi um autêntico desastre, não se garantiram a segurança e direitos aos residentes e o que aconteceu após a entrega foi uma indignidade para o povo português e para os movimentos de libertação, que não se entendiam porque lhes faltava coesão Nacional, no caso da Guiné e Cabo Verde que queriam um período de autodeterminação e depois independência e eram muitas as tribos (interferências e interesses em jogo etc., etc.)… O êxodo de milhares e milhares de retornados, alguns já com 4 gerações de África...

Questiono-me, se perante o momento conturbado que atravessava o País, se seria possível fazer melhor. A culpa do que aconteceu, terá sido de quem negociou, ou de quem não soube atempadamente ir preparando os naturais destas províncias para a autodeterminação, deviam ter acordado mais cedo, dando um rumo diferente à política ultramarina. Já havia muitos exemplos de descolonizações! Sabemos a aceleração com que foi feita a saída das nossas tropas, deixando ao Deus dará o destino das Novas Nações, que seguiram um rumo desastroso que descambou num caos, que foi aproveitado para vinganças vis, que provocaram o derrame de muito sangue, mas nunca saberemos o que aconteceria se fosse feita doutra maneira! Após o 25 de Abril, era dificílimo a Portugal manter-se nas ex-províncias, o desinteresse era geral, e aos Novos Países faltava-lhes formação governativa. Era complicadíssimo continuar a enviar tropas em massa e desmotivadas para o ultramar! E o que poderia acontecer? Quem estava na disposição de continuar a ir? Quem dos que estavam no ultramar não estavam desejosos e impacientes para regressar ontem? Como reagiriam os movimentos de libertação? Quem estava disponível para permanecer lá, ou ir policiar? Há muitas interrogações e dúvidas… mas são sempre os imbróglios provocados pelos horrores da guerra que conduzem a estes embaraços, a guerra é perpetuamente uma destruição do espírito humano, mas infelizmente tem muitos apologistas que por ela nutrem paixão, e que astutamente conseguem argumentar e convencer os incautos, das reais “virtudes e necessidades” que a guerra comporta… a culpa nunca querer morrer solteira. A Portugal faltou um estadista para orientar os destinos da Nação, já tínhamos muitas fontes onde nos podíamos rever e inspirar, para poder dar um rumo diferente com mais dignidade e mais ordem. 

 

António Olayo